Quais foram os melhores álbuns lançados em maio?
A nossa lista com alguns dos destaques do mês que acabou está no ar com quase quarenta trabalhos nacionais e internacionais que resumem como foi bem produtivo o quinto mês do ano. Como de costume, cada registro recebe uma mini-resenha visando explicar os motivos que os credenciam para essa seleção.
Dos álbuns incríveis da Jamila Woods e da Mavis Staples ao melhor álbum da carreira do Tyler, The Creator (até então), passando por Alice Caymmi, Boogarins, The National, a volta do Rammstein após dez anos e o Bad Religion igual vinho, você confere abaixo a nossa lista com os 39 álbuns lançados em maio que você deveria ouvir.
É só dar play e ser feliz!
# ELECTRA, da Alice Caymmi
Após apostar em uma sonoridade mais pop, Alice Caymmi resolveu se voltar para as tradições da música brasileira em seu novo álbum, ELECTRA. Traçando um paralelo com o peso carregado por conta de seu imponente sobrenome, Alice aposta um conjunto voz e piano para dar a sua cara em canções que fazem parte do repertório de artistas como Tim Maia, Fagner, Maysa e Tom Zé, mas fugindo da obviedade desde a seleção das músicas até o seu resultado final. Alice segue mostrando ano após ano que a sua produção de mel vai muito bem e rendendo produtos de boa qualidade. [JP]
# Tarântula, d’As Bahias e a Cozinha Mineira
Na década de 1980, ainda no período de Ditadura Militar, a polícia de São Paulo colocou em prática a Operação Tarântula que consistia em retirar todas às travestis da cidade com a desculpa de “livrar o local da HIV”. Três décadas depois, o trio As Bahias e a Cozinha Mineira relembra esse ato vergonhoso em seu terceiro álbum de estúdio. Com dez faixas, Tarântula fala sobre resistência, política, dores e também sobre o amor, tudo isso embalado por uma bela diversidade de melodias. Vale a pena ouvir faixas como “Carne Dos Meus Versos” e “Volta”. [JP]
# Symptoms, da Ashley Tisdale
Mais madura do que em seus álbuns antecessores, Symptoms traz sonoridade coesa do início ao fim. Ou seja, não viaja por varias sonoridades, não possui fillers e tampouco uma boa farofa com objetivo de tentar emplacar um hit (o que é bom, pois geralmente essas tentativas acabam fracassando). Sua voz, entretanto, é a mesma do High school Musical. Nenhuma música é surpreendente, mas não é um trabalho ruim. [YC]
# Age of Unreason, do Bad Religion
Aquela máxima do “quanto mais velho melhor” cabe bem no Bad Religion. Com trinta anos de serviços prestados à boa música, a banda norte-americana de punk rock lançou em maio o seu décimo sétimo álbum, Age of Unreason. Com catorze faixas e pouco mais de trinta minutos, a banda não foge da polêmica e fala de temas atuais como as questões políticas ou a falência moral da nossa sociedade com letras afiadas e diretas. “My Sanity”, “Do The Paranoid Style” e “End Of History” são bons exemplos de como o Bad Religion ainda é muito relevante, sobretudo nos dias atuais. [JP]
# U.F.O.F., do Big Thief
Um álbum bonito é um álbum bonito e o terceiro registro de estúdio dos norte-americanos do Big Thief é tudo isso e muito mais. Com um indie folk refinado, U.F.O.F. deixa claro que é impossível não se apaixonar pela voz de Adrianne Lenker, que chega envolvida em um conjunto de melodias extremamente cativantes. Em constante evolução, o Big Thief entrega o seu melhor álbum até hoje e mostra que ainda tem muito para oferecer. [JP]
# Sombrou Dúvida, do Boogarins
Quarto álbum do grupo goiano, Sombrou Dúvida apresenta uma dualidade: se distancia de seu antecessor Lá Vem a Morte (2017) e se aproxima do álbum Manual (2015), para a alegria daqueles que tem o segundo álbum de estúdio como o favorito. Apresenta características tipicamente brasileiras que há muito não estavam presentes nas canções, como a viola em “Dislexia ou Transe”. Dinho (nosso querido vocalista e letrista) é conhecido por suas letras enigmáticas. Em Sombrou Dúvida as mensagens são mais diretas, ainda que mais repetitivas em seus versos e mais difíceis de se captar sonoramente logo na primeira execução. É um álbum de camadas, labiríntico, sufocante, cheio de questões que começam nas composições e se estendem até ao “eu não entendi nada nessa parte!” do ouvinte. E pra quem gosta de Carne Doce, vai se surpreender ao ouvir o refrão de “Invenção”. [BS]
