Metade do ano já se foi e, seguindo uma tradição que já faz parte do nosso calendário nos últimos anos, resolvemos passar a limpo todos os lançamentos em busca dos melhores álbuns de 2018 até então.
Passeando por vários gêneros, escolhemos 39 álbuns que chegaram às lojas ou serviços de streaming até o último dia 30 de junho, falamos um pouco sobre cada um deles e, como de costume, deixamos aquele player maroto para você ouvir lá no Spotify.
Leia mais: O que vem por aí – lançamentos da música
Tem rock, tem pop, tem rap, tem material nacional, tem trilha sonora… tem várias coisas que devem surgir em nosso #Listão2018, a nossa tradicional série de listas que sai em dezembro.
Em ordem alfabética, veja quais foram as nossas escolhas no primeiro semestre do ano!
# Francis Trouble, do Albert Hammond Jr.
O guitarrista Albert Hammond Jr. resolveu lançar o álbum que todos os fãs do The Strokes aguardam nos últimos anos, só que sem os companheiros de banda. Francis Trouble é a quarta aventura solo do guitarrista e foi produzido por Gus Oberg, que trabalhou com ele e o Strokes nos álbuns Angles (2011) e Comedown Machine (2013). Faixas como “Dvsl” e “Far Away Truths” deixam evidente o tanto que a sonoridade de Albert solo se mistura com a da sua banda. “Muted Beatings” e “Set For Attack” também são pontos interessantes da produção. [JP]
# Alice, de Alice Caymmi
Alice Caymmi segue em sua busca por uma sonoridade cada vez mais acessível e pop. Dando continuidade ao processo começado lá no Rainha dos Raios (2014), Alice mostra as novas referências instrumentais em faixas como “Louca” ou “Spiritual” mas, ao mesmo tempo, não perde a essência construída ao longo de sua carreira. Muito disso é culpa da sua grande parceira e produtora, Bárbara Ohana. [JP]
# Tranquility Base Hotel & Casino, do Arctic Monkeys
Os cinco anos desde o trabalho anterior não foram mera coincidência. O novo álbum do Arctic Monkeys é audacioso e carinhoso, extremamente bem composto e bem executado. Não há quase nada do “power indie de festival” do disco AM (2013) em Tranquility Base Hotel & Casino. O disco é muito mais harmonioso e intimista do que qualquer outro trabalho da banda, sobretudo pela consistência e pela forma linear como fluem as 11 faixas. As influências combinadas são percebidas no som e as músicas são melodicamente muito mais ricas e menos preocupadas com versos e refrões. [EJ]
# Black Panther OST
Tudo bem, não é OFICIALMENTE um disco do Kendrick Lamar. Mas como produtor executivo e dono da maior parte das faixas do álbum, Kendrick trouxe o seu toque mágico e entregou um projeto tão bem feito que, mesmo que não fosse a trilha de um dos maiores filmes do ano, ainda seria um dos seus maiores discos. Com participações que vão desde SZA, na onipresente “All The Stars”, até Future, Jay Rock, The Weeknd, Anderson Paak e Vince Staples, a trilha de Pantera Negra entrega o que há de mais inovador no hip hop atualmente (e a gente agradece demais). [RB]
# Cool Like You, do Blossoms
Quando alguém chega e diz que não existe nenhuma música “fraca” em seu álbum, a gente fica com o pé atrás ou acha a pessoa pretensiosa demais, certo? Antes de ouvir o Cool Like You, vi uma entrevista do vocalista Tom Ogden para a NME na qual ele dizia exatamente isso e, por pouco, não larguei de lado o segundo álbum do Blossoms. Ainda bem que não fiz isso, pois deixaria de ouvir uma das boas coisas que 2018 nos deu, como a faixa “There’s A Reason Why (I Never Returned Your Calls)”. [JP]
# Camila, de Camila Cabello
Em seu debut, Camila Cabello entrega ao público um álbum ágil e capaz de prender a atenção desde os seus primeiros acordes. É simples e direto naquilo que se propõe, mostrando que a cantora realmente tem algo a oferecer para a música pop atual. Trabalhando ao lado de bons nomes e exercitando a sua liberdade, Camila não um disco que apresenta algo de novo para a música, mas é o resultado de uma exploração por um mundo novo para a cantora. Mundo esse no qual ela deu um interessante primeiro passo. [JP]
