Todo dia é dia de exaltar as mulheres em todos os campos de atuação existentes e na música não pode ser diferente. Por aqui no Audiograma, já listamos diretoras cujo trabalho é maravilhoso, já apresentamos dez álbuns incríveis lançados por elas, falamos da cena nacional e de uma lista de bandas com presença feminina e sobre a visibilidade do trabalho feminino na arte, só para citar alguns exemplos.
Na última semana, relembramos esses conteúdos mas ficou faltando algo novo para celebrar o #DiaDaMulher, comemorado no último dia 08. Com um certo atraso ~causado pelo editor deste site~, essa pauta chegou e a Juliana Vannucchi se juntou ao Gabriel Marinho para falar de vinte mulheres incríveis e importantes para o mundo da música ou, mais especificamente, do rock.
# Poison Ivy
Certamente a guitarrista mais selvagem do Rock And Roll. Tocou e foi co-fundadora do The Cramps, ao lado do escrachante marido, Lux Interior. Além da competência técnica, sua criativa extravagância ajudou-a a se transformar num (atraente) mito do Punk Rock. Seus acordes sujos possuem certa singularidade e a consequência disso foi que o The Cramps sempre carregou uma assinatura ímpar em suas músicas. Poison Ivy é totalmente delirante e notavelmente fatal em seu jeito de tocar.
# Elizabeth Fraser
Certamente, uma das vocalistas mais expressivas, mal compreendidas e desafiadoras da história da música. Nos anos 80, fez parte de uma das bandas mais inovadoras e etéreas de sua época, o Cocteau Twins. Apesar de ser frequentemente tímida e retraída em suas apresentações, Liz possui uma voz poderosíssima e encantadora que parecem sair dos confins mais profundos de paisagens imaginárias.
# Joan Jett
Eis esta a mulher mais querida do Hard Rock. Sua energia agressiva nos vocais, munida de suas atitudes em cima do palco fizeram dela uma verdadeira lenda, cujo apelido (merecido) é “Rainha do Rock”. Participou da banda The Runaways e também se consolidou em elogiável carreira solo. Além de mandar muito bem nos vocais, toca baixo e guitarra. Até hoje, Jett sacode muitos fãs com o seu glamouroso, agitado e potente hit “I Love Rock And Roll”, que já vale sua carreira inteira.
# Gillian Lesley Gilbert
Gillian é mais conhecida por ser a tecladista e (ocasionalmente) guitarrista do New Order. Antes de se juntar ao grupo, fazia parte de uma banda punk formada por garotas, chamada The Inadequates, que ensaiava perto da banda Joy Division. Gillian foi convidada para o New Order, nas palavras do próprio Hook em sua biografia Substance: “Queríamos alguém no mesmo patamar e que evoluiria conosco”. Apesar de haver muitas controvérsias a respeito de suas partes de teclado terem sido todas criadas por Sumner (Sumner exclui todas suas composições do álbum Republic, por exemplo), ela mostrou ser uma artista qualificada quando formou juntou com Stephen Morris a dupla de música eletrônica The Other Two.
# Lydia Lunch
Parcialmente polêmica e extremamente talentosa: estes traços se fundem e culminam num perfil artístico altamente instigante. Lunch é um dos principais nomes femininos do universo Pós-Punk. Além de ter deixado um legado musical de imenso brilhantismo, foi atriz e escreveu vários livros. Suas letras são poéticas, sendo geralmente, caracterizadas por versos sublimes e por frases carregadas de intensidade. Somado ao talento, há a brilhante performance de Lydia Lunch, que consegue prender os espectadores em seus shows, apresentando-se de maneira muito criativa, numa mescla de atitudes rebeldes e movimentos sensuais.
# Debbie Harry
Uma das mulheres mais influentes (e sexy!) da história da música. Antes de seguir a carreira musical, era modelo, brevemente fazendo parte de um grupo folk chamado The Wind in the Willows como cantora de apoio. Foi uma figura central no cenário punk, quando formou a banda Blondie, que tinha um som mais voltado para a música disco. Pouco antes da banda se separar, ela foi a primeira rapper a colocar uma música do gênero no topo das paradas com a canção “Rapture”. Ela também tem uma carreira no cinema, em que atuou em mais de 60 filmes. Ela ainda continua a cantar e fazer turnês.