# Morri de Raiva, da Brvnks
O tão aguardado álbum de estreia da goiana Bruna Guimarães foi lançado há apenas três dias e já passou dos 100 mil plays no Spotify. O disco agradou os fãs e não frustrou nenhuma expectativa, apesar de eu achar que teria mais músicas inéditas. Há novas versões para “Don’t” (minha preferida desde que conheci o trabalho da Bruna, falando de amor de forma raivosa, visceral e amarga, que é o que a gente sente de verdade quando rola uma desilusão, sem firula), “Yas Queen” (que antes se chamava “Laura”), “Freedom Is Just A Name For What I Want You To Be”, “I Hate All Of You”, “Your Mom Goes To College” (que antes se chamava “Grey Eyes”) e “Snacks” (que antes se chamava “Lanches” e intitulava o EP de estreia). Inéditas mesmo são apenas quatro (“Tristinha”, “Fred”, uma linda homenagem a um grande amigo que se foi muito cedo, “Tired” e “I Am My Own Man”), mas das novas versões a maioria só tinha aparecido ao vivo em shows e no Estúdio Showlivre, então valeu o registro. O disco inteiro tem uma produção mais bacana que as gravações anteriores e dá para entender por que Bruna quis regravar duas músicas do seu primeiro EP para que ficassem finalmente do jeito que ela sempre sonhou. É um som mais profissional, mais equilibrado e polido, sem deixar de lado as distorções e o peso, apenas soando melhor. Algumas letras e arranjos também sofreram alterações, além das novas mixagem e masterização e a inclusão de mais elementos, seja um riff de guitarra, seja um tecladinho, um synth, um efeito. Todo esse cuidado deixou as músicas mais ricas e também fez com que o álbum demorasse para sair, rendendo muita cobrança dos fãs, mas a espera valeu a pena. Ah, pra quem AINDA tem dúvida, se pronuncia “brunques”. E não se deixe enganar pelo título – por enquanto, nenhuma música tem letra em português, só o nome mesmo (tanto o do disco em si quanto o da faixa “Tristinha”). Depois de tocar em um monte de festivais, incluindo o gigante Lollapalooza, e assinar com uma gravadora major, a Sony, Bruna não precisa mais provar nada pra ninguém, mas eu ainda espero grandes feitos dela. É tão bom ver uma mulher no palco que não apenas canta, mas também compõe todas as músicas, toca guitarra e faz rock alternativo, além de liderar sua banda. É revigorante, é necessário, é lindo. E a cada ano que passa ela só melhora. [BM]
# Dedicated, da Carly Rae Jepsen
Carly Rae Jepsen tinha uma missão complicada nas mãos: como evoluir musicalmente e resistir a tentação de repetir a fórmula de sucesso representada pelo Emotion (2015)? Pois bem, a canadense trabalhou com calma em tudo isso e, quatro anos depois, chega com Dedicated, um registro cada vez mais mergulhado no synthpop oitentista. Ainda que não tenha um grande hit como o anterior, o novo álbum de Carly funciona melhor pelo conjunto da obra, pronto para te fazer dançar ao longo de suas quinze faixas que falam de diversos aspectos das relações humanas. Mesmo que não repita o mesmo sucesso de seu antecessor, Dedicated mostra Carly Rae Jepsen em sua melhor forma e, no fim das contas, isso é o que vale mais… pelo menos pra mim. [JP]
# Reward, da Cate Le Bon
Várias resenhas apontam o quinto registro de estúdio da galesa Cate Le Bon como uma verdadeira obra-prima e um exemplo de como a música pode ser refinada e extremamente acessível. Eu diria que Reward representa o melhor da carreira dessa artista que segue evoluindo e entregando músicas consistentes, belas e muito bem produzidas. É uma recompensa por todo o seu esforço ao longo dos últimos doze anos e, como de costume no caso dela, um agrado aos nossos ouvidos. [JP]