# Invasion of Privacy, da Cardi B
Foi só ouvir “Bodak Yellow” que eu já sabia que uma grande revelação do rap estaria chegando com tudo e Cardi B provou que veio pra ficar. Sem fillers, contemporâneo e bem pensado, o seu álbum de estreia não sai da lista de downloads e é ótimo para qualquer humor e qualquer hora. O mais incrível é ver que ela superou as expectativas e mostrou que os seus hits não acontecem apenas em feats. [YC]
# Love Is Dead, do CHVRCHES
Love Is Dead é sobre a vida. É a representação de várias amarguras da vida em meio a sintetizadores e uma sonoridade cujo maior objetivo é grudar na sua cabeça sem margem para o esquecimento. Inclusive, é quase impossível sair das treze faixas do álbum sem se ver preso no mundo criado pelo trio britânico. Talvez seja o álbum mais amplo e direcionado para o grande público do CHVRCHES até aqui e “Get Out” é uma das provas disso. [JP]
# Viagem ao Coração do Sol, do Cordel do Fogo Encantado
Viagem ao Coração do Sol é um retorno mais do que digno para o Cordel do Fogo Encantado. Mantendo as raízes e inovando em alguns aspectos os pernambucanos mostram que, mesmo após oito anos, o grupo segue entrosado e criativo. Confesso que estou ansioso para vê-los ao vivo para ter a experiência completa desse retorno tão aguardado. [EJ]
# Tell Me How You Really Feel, de Courtney Barnett
A primeira impressão após ouvir o Tell Me How You Really Feel foi a de ver Courtney Barnett encerrar uma trilogia não oficial começada no Sometimes I Sit and Think and Sometimes I Just Sit lá em 2015. Se naquele álbum, a australiana fala sobre a vida por uma perspectiva bem cansada e entediada, no trabalho seguinte – Lotta Sea Lice (2017) – ela se juntou ao Kurt Vile para falar de amizade. Agora, fechando o ciclo, qual seria o tema que se encaixaria? As desilusões amorosas, claro. É um disco no qual Courtney mergulha nas próprias angústias de uma forma honesta, tornando bem fácil para o ouvinte se ver representado por alguma das suas dez faixas. E isso é maravilhoso. [JP]
# O Menino que Queria Ser Deus, do Djonga
Consistente, coeso, bem produzido, com boas referências… a lista de pontos positivos quando o assunto é O Menino que Queria Ser Deus, o segundo álbum de Djonga, pode apresentar diversos itens, dependendo do ouvinte. Em comum, todo mundo tem a ciência de que esse é um álbum extremamente interessante, principalmente quando o assunto são os versos feitos pelo rapper mineiro. [JP]
# Espelho, de Drik Barbosa
Drik Barbosa tá no corre não é de hoje no rap nacional. Seja com singles solo, no Rimas & Melodias ou em parcerias com nomes como Emicida, Drik pavimentou o seu caminho com muito trabalho e isso se reflete no seu primeiro EP solo. Espelho serve como um resumo de todas as experiências e vivências acumuladas nos últimos anos. Momentos quais Drik resolveu traduzir em boa música, compartilhar com os fãs e deixar todo mundo ansioso pelo álbum completo, que não deve demorar para sair. [JP]
# Deus é Mulher, de Elza Soares
Deus é Mulher é provocativo desde o seu título e não poderia ser diferente. Elza Soares flerta com o rock, é feroz e tem em seu discurso um pouco de todos os temas tão debatidos no Brasil nos últimos anos. Intolerância, repressão e a polarização social e política são abordados, mas o foco principal ainda é a mulher, a alma feminina e como ela se faz presente em todos os temas. É um disco inteligente e certeiro, como não poderia deixar de ser. [JP]
# Amor é Isso, de Erasmo Carlos
Como é bom ver e ouvir o grande Erasmo Carlos lançando coisas boas. Produzido por Pupillo (Nação Zumbi), Amor é Isso é o 31º álbum do Tremendão e, provavelmente, fará parte daquela seleta lista de grandes obras lançadas pelo cantor e compositor carioca. É um trabalho que fala de amor de uma forma simples e poética, compartilhando as suas experiências e servindo de complementando para as vividas pelo ouvinte. Simplesmente belo. [JP]
