15) ye, do Kanye West
É. Não teve jeito. O disco que ninguém queria gostar, depois de todas as declarações completamente errôneas, insultantes e francamente doidas de seu autor, Kanye West, acabou sendo um dos melhores do ano. Um projeto saído de um rancho no estado do Wyoming – de onde também estão saindo outros grandes projetos nesse verão americano -, curto (são apenas sete faixas) e coeso, o disco traz mais uma vez a produção moderna de seus irmãos mais velhos, Yeezus e The Life of Pablo, mas também conquista quem gosta dos samples de soul e as batidas clássicas do Kanye dos anos 2000. A cada dia fica mais difícil separar o artista da obra, mas a cada dia fica também mais irresistível se apaixonar pelas criações que só Mr. West consegue entregar. E fica a questão: até onde Kanye consegue ir em sua loucura sem comprometer sua arte? Por enquanto vamos só aproveitando o que ele tem pra nos oferecer.
14) Joy As An Act Of Resistance, do IDLES
Em seu segundo álbum, o IDLES só tem interesse em provocar o caos. Joy As An Act Of Resistance mostra o grupo britânico ainda mais afiado em suas composições, falando abertamente sobre BREXIT, masculinidade, imigração, ou relações pessoais de forma clara e direta. Tudo isso com uma sonoridade bagunçada e que te leva do espanto a admiração conforme as audições vão se repetindo. É agressivo, inquietante e necessário.
13) Sinto Muito, da Duda Beat
É um álbum pop sentimental em português que você está procurando? A Duda Beat entregou um registro maravilhoso neste ano chamado Sinto Muito. Com onze faixas, o trabalho promove uma saga em torno das relações humanas, seus conflitos e desilusões com as quais todo mundo já lidou pelo menos uma vez. Em sua estreia, Duda não se prende em um único gênero. Ainda que o pop seja o norte do trabalho, a produção transita entre R&B, brega, trap e axé, resultando num trabalho gostoso de ouvir. Íntimo, confessional, com seus momentos tristes e outros românticos, mas pronto para te colocar para dançar e exorcizar qualquer fantasma de relacionamentos anteriores.
12) EVERYTHING IS LOVE, do The Carters
Por quanto tempo ouvimos rumores de um disco colaborativo entre o casal mais importante da música mundial? Depois de ter soltado o verbo sobre isso em uma entrevista ao NYT no ano passado, Jay Z finalmente cumpriu a promessa com sua rainha e nos entregou Everything is Love, o encerramento de uma trilogia sobre infidelidade, amor e cultura negra nos Estados Unidos – iniciada pelo já clássico Lemonade, da Beyoncé, e continuada pelo excelente 4:44, do já mencionado Jay Z. Neste disco colaborativo o casal mais uma vez nos convida para dentro desse relacionamento, seus altos e baixos e as belezas de um amor maduro que já atravessou poucas e boas. Os fãs da Beyoncé não gostam do Jay Z por sua suposta traição, os fãs do Jay Z não gostam da Beyoncé por ela eclipsá-lo, mas na hora em que toca “Apesh*t” a verdade é que todo mundo gostaria de estar com eles naquela festa do Louvre. E como bem diz a nossa rainha da porra toda em “Lovehappy”, a faixa que encerra o disco – e acredite, a coincidência no nome com grandes hits do casal como Crazy in Love e Drunk in Love não é uma coincidência -, perdoar não é esquecer: “Yeah, you fucked up the first stone, we had to get remarried”. Um brinde ao amor real, com todos os seus tropeços!
11) Trench, do Twenty One Pilots
O Twenty One Pilots promove um mix de gêneros em seu novo álbum de estúdio. Lançado em outubro, Trench é necessariamente indie rock, mas transita com facilidade entre o rap, hip hop, reggae e electropop, mostrando um amadurecimento sonoro em relação aos seus trabalhos anteriores. Músicas como “Jumpsuit”, “Nico and the Niners”, “My Blood” e “Levitate” ganharam o público logo de cara e mostram que o sucesso conseguido com Blurryface não era algo passageiro.
10) Hyperion, do St. Lucia
Capitaneado por Jean-Philip Grobler, o St. Lucia é um projeto que flerta bastante com esse saudosismo da década de 80 com o qual muitos artistas lidam no momento. Desde o seu surgimento, em 2012, que a banda tem esse olhar carinhoso para as décadas passadas sem se tornar algo datado ou incapaz de conquistar o público mais jovem. Um ótimo exemplo disso é o seu terceiro álbum, Hyperion, lançado em setembro. É um disco contagiante, com músicas otimistas e capazes de empolgar qualquer estádio lotado pelo mundo afora com os seus refrões fáceis e pegajosos. Destaque para as faixas “China Shop”, “Walking Away” e “A Brighter Love”.
09) Bluesman, do Baco Exu do Blues
Logo em seus primeiros minutos, Bluesman mostra o quanto Baco Exu do Blues tem a dizer em suas nove faixas. Em meio a toda a fúria que visa combater o histórico relacionados aos negros e a sua cultura, Baco fala de amor, suas incertezas, saúde mental e de suas conquistas, sempre de forma provocativa e com rimas fortes e diretas. Em meio a isso, uma sonoridade que tem muito de R&B, trap, pitadas de música latina e outros elementos que se misturam enquanto Baco exalta a sua vida, sua história e a história do povo negro.
