No último sábado (27), rolou um dos shows mais esperados do ano aqui no Brasil, especialmente pra quem é fã de rock dos anos 90: o RIDE, banda de shoegaze, foi o headliner do Balaclava Fest, em São Paulo. O grupo de origem inglesa trouxe o seu repertório de arranjos barulhentos e melancólicos.
Mas afinal, o que é o shoegaze? Assim como toda definição de um estilo musical, fica difícil definir quais são suas fronteiras. A estética sonora das bandas desse gênero geralmente é constituída com um grande número de distorções, linhas de guitarras caóticas, sintetizadores e muita densidade, gerando em alguns momentos pouca compreensão do que está sendo cantado.
Se já é difícil de ser definido e/ou explicado, escutar essas melodias pela primeira vez também pode não ser uma tarefa fácil. É um tipo de som que trabalha muito mais o campo da sensação do que o da compreensão. E é por esse motivo que vou facilitar a sua experiência, listando sete discos que foram importantes para o surgimento e popularização do gênero, fazendo com que você se interesse pelo shoegaze.
# The Jesus And Mary Chain – Psychocandy (1985)
Psychocandy é o “pai” do shoegaze. O álbum foi o precursor de elementos essenciais do estilo, sendo o principal deles os arranjos de guitarra bastante barulhentos. Apesar disso, o disco de estreia do The Jesus and Mary Chain também tem seus momentos com estruturas melódicas mais pop e regulares.
# Cocteau Twins – Heaven or Las Vegas (1990)
Sintetizadores em excesso e uma vocalista que traz consigo momentos entre o belo e o melancólico; assim pode ser definido o clássico Heaven or Las Vegas, da banda escocesa Cocteau Twins. Liderados pela incrível Elisabeth Frasier, o grupo geralmente é mais ligado ao dreampop, mas esse álbum pode também ser considerado uma das grandes influências para o shoegaze, graças às suas camadas sonoras ecoantes.
# Ride – Nowhere (1990)
É um dos primeiros discos de shoegaze propriamente dito. Partindo de uma sonoridade mais próxima do próprio rock, a banda responsável por fechar a última edição do Balaclava Fest proporciona com Nowhere um show de linhas de guitarra agressivas, algo que é comum em nomes mais atuais como o Whirr e o Nothing.
# My Bloody Valentine – Loveless (1991)
Um verdadeiro clássico e o álbum mais importante do gênero. Após o bom, mas inconsistente Isn’t Evertyhing (1988), o My Bloody Valentine entrou em um processo de gravação que durou dois anos; o resultado foi Loveless, disco que é a bíblia do shoegaze. A produção assinada pelo guitarrista e líder da banda Kevin Shields proporciona uma experiência única, sendo uma obra de excessos e de qualidade inegável. Loveless não é apenas um dos maiores trabalhos da década de 90, mas também da história da música.
# Slowdive – Souvlaki (1993)
Depois de Loveless, talvez seja o álbum mais popular dentro da cena do shoegaze. Souvlaki é importantíssimo também para o dreampop, uma vez que ele apresenta elementos sonoros em bandas que hoje também tem grande destaque na cena, como Beach House e M83. Outro fator bastante especial do disco é a participação da lenda Brian Eno, considerado um dos produtores mais criativos de todos os tempos. O Slowdive possui uma discografia incrível, mas Souvlaki é sem dúvida a sua melhor obra.
# Whirr – Pipe Dreams (2012)
O Whirr é um dos herdeiros atuais do shoegaze, explorando arranjos agressivos, sujos e acelerados. Pipe Dreams, álbum de estreia da banda, é interessante pra quem quer conhecer músicos mais novos que fazem esse tipo de som, do qual o Whirr sem dúvida alguma é uma referência.
# Deafheaven – Sunbather (2013)
Passados quase vinte anos desde o lançamento dos primeiros álbuns do gênero, naturalmente acabou surgindo bandas influenciadas pelo estilo, e um desses exemplos é o grupo americano Deafheaven. Eles são um dos pioneiros do blackgaze, subgênero que junta o shoegaze ao black metal e muitas vezes ao post-rock. O mais interessante em Sunbather é o fato do trabalho explorar os elementos de experimentação e ao mesmo tempo se apropriar de vocais mais agudos que não se escondem no instrumental, percorrendo o caminho contrário do que geralmente ocorre no shoegaze. Sendo assim, o trabalho mais aclamado do Deafheaven fecha a lista e é uma boa pedida pra quem quer conhecer o estilo, mas que também gosta de uma sonoridade mais pesada.
Pensou que a gente ia te deixar sem o que ouvir? Criamos uma playlist com cinco faixas de cada um dos álbuns listados aqui para você dar play e se aprofundar um pouco mais no shoegaze. Aproveite e siga o Audiograma no Spotify porque sempre tem conteúdo novo por lá!