# God’s Favorite Customer, de Father John Misty
Um ano após Pure Comedy, Father John Misty está de volta com um novo e interessante álbum. God’s Favorite Customer é simples e direto no seu objetivo: falar sobre uma relação a dois, no caso a de Josh Tillman e a sua mulher. Por isso, não tem muitas frases sarcásticas, não tem versos sobre o mundo perdido ou sobre o conservadorismo. O que temos é um cara tentando se fazer compreender, mesmo que para isso ele precise se transformar em uma pessoa vulnerável. [JP]
# High As Hope, do Florence + The Machine
O quarto álbum de estúdio do Florence + The Machine não é para aventureiros. High As Hope praticamente te obriga a conhecer previamente o trabalho feito por Florence Welch e companhia. O conceito de “culto” criado em torno das músicas se torna ainda mais forte e High As Hope não mostra grandes variações na sonoridade da banda e, talvez, esse seja o ponto alto do álbum: ele funciona como fechamento de um ciclo, quase como uma reflexão de Florence sobre tudo o que já lhe aconteceu na vida. Tudo isso com uma carga de drama e melancolia, como já era de se esperar. [JP]
# Prequelle, do Ghost
Cardinal Copia surgiu para comandar esse quarto capítulo musical dos suecos do Ghost e, como num culto com ares satanistas, Cardi C entretêm o público promovendo uma viagem entre referências marcantes, temas interessantes, entre as sombras e os momentos de diversão, sem deixar de ser divertido para os ouvidos. Apresentando o “novo” vocalista, Prequelle mostra a banda indo em busca de novos territórios, tal qual uma igreja nos tempos de expansão. [JP]
# The Now Now, do Gorillaz
The Now Now é um Gorillaz mais intimista. Um Gorillaz mais recluso e sem aquele clima de festa com vários convidados. É aquele pós-festa onde você reflete sobre tudo enquanto limpa o salão sem qualquer ajuda. Enquanto Murdoc Niccals está na cadeia e é substituído por um baixista que já foi um vilão combatido pelas Meninas Superpoderosas, 2-D assume as rédeas e o resultado é um álbum voltado para as questões que passam pela sua cabeça e, por consequência, pela cabeça de Damon Albarn. É político, social, simples e direto como o Gorillaz precisava ser após promover tantas festas interessantes e divertidas. Para quem sentia falta da essência do projeto, The Now Now supre essa necessidade. [JP]
# I Don’t Run, do Hinds
O quarteto espanhol tinha uma missão: encarar e produzir algo tão interessante quanto o seu álbum de estreia, Leave Me Alone (2016). Foi assim que nasceu I Don’t Run e, ao longo de suas onze faixas, Carlotta Cosials, Ana García Perrote, Ade Martín e Amber Grimbergen bebem cada vez mais na fonte que já nos deu The Libertines e The Strokes. Não é coincidência o fato do álbum ter sido produzido por Gordon Raphael, responsável por Is This It (2001) e Room on Fire (2003). Abordando as boas e velhas questões humanas, o Hinds um disco mais maduro, mas ainda sujo e divertido como o primeiro. [JP]
# KOD, do J. Cole
O menino Jermaine cresceu. Depois de se voltar para sua adolescência e seu lugar no mundo em 2014 Forest Hills Drive, e refletir sobre a mortalidade e paternidade em 4 Your Eyez Only, J. Cole veio jogando bombas e verdades sobre a vida e a realidade do homem negro americano em KOD – e mais uma vez sem features! É um disco daqueles pra ouvir com atenção e sentir o impacto por um bom tempo depois da audição. Afinal, um título que pode ser lido como Kids on Drugs, King Overdose, e Kill Our Demons já te diz logo de cara o quão complexo ele pode ser. [RB]
# Dirty Computer, de Janelle Monáe
Muitas pessoas não prestavam atenção na genialidade desta cantora, mas o Dirty Computer trouxe à tona o talento que ela tem. E não digo pela mensagem feminista e descontraída que o álbum passa e nem da produção audiovisual, pois acho o trabalho tão incrível que nem precisei assistir, mas pelo som ímpar, fresh e chiclete. Merece uma indicação ao Grammy, mas acredito que a premiação foque em grandes desempenhos comerciais e acabe o deixando de fora. Espero que eu esteja errado. Mas, mesmo assim, o prêmio de álbum maravilhoso já está nas mãos de Janelle Monáe. [YC]