# Young Enough, do Charly Bliss
O quarteto norte-americano Charly Bliss lançou em maio o seu segundo trabalho de estúdio. Young Enough é ainda mais interessante que Guppy (2017), com a banda mostrando camadas em sua sonoridade que ainda não tinham sido exploradas por Eva Hendricks (vocal e guitarra) e companhia . Mais próximo do pop, a novidade produzida por Joe Chiccarelli talvez não te pegue de primeira, mas coloca a banda em um outro patamar e, por isso, merece todos os elogios. [JP]
# Manual de Sobrevivência Para Dias Mortos, do China
Cinco anos após Telemática, o pernambucano China está de volta com o seu quarto álbum de estúdio. Manual de Sobrevivência Para Dias Mortos fala sobre o cotidiano brasileiro e o atual cenário político e é responsável pela volta do músico às suas raízes musicais, marcados pela mistura de guitarras com ritmos como o baião, o frevo e, claro, o mangue beat. Para deixar mais evidente essa mescla, um seleto time de convidados especiais: Bell Puã, em “Moinhos de Tempo”; Uyara Torrente (A Banda Mais Bonita da Cidade), em “Pó de Estrela”; Natália Matos, em “Mareação”; Neilton (Devotos), em “Fascismo Tupinambá”; além de Andreas Kisser, do Sepultura, que aparece em “Frevo e Fúria”. [JP]
# Beauty Marks, da Ciara
Beauty Marks é uma nova conquista para Ciara. Este é o primeiro álbum lançado por sua gravadora independente, que, brega ou não, tem o mesmo nome do álbum. O LP, no entanto, não traz uma sonoridade impactante como os trabalhos anteriores, Ciara (2013) e Jackie (2015). Porém, “Level Up” e “Thinkin Bout You” foram ótimas escolhas para os primeiros singles, pois são as melhores faixas do álbum. Nem mesmo o feat com Kelly Rowland em “Girl Gang” ou com Macklemore em “I Love Myself” surpreendem. Next.
# Psicodelic, do Coruja Bc1
Muitas coisas aconteceram na vida de Gustavo Vinícius desde o lançamento de No Dia dos Nossos (2017), seu primeiro álbum de estúdio. Coruja BC1 voltou a ser um rapper independente, lidou com depressão e, no meio de todo esse cenário, nasceu Psicodelic. O álbum mostra o quanto o artista pode ser versátil em suas criações, sendo necessariamente um registro de rap, mas também de trap, que flerta com o samba e tudo isso sem perder qualquer pingo de identidade. Com convidados como Djonga (“Gu$tavo$”), Zudizilla (em “Um Acorde”), Késia Estácio (“Camisa 12”) e Diomedes Chinaski (“Ogun”), entre outros, Coruja BC1 crava seu nome no time dos bons representantes do rap nacional e com todos os méritos. [JP]
# Ponto Cego, do Dead Fish
Com 14 músicas inéditas e cheias de raiva, o Dead Fish voltou pesado – tanto no som quanto na mensagem. No atual momento social e político do Brasil, é a banda que mais se posiciona e que mais faz música de protesto. Além deles, só consigo pensar em bandas punks formadas por mulheres, como Charlotte Matou Um Cara, Sapataria, Lili Carabina e Ratas Rabiosas. O HC brasileiro, salvo raras exceções, infelizmente anda sentado em cima do muro igual o Humpty Dumpty (e uma hora também vai cair e quebrar, que nem o ovo da cantiga inglesa), ou fala apenas de dramas pessoais e mensagens de autoajuda um tanto ripongas sem se lembrar que o contexto em que vivemos influencia diretamente na forma como nos sentimos e nos problemas que temos. Tudo é política. Só que o Dead Fish sempre foi assim, então fica difícil entender como alguns “fãs” não tenham até agora sacado as letras da banda, que já tem mais de 25 anos e nunca mudou de postura. Pelo contrário, tem discursos em todo show, bandeiras de causas sociais como o MST e arco-íris LGBTQ no palco. A galera que anda criticando o novo disco e só curte o instrumental, infelizmente, acaba representando boa parte da sociedade brasileira com baixa escolaridade e dificuldade de interpretar texto. Aparentemente, tem gente que pensa que “Você” é uma música sobre amor. Haja deturpação. Mas, voltando ao álbum, o som mantém o clássico do hardcore, rápido, pesado, intenso e enérgico, que te dá vontade de sair pulando pela casa. A produção é impecável e os