Hoje os Arctic Monkeys lançaram um single para Tranquility Base Hotel & Casino, justamente a canção que dá nome ao seu último álbum – e que gerou reações meio desapontadas dos fãs, apesar de boa parte da crítica mundial ter elogiado o álbum.
Eu mesma gosto, apesar de preferir o som mais rápido, pesado e enérgico dos dois primeiros álbuns e do AM, a obra prima da banda na minha humilde opinião. Mas, voltando ao lançamento: o que realmente interessa é o Lado B do single, que traz a inédita “Anyways”:
A música é bonita, segue o clima mais tranquilão da fase atual do grupo e é uma sofrência do cão. “Anyways” tem uma pegada bem retrô, romântica, meio brega e com baixo marcadão total anos 60 (lembra muito as linhas de baixo de Paul McCartney nos Beatles, aliás). A bateria aparece bem suave, assim como as guitarras, deixando apenas o vocal estilo “crooner” do Alex (cita até o Bing Crosby, né) e o baixo em evidência.
Agora, vamos para a análise: esse single, pela capa e pela letra de “Anyways”, me fez pensar que o pobre Alex Turner ainda não superou várias questões suas do passado, com temas que se repetem nos discos do Arctic Monkeys.
A começar pela obsessão por ASPIRADOR DE PÓ. Sim, caros leitores. A capa do single novo mostra Alex no que deve ser um hotel (ahn, ahn?) passando aspirador de pó no carpete. Em 2013, no AM, ele cantava “I wanna be your vacuum cleaner, breathing in your dust – Eu quero ser o seu aspirador de pó, sugando sua poeira” em “I Wanna Be Yours”, música que na verdade é uma versão do poema musicado do velho punk John Cooper Clarke, de quem Alex é fã desde os tempos de escola, quando um professor leu o poema dos anos 80 na aula de literatura inglesa. John também é fã da banda e adorou o “cover”.
Outra coisa que o Alex não superou foi sua aparente falta de jeito com as moças e o descontrole ao falar, se expondo demais. Desde o primeiro disco, lááá em 2006 (já faz 12 anos, gente!), ele já cantava sobre sua timidez e a dificuldade de falar com garotas e chegar nelas na balada. Em “Anyways”, a sofrência continua:
“Oversharing and its bitter aftertaste
Exactly the wrong time in exactly the wrong place
Sharing secrets I was taking to the grave”
(Falando demais e o gosto amargo disso depois / Exatamente o timing e o lugar errados / Contando segredos que eu queria ter levado para o túmulo)
Até aí, quem nunca ensaiou um diálogo na cabeça e na hora, por nervosismo, saiu tudo errado, né?
Última conexão da música nova com o passado: lembra de “Cornerstone”?
Era 2009 (aaaaah, quase uma década atrás!) e o Alex cantava “You can call me anything you want – Você pode me chamar do que você quiser”. Pois é. Em “Anyways”, ele canta “I’ve got my megaphone / You can call me Alexander – Eu tenho meu megafone / Você pode me chamar de Alexander”.
O Alex mudou muito de 2006 para cá. Ele perdeu seu lindo sotaque inglês nortista, mas pelo menos não perdeu sua essência, pelo visto. Todos temos inseguranças que vira e mexe voltam, e ele é gente como a gente.
Agradeçam pela existência da terapia, amigos!