# Firepower, do Judas Priest
Firepower é um dos grandes álbuns da história do Judas Priest. Produzido por Tom Allom e mixado por Andy Sneap, as catorze faixas mostram o quanto o quinteto formado por Rob Halford, Glenn Tipton, Richie Faulkner, Ian Hill e Scott Travis ainda tem a nos oferecer. É um daqueles álbuns que você não se cansa de ouvir, com vigor e que faz jus aos quase cinquenta anos de carreira da banda britânica. [JP]
# Man of the Woods, do Justin Timberlake
Oops! Caímos na pegadinha do possível álbum country de novo. Bem mais maduro, mas não menos apegado ao som eletrônico, como na faixa “Filthy”, Justin Timberlake acerta ao trazer um trabalho mais acústico, sem deixar de lado os agitos de “Midnight Summer Jam”, “Sauce” e “Supplies”. Faixas como “Living Off The Land”, “Say Something” e “Breeze Off The Pond” servem de porta de entrada para um novo estilo que o cantor pode pensar em seguir nos próximos anos. Claro que passinho pra lá e pra cá são marcantes em seus shows, e mesmo com todo aquele conjunto breguelê de elementos na nova tour, como árvores no palco, fogueira fake, lasers do início dos anos 2000 etc, já se percebe que ele tenta trazer ao público um som com proposta mais intimista. MOTW traz as famosas fillers, faixas que estão ali só pra preencher o álbum, mas vejo este o único defeito do mais recente trabalho. Afinal, hoje não é preciso fazer um ‘disco enorme’ pra entregar um ótimo projeto pros fãs, assim como Bruno Mars fez em 24K Magic. [YC]
# Isolation, de Kali Uchis
Isolation é certamente uma das grandes estreias de 2018. A norte-americana Kali Uchis acertou em cheio no seu primeiro álbum completo, se mostrando como um dos nomes mais promissores e interessantes da música atual. Transitando entre o soul e o R&B, músicas como “After The Storm”, “Miami”, “Tyrant” e “In My Dreams” são daquelas capazes de te prender logo na primeira audição. [JP]
# ye, de Kanye West
É. Não teve jeito. O disco que ninguém queria gostar, depois de todas as declarações completamente errôneas, insultantes e francamente doidas de seu autor, Kanye West, acabou sendo um dos melhores do ano. Um projeto saído de um rancho no estado do Wyoming – de onde também estão saindo outros grandes projetos nesse verão americano -, curto (são apenas sete faixas) e coeso, o disco traz mais uma vez a produção moderna de seus irmãos mais velhos, Yeezus e The Life of Pablo, mas também conquista quem gosta dos samples de soul e as batidas clássicas do Kanye dos anos 2000. A cada dia fica mais difícil separar o artista da obra, mas a cada dia fica também mais irresistível se apaixonar pelas criações que só Mr. West consegue entregar. E fica a questão: até onde Kanye consegue ir em sua loucura sem comprometer sua arte? Por enquanto vamos só aproveitando o que ele tem pra nos oferecer. [RB]
# Kids See Ghosts, do Kids See Ghosts
Um excelente disco que carrega as marcas distintas de seus dois criadores, Kids See Ghosts é um retrato perfeito de quem Kanye West e Kid Cudi são – tanto em suas figuras públicas quanto como artistas. Com a produção distinta de West e os vocais sombrios e melancólicos de Cudi, os dois rimam sobre suas doenças mentais, medos e incapacidades de conexão com o mundo exterior. Apesar de fazer parte do projeto saído de Wyoming, de Kanye West, a única coisa que pode empalidecer o sucesso deste disco é o timing que o trouxe tão perto de ye. Com temáticas e produções um pouco similares, e com as frequentes aparições de Cudi em ye, em determinados momentos o ouvinte pode ter a sensação de que “hmmm, acho que essa música era do ‘ye’, cortaram e veio parar aqui, hein…”. Mas dada a qualidade de tudo o que foi produzido por lá, isso dificilmente chega a ser um demérito. [RB]
# Golden, de Kylie Minogue
No mundo pop, quando o batidão não vem com tudo os fãs tendem a virar o rosto e fazer carinha de quem comeu e não gostou e, desta vez, com a Kylie Minogue não foi diferente. Quem se lembra quando Lady Gaga lançou Joanne? Com Golden, a primeira impressão é a mesma. Por mais que todos pensem que a pegada country, girl of the woods, esteja ali, nada mais é do que um puro pop com violões mais presentes. No novo trabalho da australiana, a ótima “Dancing” é uma prévia do que vem a seguir com as dançantes “Raining Glitter” e a faixa-título “Golden”. É um álbum bem pensado, coeso, gostoso de ouvir, ainda que não entre no ranking dos melhores lançamentos da cantora. [YC]