vocais de Rodrigo são um alento para qualquer pessoa que se sinta incomodada com o que anda acontecendo, tornando as músicas uma trilha sonora para a resistência, que ajudam a lidar com tanta indignação e revolta. Os fãs já apontaram que, em todas as faixas, em algum momento da letra temos as palavras “ponto cego”. Claro que não foi à toa. A raiva é justificada, o disco é coerente, muito bem produzido e mostrando que uma banda pode se manter atual e relevante mesmo depois de tanto tempo e em um nicho tão alternativo e cheio de fãs chatos, exigentes, além dos pseudo fãs que nunca vão entender a mensagem e o movimento. Ponto Cego é um retrato do Brasil que não queremos ver, mas que infelizmente existe e está aí, se autodestruindo enquanto tampamos os olhos. [BM]
# ZUU, do Denzel Curry
Denzel Curry segue surpreendendo. Após soltar no ano passado o interessante TA1300, o rapper está de volta com o seu quarto trabalho de estúdio. ZUU é um registro bem produzido, com batidas boas de ouvir e doze músicas capazes de te colocar para dançar, principalmente a parte inicial formada por “ZUU”, “RICKY”, “WISH” – que conta com a participação de Kiddo Marv – e “BIRDZ”, que tem parceria com Rick Ross. Não é um álbum que vai te fazer pensar, mas vai te fazer curtir e isso também vale. [JP]
# Father of Asahd, do DJ Khaled
Father of Asahd é um álbum que já nasce grande ou, pelo menos, tão grande quanto DJ Khaled acredita ser. Com mais convidados do que eu consigo contar nos dedos das mãos e dos pés, o “another one” do norte-americano tem seus pontos positivos e mostra o quanto Khaled vem melhorando em suas produções. Provavelmente, o 11º registro de estúdio é o seu melhor trabalho até hoje, mas é muito fácil se perder no meio de suas quinze faixas. Mesmo somando vozes de Cardi B, Nas, SZA, J Balvin, Post Malone, JAY-Z, Future, Beyoncé, Chance The Rapper ou Justin Bieber, o Coachella em forma de álbum acaba pecando no quesito unidade. No fim das contas, DJ Khaled produziu uma playlist muito boa de músicas inéditas para uma festinha. [JP]
# Rebujo, da Dona Onete
O norte do Brasil é maravilhoso e eu posso provar: Dona Onete lançou em maio o seu terceiro álbum de estúdio. Divertido, festeiro e que coloca em evidência a nossa cultura, Rebujo é a cara do país que a gente ainda ama – por mais que ele viva nos decepcionando. Muito bem produzido por um time formado por Pio Lobato, JP Cavalcante, Geraldinho Magalhães, Vovô Batera e Assis Figueiredo, Rebujo conta ainda com a participação de BNegão na adorável “Musa da Babilônia”. E aí, tá pronto para dançar no balanço do açaí? [JP]
# Tenderness, do Duff McKagan
Enquanto o Guns N’ Roses ainda se decide sobre um novo álbum, o baixista Duff McKagan resolveu levar adiante a sua carreira paralela. Dessa vez, a sua escolha não foi o Loaded ou o Walking Papers, mas um álbum solo que já surpreende logo de cara. Com onze faixas, Tenderness mostra um outro lado de Duff, que entrega um álbum de country rock com elementos gospel, violinos e letras que falam sobre o avanço das drogas nos EUA, tiroteios nas escolas, agressões sexuais, abuso doméstico e falta de moradia. Ainda que tenha umas escorregadas, McKagan entrega um álbum bem direto e consciente, mostrando que soube aproveitar de uma forma melhor o seu tempo livre. [JP]
# Atlanta Millionaires Club, da Faye Webster
Conheci o trabalho fotográfico da Faye Webster no ano passado e, no começo desse ano, tomei um susto ao ver o seu nome em uma lista de álbuns que seriam lançados. Neste momento fui apresentado ao seu lado musical e, semanas depois, ao ouvir o Atlanta Millionaires Club pude comprovar uma coisa: essa norte-americana de 21 anos é muito mais talentosa do que eu acreditava que ela fosse. Em pouco mais de meia hora, Faye te impressiona com o seu folk-pop aliado a letras introspectivas, que mesclam melancolia com pequenas doses de humor. Uma trilha sonora perfeita curar finais de relacionamentos ou embalar a degustação de um bom vinho. [JP]
