Esses dias, rolando o feed do instagram quase que no modo automático, me deparei com um post da Avril Lavigne comemorando os 15 anos (!!!) do Under My Skin. Ver aquilo aqueceu meu coração, trouxe um bocado de memórias da pré-adolescência, e claro, me levou diretamente ao Spotify para matar as saudades do álbum (gostaria de ter dito que tirei da estante, mas foi tão mais prático o método online). E putz, como continua bom! Tá…o apego emocional precisa ser levado em consideração, mas é interessante olhar para trás e reparar como o disco marcou uma geração específica.
No início dos anos 2000, as mulheres do pop estavam em alta —tinha muita coisa boa, inclusive!— e a cantora canadense se destacava por nadar um pouco contra a corrente: cantava um pop/rock alternativo com aquele estilo desleixado, escrevia suas próprias canções e transbordava rebeldia, ou pelo menos o que ela achava que era rebeldia. A figura da Avril era de fato diferente do que estava nas paradas de sucesso e isso acabou agradando tanto quem procurava ouvir uma voz feminina fora daquele pop comercial mais girly ou dançante, quanto quem amava esse tipo de música, mas também buscava por mais.

O Let Go, seu álbum de estreia, teve um sucesso estrondoso em 2002, e todo mundo estava curioso pra descobrir se a cantora ia ser mais uma dessas presas apenas na ascensão repentina do primeiro trabalho ou se conseguiria construir uma carreira consolidada. Não imagino como deve ter sido a pressão, mas a resposta veio dois anos depois com o Under My Skin. É, ela conseguiu, e o álbum não demorou para virar o queridinho entre os fãs.
Os singles principais escolhidos para colher os frutos dessa era foram “Don’t Tell Me”, “My Happy Ending” e “Nobody’s Home”. Os dois primeiros, baladinhas românticas que eram a cara das rádios e seguem a mesma linha do material do Let Go. Já “Nobody’s Home”, traduz mais o conceito do Under My Skin do que as outras. A letra, que conta a história de uma garota perdida, triste, que se sente rejeitada, realça um lado maduro da Avril compositora e ela faz questão de expor toda essa vulnerabilidade no clipe da música. Ainda que eu já admirasse seu trabalho, foi lá que eu consegui ver mais verdade e entender o que ela representava. Analisando agora, acredito que foi o melhor single desse início de estrada da canadense.
O Under My Skin, apesar de não ser sinônimo de ousadia e ter suas similaridades com o Let Go, tem uma vertente melancólica e parece ser genuinamente sincero. As letras vão além das questões amorosas e representa a saída da adolescência para enfrentar a assustadora vida adulta. “Slipped Away” é uma carta de despedida a seu avô que tinha falecido (achava essa música tão bad vibes, que mal ouvia na época), já “How Does It Feel”, assim como “Nobody’s Home”, é sobre se sentir pequena e impotente dentro de um mundo devastador. Uma das minhas preferidas é “Fall to Pieces” e ouvir a artista cantar “I just wanna cry in front of you and I don’t wanna talk about it cause I’m in love with you” é um clichê romântico que ainda funciona bastante comigo.
Assim como sua tradução literal “debaixo da minha pele”, o Under My Skin apresenta o mais pessoal da Avril Lavigne refletido em 12 canções. Talvez seja por isso que ela conquistou tantos fãs nessa fase, e manteve os que já estavam ali desde o começo, que puderam conhece-la para além da garota de gravatinha e all-star de “Complicated”.