Algumas bandas simplesmente conseguem êxito logo em seu primeiro álbum e esse é o caso da Siouxsie And The Banshees.
É uma imensa responsabilidade comentar sobre um clássico tão criativo e inovador quanto o The Scream, lançado em 1978 pela Polydor.
Antes deste referido ano, o grupo londrino já havia conquistado alguns fãs e também retinha certa atenção da mídia. Entretanto, apesar dessa discreta (embora já relevante) presença dos Banshees no cenário musical e em solos londrinos, havia certa dificuldade em assinar com alguma gravadora, pois nessa época, muito material bom circulava por Londres e, assim, era preciso chamar a atenção para conseguir contrato.
Assim sendo, levando em conta o contexto local acima descrito, um fato ocorreu um fato marcante no início de carreira dos Banshees: um fã criou uma campanha de graffiti na cidade natal da banda, e pintou paredes de grandes gravadoras com as palavras “Sign the Banshees: Do It Now” (“Assine com os Banshees: Faça Isso Agora”).
Por fim, os Banshees realmente conseguiram assinar um contrato e começaram a escrever sua trajetória. O The Scream foi gravado em apenas uma semana durante agosto de 1978, e mixado em três semanas, um curto período de tempo para um resultado tão brilhante.
A formação para a produção do álbum era esta: Siouxsie Sioux (vocal), John McKay (guitarras e saxofone), Steven Severin (baixo) e Kenny Morris (bateria e percussão). Esse conjunto funcionou muito bem e a qualidade do álbum é simplesmente magnífica.
Se comparado aos trabalhos posteriores do Banshees, notamos que The Scream carrega uma sonoridade mais violenta, característica herdada diretamente do Punk. A música de abertura, “Pure”, anuncia o clima visceral e contagiante do restante do disco. Essa faixa introdutória conta com um notável e envolvente toque de guitarra de McKay. O álbum segue com canções mais agitadas e agressivas e carrega verdadeiros clássicos da banda, como “Mirage”, “Overground”, “Carcass” e “Metal Postcard”. Possui ainda uma incrível versão de “Helter Skelter” do The Beatles, que, aliás, pode-se, sem grandes problemas, afirmar que ficou melhor do que a canção original de McCartney e Lennon.
As composições foram, em sua grande parte, escritas por Severin, Sioux e McKay. A maior parte das letras soa de maneira enigmática e não possui nenhum sentido estritamente explícito, sendo que esta seria uma marca de praticamente toda a carreira dos The Banshees, especialmente no que diz respeito às letras de Siouxsie Sioux. Além da considerável contribuição de McKay como compositor, o músico merece destaque pela presença espetacular de sua guitarra durante todo o álbum, e é possível afirmar que, em conjunto ao intenso vocal de Sioux, ele foi o grande destaque de The Scream. Seven e Morris também fizeram um trabalho digno de reconhecimento e seus instrumentos soam harmônicos e contagiantes em todas as faixas. Siouxsie, é claro, apresentava-se ao mundo com sua vigorosa presença vocal caracterizada por um tom sublime e atraente.
O The Scream foi inovador e ilustre em sua totalidade. Curiosamente, foi destaque no popular livro 1001 Albums You Must Hear Before You Die (“1001 Álbuns Que Você Deve Escutar Antes de Morrer”). E com certeza, você deve escutar antes de morrer.