# Flamagra, do Flying Lotus
Eu costumo dizer que Flying Lotus demanda mais do que só “dar play e ouvir”. O produtor demanda tempo e imersão e, por mais pedante que isso possa parecer, faz todo o sentido quando você se depara com as 27 faixas de seu novo álbum, o sexto trabalho de estúdio do norte-americano. Ainda que essa seja a obra mais “fácil” de Flying Lotus, Flamagra te leva para uma imersão sonora que pode ir da melancolia ao completo caos em apenas uma transição de faixa. Como bem disse a resenha do The Independent, são “67 minutos de genialidade cósmica” e isso nunca fez tanto sentido como agora. [JP]
# Barriers, do Frank Iero and The Future Violents
Lançando o seu terceiro álbum solo, o guitarrista Frank Iero parece ter pegado todos os pontos positivos de seus trabalhos anteriores, aperfeiçoado e colocado num liquidificador com novas referências. O resultado disso é uma batida gostosa chamada Barriers, que tem 14 faixas, excelentes riffs de guitarra e transita entre o punk-rock tradicional e o emo que o fez ficar conhecido mundialmente com o My Chemical Romance. [JP]
# Injury Reserve, do Injury Reserve
Ouvi por acaso uma música chamada “Rap Song Tutorial” que é, como o próprio nome diz, um manual básico para você fazer um rap. Foi por ela que conheci o Injury Reserve e o seu primeiro álbum, que carrega o nome do trio formado pelos rappers Stepa J. Groggs e Ritchie With a T, além do produtor Parker Corey. Com doze faixas, o álbum mescla elementos clássicos do hip hop com diversos experimentalismos, dando vida a uma proposta bem legal de se ouvir. [JP]
# A Fine Mess [EP], do Interpol
Quando lançou o Marauder no ano passado, o Interpol lidou com críticas diversas com relação ao álbum e, principalmente, com o seu futuro. Para onde iria a banda? O que ela teria a oferecer de novo? Meses depois, o trio solta o EP A Fine Mess e é engraçado perceber que as suas faixas caberiam perfeitamente no álbum de 2018 (no lugar de outras), algo que ajudaria a reduzir um pouco das críticas recebidas por ele. As cinco sobras das sessões ao lado do produtor Dave Fridmann não representam nada de inovador para o Interpol, mas mostram que os norte-americanos ainda podem fazer coisas boas – ou só desaprenderam a escolher as faixas finais para um álbum, se você preferir. [JP]
# REMEMBER THE FUTURE, da ionnalee
Desde os tempos de iamamiwhoami que a sueca Jonna Lee, conhecida agora por ionnalee, já se mostrava um nome interessante da cena musical nórdica. Mesclando synth e electro, o segundo álbum de sua nova fase é tão ou até mais interessante que o primeiro. Com onze faixas, REMEMBER THE FUTURE funciona como uma trilha sonora para uma realidade utópica ou distópica, a que você achar mais adequada. Muito bem produzido e alinhado, o álbum parece ainda mais enxuto e direto que o Everyone Afraid to Be Forgotten (2018), o que definitivamente é um ponto positivo para ela. [JP]
# Rente, do Jair Naves
Quatro anos após Trovões a Me Atingir (2015), Jair Naves está de volta com um novo trabalho solo. Cheio de nuances, belas composições e melodias, Rente é mais um capítulo interessante da carreira do músico mineiro. Com doze faixas, o álbum revela uma angústia com as questões político-sociais brasileiras ou as formas como se dão as relações humanas na atualidade. Em meio a essa temática, abordagens sobre a vida e os nossos sentimentos se fazem presentes, resultando em um trabalho capaz de te conquistar. [JP]
# LEGACY! LEGACY!, da Jamila Woods
Quase três anos após Heavn (2016), a norte-americana Jamila Woods lançou o seu aguardado segundo álbum e LEGACY! LEGACY! é direto naquilo que se propõe: uma mulher que sabe usar as palavras como ninguém falando sobre legados, heranças, política e a vivência em comunidade. Em treze faixas, a norte-americana mostra a sua visão sobre essas questões com palavras fortes e carregadas de uma paixão e introspecção cativantes. Tudo isso embalado em um R&B muito bem produzido e que, ainda que a sonoridade seja importante, acaba deixando todo o protagonismo do álbum para as letras. [JP]