# Good Thing, de Leon Bridges
Quase três anos após o seu álbum de estreia, Leon Bridges promove uma nova reverência ao passado com Good Thing. Ainda que conte com diversos elementos que remetem ao soul e blues dos anos 50 e 60, o novo álbum do norte-americano consegue transportar tudo isso para os dias atuais, fazendo com que o álbum não seja uma simples volta no tempo, mas algo criativo e interessante. É um daqueles álbuns para se ouvir com gosto e por diversas vezes. [JP]
# No Shame, de Lily Allen
No Shame é, provavelmente, o álbum no qual Lily Allen mais diz de si e isso é o ponto alto de todo o trabalho. Ao longo de suas catorze faixas, a britânica aborda temas pessoais e, por muitas vezes, pesados. Traumas, reflexões sobre a sua sanidade, solidão e relacionamento abusivo são algumas das experiências vividas por Allen que acabaram transformadas em música. Falar sobre você mesmo nunca é fácil e ela conseguiu isso de uma forma interessante, aliando palavras fortes a uma sonoridade que transita entre o pop e o hip-hop sem parecer forçado. [JP]
# so sad so sexy, de Lykke Li
Em dez músicas, Lykke Li fala sobre os quatro anos que separaram I Never Learn de seu novo trabalho. O período de reflexões e transformações ficou marcado por dois fatos: a morte de sua mãe e o nascimento de seu filho. Flertando com o trap e abusando de sintetizadores, ela fala sobre todo o caldeirão de sentimentos que conta com doses de coração partido e melancolia. Os trabalhos anteriores estão ali, mas so sad so sexy nos mostra uma nova Lykke Li, ainda mais interessante. [JP]
# Thinking Out Loud, do Moons
Thinking Out Loud é o segundo trabalho de inéditas do Moons e não tem como definir o álbum com outra palavra que não seja belo. É um belo álbum, com belas melodias e combinações, belos vocais e letras que se encaixam de uma forma única e cativante. Com dez faixas, o sucessor de Songs Of Wood & Fire (2016) é um daqueles trabalhos que vão se construindo ao longo do processo de audição, como se a cada play viesse a chance de perceber uma nova camada de elementos e sentimentos colocados ali por André Travassos. Essa ideia de camadas e ganhos é bem representada pela faixa “Moons”, uma das melhores do álbum. [JP]
# NASIR, do Nas
Um dos rappers mais aclamados do hip-hop está de volta. Seis anos após Life Is Good (2012), Nas lançou o seu décimo segundo álbum de estúdio e NASIR mostra o quanto ele ainda tem a oferecer. Com apenas sete faixas, o álbum foi produzido por Kanye West e tem como destaque as músicas “Everything”, “Cops Shot the Kid” e “Not For Radio”. [JP]
# Bad Witch, do Nine Inch Nails
A trilogia de EPs do Nine Inch Nails chegou ao fim com Bad Witch. Após Not The Actual Events (2016) e Add Violence (2017), a banda encerra o projeto com mais seis faixas e pouco mais de trinta minutos de algo que podemos chamar como a trilha sonora quase que ideal para o fim do mundo. Trent Reznor e Atticus Ross entregam aquilo que já era esperado do NIN: ruídos, batidas industriais, além dos acordes diretos e pesados. No entanto, enquanto deixa claro (mais uma vez) como o mundo está errado, a banda mostra que também sabe explorar novos caminhos, flertando com o synthpop em sua última faixa, “Over And Out”, ou fazendo várias referências ao David Bowie. Se isso indica uma nova direção para o Nine Inch Nails nós não sabemos, mas o capítulo final da trilogia merece elogios. [JP]
# Wide Awake!, do Parquet Courts
Sexto álbum de estúdio dos norte-americanos do Parquet Courts, Wide Awake! é daqueles álbuns que se fazem necessários. Abordando questões sociais e falando sobre uma sociedade cheia de seus defeitos, a banda coloca 2018 como o seu ano de mudança. Se isso é reflexo dos projetos paralelos de seus integrantes ninguém sabe, mas a banda cumpre bem as suas missões: nos dar um bom álbum e dialogar com os seus fãs sobre temas atuais e importantes. [JP]