# Patti Smith
Patti Smith é uma artista genial e deslumbrante, cuja trajetória a imortalizou como um dos maiores nomes do Rock. Suas letras são incrivelmente profundas e suas melodias são simplesmente hipnóticas. O tempo passa e esta grande mulher permanece sendo uma dádiva inspiradora em inúmeros aspectos (não apenas em questões musicais, mas certamente também comportamentais). Aliás, além da música, Smith também já publicou vários livros de poesia e todos foram amplamente elogiados.
# Nico
Conhecida por suas canções introspectivas e por ter colaborado com o Velvet Underground em seu primeiro álbum, Nico foi uma das artistas mais misteriosas da década de 70. Antes de seguir uma carreira musical, foi modelo para Vogue, Tempo, Elle, entre outras. Aos 17 anos, foi contratada por Coco Chanel, mas abandonou o trabalho e fugiu para Nova Iorque, onde mais tarde conheceria o excêntrico estilista Andy Warhol e seus companheiros do Velvet Underground. Sua carreira solo influenciou, basicamente, toda a cena pós-punk e gótica que surgiria no final da década de 70, e com frequência, ela era vista com os músicos dessas bandas. Nico faleceu após sofrer uma queda de bicicleta enquanto passava as férias em Ibiza, em 1988.
# Lisa Gerrard
Assim como a sua contemporânea do Cocteau Twins, Elizabeth Fraser, Lisa Gerrard (foto acima) possui uma voz etérea, incomum e vigorosa. Ao lado de seu parceiro de banda, Brendan Perry, ela formou o Dead Can Dance, uma das bandas ecléticas e revolucionárias dos anos 80. Lisa canta em um idioma de sua própria criação e nas palavras da própria: “Eu canto na linguagem do coração. É uma língua inventada que eu criei há um bom tempo. Acredito que comecei a cantar assim por volta dos 12 anos, embora muito mal na época. E eu acreditava que estava conversando com Deus quando cantava naquela língua”.
# Courtney Love
Definitivamente, uma das mulheres mais explosivas do Rock And Roll. Meio Grunge, meio Pop, meio Punk. Difícil definir de maneira simples e curta as suas curiosas alternâncias estilísticas e sua relevância musical, que foram imensamente colaborativas. Sua carreira é marcada por muita atitude e bastante gritaria. De um modo ou de outro, Courtney Love costumava ser cativante.
# Janis Joplin
Uma das vocalistas mais aclamadas de sua época, Janis Joplin era conhecida pelos seus vocais crus, poderosos e desinibidos, e pela vida turbulenta que vivia na década de 70. Marcou presença em dois festivais importantíssimos na história da música, o Monterey Pop Festival, com a ainda desconhecida banda Big Brother and the Holding Company, e no Woodstock, em 1969. Em 1970, ela foi uma das artistas na turnê Festival Express, que reuniu Grateful Dead, The Band, Buddy Guy, Flying Burrito Bros e Delaney & Bonnie & Friends. Janis, infelizmente, faleceu de uma overdose acidental em 4 de Outubro do mesmo ano.
# Jessie Evans
Jessie Evans é uma artista primorosa da qual muito me orgulho em elogiar. Sua carreira é traçada por imensa qualidade musical, na qual seu grandioso talento se destaca, gerando canções maravilhosas, cativantes e inspiradoras. E para nosso orgulho, atualmente Evans reside justamente no Brasil – certamente uma das mulheres mais criativas e brilhantes do cenário musical do país.
# Siouxsie Sioux
Siouxsie Sioux (foto acima) foi o terror feminino de Londres durante a década de setenta. Esta brilhante mulher teve ousadia para subir aos palcos e comandar uma banda, durante um período em que havia soberania masculina no cenário musical. Para isso, precisou se reinventar e consequentemente, desvinculou-se de todos os tradicionalismos vigentes na época, tornando-se assim, uma das mulheres mais originais, inspiradoras e autênticas do Rock And Roll. As letras que escreveu são originais e possuem inspirações em fontes diversificadas e pouco convencionais.