# Divinely Uninspired To A Hellish Extent, do Lewis Capaldi
Após dois EPs e um hit número 1 no Reino Unido, Lewis Capaldi abraçou a missão de mostrar que era bem mais do que as faixas “Bruises” e “Someone You Loved”, lançadas em 2017 e no ano passado, respectivamente. Para isso, o escocês de 22 anos liberou em maio o seu primeiro álbum cheio, Divinely Uninspired To A Hellish Extent e, com doze faixas, o registro repete a fórmula de sucesso dos singles: baladas com letras dolorosas, honestas e muito bem produzidas. Nada de novo no mercado, sobretudo no Reino Unido, mas que vale a audição enquanto a Adele está de folga. [JP]
# Here Comes The Cowboy, do Mac DeMarco
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“Finally Alone” é disparadamente a melhor canção do álbum, com ganchos bem encaixados e um refrão em coro que remete a um dos grandes sucessos de Mac, “Salad Days”, mas com o ritmo mais cadenciado que habita Here Comes the Cowboy. Outras faixas que merecem destaque são “Heart to Heart”, uma homenagem à Mac Miller, rapper que faleceu ano passado e era um grande amigo de DeMarco, e “On The Square”, música reflexiva que faz uso de arranjos mais densos de sintetizadores, fugindo da estética minimalista do trabalho. [RS]
# We Get By, da Mavis Staples
Eu poderia resumir o We Get By em apenas uma palavra, mas seria incapaz de escolher apenas um adjetivo que pudesse descrever o que Mavis Staples faz em seu décimo quarto álbum de estúdio. Em mais um belo capítulo de sua carreira, Staples busca empoderar, inspirar e nos fazer refletir sobre a vida atual nos Estados Unidos e que, de certa forma, vale também para várias partes do mundo. Perto de completar 80 anos e dona de uma das vozes mais marcantes do soul, ver a Mavis entregando um trabalho de alto nível é inspirador e só nos faz agradecer pela oportunidade de contemplar tudo o que ela faz e representa. [JP]
# Fever, da Megan Thee Stallion
A gente está tão acostumado a ver apenas homens fazendo rap ostentação que, quando surge uma mulher falando de sexo, festas e poder, a gente ainda se impressiona. Talvez você ainda não tenha ouvido falar de Megan Thee Stallion, mas essa mulher de Houston tá botando a casa abaixo com um flow divertido e bom de se ouvir. Cheio de atitude, Fever não é um álbum que vai te desafiar intelectualmente, mas tem tudo para ser uma boa trilha sonora para a curtição, cumprindo demais o seu papel. [JP]
# Sometimes Is Something, Sometimes It’s Nothing At All, do Passenger
Mantendo a sua média de um álbum por ano, o britânico Michael Rosenberg lançou o seu décimo registro de estúdio com o projeto Passenger. Repetindo a fórmula de boas letras, uma voz marcante e um indie folk bem feito, as dez faixas de Sometimes It’s Something, Sometimes It’s Nothing At All são interessantes e mostram o porque de Passenger ter se tornado uma referência no gênero. Músicas como “Rosie”, “Only Time” e “Helplessly Lost” merecem destaque e justificam o play no álbum pelo menos uma vez, nem que seja só para contribuir com a caridade – 100% dos lucros obtidos com o álbum serão doados pelo britânico. [JP]
# Boat, da Pip Blom
Uma das boas descobertas do ano vem da Holanda. O indie pop com uma pitada de pós-punk da Pip Blom – um quarteto que leva o nome de sua vocalista de 23 anos – é totalmente capaz de te prender e a prova disso é o seu primeiro álbum. Boat conta com riffs gostosos e que ficam na cabeça – algo que parece ter sido uma palavra de ordem para o quarteto – e isso fica claro ao longo de suas dez faixas. Ainda que não seja inovador, Boat é uma das coisas mais legais que ouvi em 2019. Te desafio a não ficar com a contagiante “Daddy Issues” na cabeça. [JP]