# Daytona, do Pusha T
Todo mundo se lembra dos clássicos rap beefs: Biggie x Tupac, Jay Z x Nas, Kanye x 50 Cent. 2018 está nos oferecendo um delicioso Pusha T x Drake (e se você não está de olho nos lançamentos de um contra o outro, fica esperto!), reinaugurado em Daytona. Mas além dos ataques ao rapper canadense, o álbum do Pusha T oferece muito mais: é rap clássico, para quem não gosta de modas como o trap, e ainda assim vigoroso e refrescante. O disco é o primeiro projeto saído do rancho de Wyoming, produzido por Kanye West, e um dos melhores lançamentos da carreira do rapper. Amém, Pusha T. [RB]
# Book of Ryan, do Royce da 5’9″
Se você não conhece o Royce Da 5’9″, corre que dá tempo. Dono de um dos melhores álbuns colaborativos de rap da história – Hell: The Sequel, com ninguém mais do que Eminem – Royce tem a voz, as batidas, as rimas e inspiração para fazer um excelente disco de boombap em 2018. Se quiser ouvir as colaborações estelares, corra já para as faixas 4 (“Caterpillar”, com Eminem rimando e soando melhor do que em qualquer faixa de seu último disco, Revival), 10 (“Boblo Boat”, com um J. Cole despretensioso) e 12 (com o trio Pusha T, Jadakiss e Fabolous em uma única track). Um disco que agrada ao fã de hip hop clássico e que traz um respiro em meio a tanto trap e ostentação. [RB]
# Shawn Mendes, de Shawn Mendes
Não dá para dizer claramente, mas Shawn Mendes resolveu levar a sério as comparações com John Mayer em seu novo trabalho. Carregando o seu nome, o terceiro trabalho de estúdio do músico mostra um novo caminho, novas experiências e uma proximidade maior a dois nomes tidos como referências para ele: Mayer e Ed Sheeran, que colaborou em uma das faixas do álbum, “Fallin’ All In You”. O resultado é interessante e merece o play. [JP]
# Clean, do Soccer Mommy
Clean é o álbum de estreia do Soccer Mommy, projeto da jovem Sophie Allison. Com apenas vinte anos, a moça aborda a sua adolescência e nos conta sobre relacionamentos conturbados, questões existenciais e medo da vida adulta. Tudo isso tendo como pano de fundo um indie rock gostoso representado por faixas como “Still Clean”, “Your Dog” e “Cool”. [JP]
# K.T.S.E., de Teyana Taylor
Vocais maravilhoso e uma mistura interessante de soul e R&B. É assim que Teyana Taylor chega com o seu aguardado – e curto – novo álbum. K.T.S.E. (Keep That Same Energy) tem oito músicas e apenas vinte e dois minutos, mas é o suficiente para mostrar uma pessoa mais madura, ciente dos desafios de sua jornada enquanto cantora, modelo, mãe, simbolo sexual, esposa e, principalmente, mostrando que nenhum desses rótulos devem ser encarados como obstáculos para a sua vida. Bons momentos estão garantidos com as faixas “Gonna Love Me”, “Hurry” e “Never Would Have Made It”.
# Everything Is Love, do The Carters
Por quanto tempo ouvimos rumores de um disco colaborativo entre o casal mais importante da música mundial? Depois de ter soltado o verbo sobre isso em uma entrevista ao NYT no ano passado, Jay Z finalmente cumpriu a promessa com sua rainha e nos entregou Everything is Love, o encerramento de uma trilogia sobre infidelidade, amor e cultura negra nos Estados Unidos – iniciada pelo já clássico Lemonade, da Beyoncé, e continuada pelo excelente 4:44, do já mencionado Jay Z. Neste disco colaborativo o casal mais uma vez nos convida para dentro desse relacionamento, seus altos e baixos e as belezas de um amor maduro que já atravessou poucas e boas. Os fãs da Beyoncé não gostam do Jay Z por sua suposta traição, os fãs do Jay Z não gostam da Beyoncé por ela eclipsá-lo, mas na hora em que toca “Apesh*t” a verdade é que todo mundo gostaria de estar com eles naquela festa do Louvre. E como bem diz a nossa rainha da porra toda em “Lovehappy”, a faixa que encerra o disco – e acredite, a coincidência no nome com grandes hits do casal como Crazy in Love e Drunk in Love não é uma coincidência -, perdoar não é esquecer: “Yeah, you fucked up the first stone, we had to get remarried”. Um brinde ao amor real, com todos os seus tropeços!
Textos por Ed Junior, John Pereira, Rachel Brandão e Yuri Carvalho.