Aos ouvidos estrangeiros desavisados, o Brasil é apenas a terra do samba. Para os tímpanos mais atentos vem o choro e logo depois a bossa não tão nova, que nada mais é do que uma rebusque requintado dos primeiros gêneros até a dita música popular de hoje.
No entanto, esqueça esse contexto pré-formatado e vamos fugir de todas as definições clichês que, até mesmo para quem é conectado no mundo da música, ainda martela no nosso subconsciente. Vamos falar claro de indie rock, mas do indie rock nacional.
Imaginem São Paulo, precisamente no ano de 2015. O nome da persona em questão é Caio Augusto Braga, diversas “guitar bands” borbulhando no intuito de montar um evento, esbarrando em autorizações de espaço e tempo chuvoso. O show não aconteceu mas, absorto dessa situação, dias depois, Caio decidiu produzir um curta-metragem sobre isso.
Depois de diversos depoimentos e referências aos anos 90, onde a história da música alternativa começa a tomar forma e estética, houve a percepção de que havia muito mais para se contar. Foi então que com uma nova visão, planos e novos parceiros na produção, aliado ao artista plástico e músico paulista Magoo Felix, o músico mineiro Maurício Palhano e com o apoio de um financiamento coletivo, em 2016 surgiu o Guitar Days, documentário completamente independente que conta a história do cenário alternativo e independente do rock brasileiro em seus diversos espectros, resgatando as bandas nacionais alternativas da década de 90, com nomes como Second Come, Mickey Junkies, Pin Ups, The Cigarettes, brincando de deus, Garage Fuzz e PELV.
Além do documentário, foi lançado também em parceria com selo nacional independente Midsummer Madness, uma coletânea com faixas inéditas de bandas participantes do documentário sobre a nova nata emergente independente nacional, além de ter nos presenteado com uma mini turnê nacional da icônica banda paulista Killing Chainsaw, que até então estava a 18 anos fora de circulação.
Premiado como melhor documentário e melhor direção no festival Prêmios Latino del Cine y la Música da Espanha, o documentário foi recentemente selecionado para participar do MIMO – Festival Nacional de Música, Arte e Cultura, concorrendo como melhor longa-metragem.
Mas porque antes te contei sobre esse resgate musical em forma de película? Além de te situar, foi para chegarmos exatamente onde esse espaço se destina: hoje não vou apresentar somente uma banda desconhecida, mas sim várias da cena indie brasileira.
Foi lançado recentemente um novo site do projeto Guitar Days, com notícias e conteúdos em volta do documentário, links de selos alternativos e também uma preciosa lista de bandas contemporâneas de indie rock nacional, além de uma playlist com nomes de diversas bandas contabilizando mais de 8 horas de duração, sem repetir nenhuma. Material que demonstra que o Brasil manda muito bem no indie rock sim, não devendo nada para as bandas europeias.
Entre as nove bandas que eu não conhecia, fora a Killing Surfers, e que me chamaram atenção nessa playlist, segue essas: Violet Soda com a música “Coffe”, The Sinks com a música “Before You Lose”, Mudhill com a música “Not About Survival”, Old Books Room com a música “Waves Of Sun”, Bad Rec Project com “Bacon and Chesse”, The John Candy com “Last Night I Lost Night”, The Books com “Polly’s Song” e, já com todo meu carinho, especialmente assino as favoritas com “Rebirth”, da Kiling Surfers. Todas vão estar presentes também na playlist especial da coluna, a Super Indie ®.
Então o desafio começou, se joga aí no aleatório e se aventure com o melhor da produção indie nacional.