# Patricia Morrison
Patricia Morrison fez parte da primeira geração das bandas punk californianas, quando formou a banda The Bags, com 15 anos de idade! Já bastante popular na cena punk, teve o seu visual marcante copiado pela cena gótica e fez parte de grupos muito influentes no cenário, como The Gun Club, The Sisters of Mercy e The Damned. Atualmente ela é casada com o vocalista do The Damned, Dave Vanian, e gerente da banda.
# Tina Weymouth
Uma das baixistas mais aclamadas de todos os tempos, Tina imortalizou-se por sua participação instrumental no clássico “Pyscho Killer”, principal hit do Talking Heads. Além disso, Tina também teve participações marcantes em outras duas bandas: Gorillaz e Tom Tom Club. Por onde passou, destacou-se.
# Brix Smith Start
Talvez a compositora/guitarrista mais prolífica do The Fall, Brix se juntou à banda depois de vê-los em um show em Chicago no ano de 1983. Durante seus seis anos de colaboração, ela foi a maior responsável em dar uma sonoridade mais pop e acessível às músicas. Posteriormente formou o grupo Brix & The Extricated, com dois antigos membros e antigos colaboradores do The Fall, os irmãos Steve e Paul Hanley.
# Kim Deal
Mais conhecida como antiga baixista do Pixies, Kim Deal possui um estilo marcante com seu baixo percussivo e uma parte tão integral no som da banda que, sem ele, os Pixies não soariam o mesmo (assim como sua voz melódica). Apesar de não fazer mais parte do grupo, ela lidera ao lado de sua irmã gêmea, Kelley, o Breeders, que faria um sucesso mediano com o single “Cannonball” e um expoente importante do rock alternativo na década de 90, sendo admirados por Kurt Cobain e, inclusive, tendo feito uma turnê em conjunto com eles.
“A principal razão pela qual eu gosto deles é pelas suas músicas, pela forma como elas se estruturam e que é totalmente único, muito atmosférico. Eu queria que Kim Deal (vocalista/guitarrista) pudesse compor mais músicas para o Pixies, porque a canção ‘Gigantic’ é a melhor música do Pixies e foi Kim que a compôs” – Kurt Cobain
# Allison Statton
Vocalista tímida e retraída da banda “meteórica” Young Marble Giants, Allison – assim como seus companheiros de banda – não tinha um treinamento formal e ainda assim isso não impediu que ela se tornasse uma grande influência no cenário indie pop que surgiria na década seguinte, tendo como admiradores Courtney Love, Belle and Sebastian e Renato Russo.
# Dolores O’Riordan
Não dá para negar que Dolores O’Riordan se tornou uma das grandes vozes musicais dos anos noventa. Seja em carreira solo ou liderando o The Cranberries, Dolores emocionou o mundo por onde passou e não poderia deixar de ser lembrada nessa lista, seja pela sua energia no palco ou pela sua voz única e marcante.
# Karolina Escarlatina
Deixamos aqui nossa nota de reconhecimento ao excelente trabalho musical da brasileira Karolina Escarlatina, baixista e vocalista do duo Escarlatina Obsessiva. Parabéns pelo talento, pelas conquistas e pelas realizações. Não há dúvidas de que você é uma das mulheres mais incríveis do cenário musical do Brasil. Embora nossa lista seja focada em artistas internacionais, jamais poderíamos deixar de mencioná-la. Sucesso em sua jornada, continue inspirando e se inspirando
Introdução e texto sobre Dolores O’Riordan por John Pereira. Textos sobre Elizabeth Fraser, Lisa Gerrard, Gillian Lesley Gilbert, Debbie Harry, Nico, Janis Joplin, Patricia Morrison, Brix Smith Start, Kim Deal e Allison Statton por Gabriel Marinho.