08) Honey, da Robyn
Foram oito anos de espera e a Robyn soube compensar isso em cada uma das músicas de seu novo trabalho, Honey. O sucessor de Body Talk é uma ode a dança e mostra muito do que a cantora assimilou a sua sonoridade nos últimos anos, graças a trabalhos em parceria com nomes como Metronomy e Neneh Cherry nos últimos anos. Honey se distancia do registro anterior, deixando a euforia um pouco de lado. Ao invés da balada para se jogar, o novo álbum tem uma pegada de dança contemporânea, com coreografias bonitas de se ver. Da mesma forma, Honey é um belo disco para se ouvir e que fica no meio do caminho entre o pop refinado e o “álbum conceito”. Talvez o melhor lugar para Robyn se posicionar.
07) Invasion of Privacy, da Cardi B
Foi só ouvir “Bodak Yellow” que eu já sabia que uma grande revelação do rap estaria chegando com tudo e Cardi B provou que veio pra ficar. Sem fillers, contemporâneo e bem pensado, o seu álbum de estreia não sai da lista de downloads e é ótimo para qualquer humor e qualquer hora. O mais incrível é ver que ela superou as expectativas e mostrou que os seus hits não acontecem apenas em feats.
06) Isolation, da Kali Uchis
Isolation é certamente uma das grandes estreias de 2018. A norte-americana Kali Uchis acertou em cheio no seu primeiro álbum completo, se mostrando como um dos nomes mais promissores e interessantes da música atual. Transitando entre o soul e o R&B, músicas como “After The Storm”, “Miami”, “Tyrant” e “In My Dreams” são daquelas capazes de te prender logo na primeira audição.
05) El Mal Querer, da Rosalía
Rosalía é a dona do melhor álbum latino de 2018 e isso não se discute. Rico em detalhes que ultrapassam o simples “lançar músicas”, El Mal Querer é o segundo e audacioso álbum de estúdio da artista catalã de vinte e cinco anos. Inspirado em um romance medieval, o álbum pega toda a ironia presente na obra do século XIII e a transporta para os dias atuais ao abordar temas como desilusões amorosas, comportamentos tóxicos e abusivos. Tudo isso envolvido em um pop latino gostoso com pitadas fortes de Flamenco, o que colocou a jovem num patamar de superstar na Espanha já que, para muitos, ela vem promovendo um resgate da cultura local. Tá bom para você?
04) Tranquility Base Hotel & Casino, do Arctic Monkeys
Os cinco anos desde o trabalho anterior não foram mera coincidência. O novo álbum do Arctic Monkeys é audacioso e carinhoso, extremamente bem composto e bem executado. Não há quase nada do “power indie de festival” do disco AM (2013) em Tranquility Base Hotel & Casino. O disco é muito mais harmonioso e intimista do que qualquer outro trabalho da banda, sobretudo pela consistência e pela forma linear como fluem as 11 faixas. As influências combinadas são percebidas no som e as músicas são melodicamente muito mais ricas e menos preocupadas com versos e refrões.
03) Queen, da Nicki Minaj
Queen é digno de seu nome, de seus súditos e de toda a carreira de Nicki Minaj, que mostrou ser mesmo a rainha do rap mundial atualmente. Em seu quarto trabalho de estúdio, a rapper mostra que capaz de ir muito além do que já conhecemos dela e o resultado disso é um álbum rico em rimas, referências e boa música. vai muito além do que se espera dela. Após quatro anos sem um álbum de inéditas, mas com muitas colaborações – e o mesmo número de confusões -, Nicki precisava de um retorno tão positivo. Ou melhor, a gente é que precisava de uma resposta à altura. Afinal, a Nicki Minaj nunca duvidou de sua capacidade e da sua realeza.
02) A Star Is Born Soundtrack, de Lady Gaga & Bradley Cooper
Não existem dúvidas: a trilha sonora de Nasce Uma Estrela foi feita para Lady Gaga brilhar e, adivinhem, é exatamente isso que acontece. Fora a clássica “La vie en rose”, sucesso de Édith Piaf, todas as demais canções interpretadas por Gaga e Bradley Cooper na produção foram compostas especialmente para a trilha sonora e gravadas ao vivo durante o processo de produção do filme. Cooper não faz feio quando canta, mas o grande destaque acaba sendo mesmo Lady Gaga e todo o poder emocional que ela deixa transbordar em faixas como “Always Remember Us This Way”, “I’ll Never Fall In Love Again” e a já hit “Shallow”, primeira faixa mostrada e que representa o ponto alto do filme. Cercados de um bom time de compositores e produtores, a dupla entrega uma trilha sonora que casa perfeitamente com o filme. Sorte a nossa!
01) Dirty Computer, da Janelle Monáe
Muitas pessoas não prestavam atenção na genialidade desta cantora, mas o Dirty Computer trouxe à tona o talento que ela tem. E não digo pela mensagem feminista e descontraída que o álbum passa e nem da produção audiovisual, pois acho o trabalho tão incrível que nem precisei assistir, mas pelo som ímpar, fresh e chiclete. Merece uma indicação ao Grammy, mas acredito que a premiação foque em grandes desempenhos comerciais e acabe o deixando de fora. Espero que eu esteja errado. Mas, mesmo assim, o prêmio de álbum maravilhoso já está nas mãos de Janelle Monáe.
Quer mais seleções com o melhor de 2018? Então veja as listas já publicadas pelo Audiograma no #LISTÃO2018!