Eu conheci a banda The Zasters, de São Paulo, por acaso.
Vi um vídeo deles na internet, enquanto perdia tempo mexendo nas redes sociais no celular em um momento de tédio ou insônia, e me deparei com o melhor cover de Arctic Monkeys que já assisti. Ainda por cima, a banda tem três mulheres na formação, o que me chamou muito a atenção.
Desde então, acompanho o trabalho deles de perto e virei fã! Além dos covers muito bem executados eles têm músicas próprias incríveis, ótimos vídeos; e são puro rock’n’roll, algo que pode até parecer estar faltando por aí ou ter saído de moda, mas que com eles vai muito bem, obrigada!
Esse é inclusive o tema da nova música dos The Zasters, “Come See The Band”:
“Come See The Band” fala um pouco do que é fazer som autoral no Brasil (para citar a própria letra da música, “The band is loud, and playing great, but no one will ever know but you” – A banda toca alto e está mandando muito bem, mas nunca ninguém vai saber a não ser você”). “Vemos pessoas dizendo que não existem boas bandas de rock no Brasil, e coisas assim, mas tem sim, tocando por 10, 15 reais nos bares da sua cidade, e normalmente pra poucas pessoas”, conta Rafa, o guitarrista.
O novo single também tem bastante referências ao som do Arctic Monkeys, uma das principais influências da banda, além de pitadas de filme de terror. “Isso surgiu de experimentações de efeitos de guitarra que passaram a rolar com a minha entrada na banda. Para nós, esse elemento de música de terror, na verdade, é uma marca alienígena no nosso som. Pensamos nessa temática alien como uma forma de tentar escapar da realidade caótica que tem tomado conta do mundo, ser abduzido por aliens do indie rock que só querem ouvir um bom som e se divertir”, explica Rafa. De fato, #vemmeteoro e #podemeabduzir têm sido desejos de muita gente desde as últimas eleições.
Enfim, voltando ao The Zasters: conversei com o grupo sobre as novidades, esse último lançamento e como é ter banda independente no Brasil. Segundo Juliana, vocalista e guitarrista, a banda amadureceu mesmo em 2015, com a entrada da baterista Nabila. Mas o projeto já existia desde 2006, quando Juliana e Barbara, a baixista, começaram a criar música autoral. “Desde que entrei elas já me mostraram músicas autorais e isso é muito raro em bandas, ainda mais bandas pequenas. Eu mesma nunca tinha tocado em banda de música autoral, só cover, e normalmente com homens! Achei sensacional”, conta Nabila. Na formação de power trio feminino, elas lançaram um EP com 5 músicas autorais em 2017, o “This is a Disaster”. As músicas foram gravadas no Estúdio Costella e tiveram produção de Alexandre Capilé (Sugar Kane e Water Rats). Logo depois, o Rafa entrou na banda. “O desejo de ter uma segunda guitarra na banda sempre existiu e, depois de algumas tentativas de convidar uma guitarrista (para manter a ideia de uma banda de meninas), vimos que não fazia sentido aplicar esse ‘sexismo’, fazer o exato oposto do que desde sempre vemos as mulheres sofrendo, sabe?”, diz Barbara.
Ela também me contou que infelizmente as três integrantes mulheres ainda sofrem muito machismo e preconceito. “É comum subirmos no palco e encontrar pessoas que acham que estamos pra brincadeira. A parte boa é que, no final, essas pessoas saem do show com outra impressão”. Juliana concorda: “eu já cheguei para tocar em uma casa com guitarra nas costas e o recepcionista queria cobrar minha entrada pois achava que eu estava apenas de roadie do meu namorado. Acho que esta situação ilustra bem, mas a que mais me incomoda é rolar aqueles ‘mansplaining’, sabe? Mas hoje em dia também tem bastante coisa legal acontecendo! Eventos de meninas, e pessoas com iniciativas legais. Recentemente me convidaram junto com outras guitarristas para assinar a guitarra de uma menina que está começando a tocar, achei muito legal!”. Para Na, o machismo foi mais velado: “Rolou de forma indireta. Acho engraçado às vezes a pessoa esperar sempre menos por ser uma menina tocando, acho que esse é o principal. E depois se impressiona no final! A galera tá acostumada a ver menina cantando, mas tocando sinto que cria uma expectativa a mais, uma curiosidade. Odeio a sensação de acharem que mulher tocando é ‘café com leite’, estamos aqui pra provar o contrário!”.
O primeiro clipe veio em julho deste ano, para a música “Late Night Impressions”, que faz parte do primeiro EP. E agora a banda está compondo novas canções e pretende lançar um álbum completo em 2019. O primeiro lançamento dessa nova safra, já com o Rafa na formação e na composição, é justamente “Come See The Band”. “O produtor, Thommy, sacou bem nosso som, entendeu bem como queríamos soar, foi muito fácil trabalhar com ele. É um cara que é muito bom no que faz (saudades). O processo foi tranquilo, nos sentimos bem à vontade no estúdio, a imersão de todo mundo foi absurda, as horas voaram e não vemos a hora de gravar o disco inteiro”, afirma Rafa. O clipe foi feito pela Strike Band Filmes, do amigo da banda Ronaldo Costa, que também fez o vídeo de “Late Night Impressions”. O clipe foi inteiro filmado durante as gravações do single, no próprio estúdio Tannus.
Agora, é só alegria: a banda tem uma postura super profissional, entrou na playlist “Indie Brazuca”, do Spotify, tem vários plays na plataforma de streaming e segue criando, fazendo shows e lançando material de excelente qualidade. A próxima apresentação acontece nesse sábado, 24/11, no Secretinho, em São Paulo – com os amigos Gabriel Vendramini e WABI SABI.
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