# RAMMSTEIN, do Rammstein
Após dez anos em silêncio, o Rammstein voltou em alto e bom som para provocar e fazer o que sabe de melhor. Carregando o seu nome, o sétimo trabalho de estúdio da banda alemã é simplesmente grandioso. Com letras instigantes e melodias agressivas, o Rammstein está cada vez melhor e isso fica provado por faixas como “DEUTSCHLAND”, “AUSLÄNDER” e “WEIT WEG”. Se o próximo passo da banda for tão bom quanto esse, tenho certeza que os fãs aceitarão esperar mais dez anos. [JP]
# Spirit [EP], do Rhye
O projeto de R&B do canadense Mike Milosh lançou em maio o seu novo trabalho – que para alguns é um álbum e para outros um EP – de estúdio. Com oito faixas, Spirit tem como elemento principal o piano e tudo ao longo do EP é construído a partir dele, algo que fica claro pelas faixas instrumentais “Dark” e “Malibu Nights”. Além delas, o destaque fica por conta de “Patience”, que conta com a participação do islandês Ólafur Arnalds, e de “Needed”, composta por Dan Wilson, que você já deve ter ouvido por aí por causa do Semisonic. [JP]
# Future Dust, do The Amazons
Em seu segundo álbum de estúdio, a banda liderada por Matt Thomson mostra que não “veio ao mundo a passeio”. Future Dust é um trabalho bem imponente e que mostra a qualidade da banda. O primeiro single, “Mother”, soa um pouco como alguma canção dos primeiros álbuns do Arctic Monkeys, mas o álbum mostra músicas com acordes bem planejados, com destaque para os elaborados solos de guitarra. É notável a evolução da banda – em todos os sentidos- nesse novo trabalho se compararmos com seu antecessor, o homônimo The Amazons (2017). Future Dust tem tudo para emplacar nas paradas e conquistar novos mercados com mais solidez fora da Europa. Preste atenção especialmente nas canções “Dark Visions”, “Fuzzy Tree” e “Georgia”, faixa que encerra este álbum com maestria. [JS]
# Problems, do The Get Up Kids
Após oito anos sem material inédito, o The Get Up Kids está de volta com Problems, o seu sexto registro de estúdio. Atualmente, a gente aprendeu a ficar com o pé atrás com esses retornos, mas os norte-americanos não fizeram feio. Muito pelo contrário. Em suas doze faixas, o álbum entrega uma mistura interessante de power pop, indie rock e emo, com um instrumental muito bem trabalhado. Destaque para “Satellite” e “Your Ghost Is Gone”, faixas que abrem e fecham o registro. [JP]
# I Am Easy to Find, do The National
Em seu oitavo álbum de estúdio, o The National segue firme com o propósito de se mostrar diferente do que qualquer rótulo no qual tentam enquadrar o quinteto. I Am Easy to Find serve como uma celebração pelos vinte anos de banda, mas também mostra que os norte-americanos estão prontos para novos passos. Ao lado do produtor Mike Mills, o The National foge de qualquer fórmula, explora novos caminhos e se reinventa enquanto banda, se preocupando apenas com a beleza de suas músicas e entregando algo para se saborear com a devida atenção. [JP]
# IGOR, do Tyler, The Creator
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Ao abordar os estágios que compõem o inicio e o fim de um relacionamento, Tyler justifica a alcunha de “criador”, mostrando cada vez mais que o seu repertório é extenso. IGOR vai te instigar e fazer você se interessar por novos detalhes dele a cada ouvida, algo que já faz do disco um dos melhores não apenas de 2019, mas dos últimos anos. [RS]
# Father of the Bride, do Vampire Weekend
Leia a nossa resenha completa.
Apesar desse ser o trabalho “mais fraco” do Vampire Weekend, Father of the Bride contém ótimos momentos, e é um álbum honesto de músicos que desde sempre gostam de cantar sobre a vida e as pessoas. Nesse sentido, a capa de FOTB faz jus não só à esse disco, como a todas as obras já lançadas pelo trio nova iorquino; no final das contas, poucos artistas retratam de forma tão brilhante detalhes do nosso mundo quanto eles. [RS]
Não deixe de ver a nossa lista com os nossos álbuns preferidos de janeiro, fevereiro, março e abril, além de dar uma passada em nossa lista com os principais lançamentos previstos para 2019 no mundo da música.
Textos: Bárbara Monteiro, Bárbara Silva, John Pereira, Juliana Suarez, Rahif Souza e Yuri Carvalho