É algo ainda novo para o brasileiro pensar em festival além da música, seus artistas e os palcos que lá estarão. A tal da experiência ainda causa certo incômodo em uma parcela do publico, principalmente em quem cresceu dentro de um modelo que não pensava além da caixa.
Hoje em dia, o mundo se rendeu a outros formatos na música e nos shows, modelos aos quais a gente ainda tenta se acostumar – haja vista que a aceitação ao streaming ainda encontra resistência no Brasil. Um festival atualmente é mais do que música. Ela ainda está lá, firme e forte, mas aprendeu a conviver com ativações de patrocinadores, brinquedos, com a mescla de estilos e com ensinamentos e conversas.
Antes do Planeta Brasil abrir os portões e colocar os palcos para funcionar, a véspera da sétima edição do festival foi marcada pelo Talks, um projeto promovido em parceria com a UNA e que proporcionou rodas de conversas sobre diversidade, inclusão, arte enquanto transformação e a tão falada busca por um propósito. Contando com nomes como Liniker, Clarice Falcão, Maurício Tizumba, Glória Maria, Bel Coelho, Daiara Tukano e Carol Barreto, entre outros convidados, as conversas transformaram o dia que antecedeu o evento em uma oportunidade de crescimento e enriquecimento para quem compareceu ao Auditório do Mineirão.
Além do foco no Talks, o festival ainda proporcionou a quem bateu ponto cedo no Mineirão a oportunidade de fazer uma visita técnica e conhecer um pouco dos bastidores e da história do Planeta Brasil, que se aproxima dos seus dez anos de existência e, a cada edição, tenta sair de sua zona de conforto. Encarado por muitos como o grande festival de Belo Horizonte – e para outros o único, mostrar essa vontade de crescer e evoluir a cada ano é importante para um evento que experimentou muito, acertou, errou e, acima de tudo, mostra um amadurecimento interessante de se acompanhar, principalmente para quem acompanha a sua história desde a sua primeira edição, lá em 2009.
Ver que o Planeta Brasil busca pensar fora da caixa é um alento em um mercado cada vez mais “engessado” e que parece ter encontrado a sua fórmula do sucesso. Propor discussões e inclusões – seja falando sobre preconceito de gênero, etnia e classe ou abrir espaço para atrações locais – nos fazem olhar para o festival com outros olhos. O surgimento do Talks é interessante para o evento e para que a gente consiga dialogar. Até por isso, é algo que merece ser ampliado para as próximas edições.
Que em 2019 o Talks volte ainda mais forte e com uma maior exposição. Quem sabe até uma transmissão ao vivo para que todas as mensagens ganhem mais amplitude?
O que rolou no Talks?
# Visita Técnica: Um Planeta dentro do Mineirão
Na Visita Técnica, Henrique Chaves – idealizador e coordenador do Festival Planeta Brasil – falou sobre a história e ainda realizou um tour para revelar os bastidores da produção do maior festival de verão de Minas Gerais.
# É preciso se reinventar
Glória Maria levou os participantes a uma reflexão sobre o trabalho em equipe, situação que conhece profundamente. A jornalista abordou também o tema Diversidade e Racismo ao longo da conversa.
# Propósito: ter um faz todo diferença.
A chef Bel Coelho, a estilista e designer de moda Carol Barreto e o autor do livro Escalando Sonhos Gustavo Ziller conversaram com o público sobre essa coisa chamada propósito. Através de vivências e histórias pessoais, os três proporcionaram uma conversa interessante sobre essa noção de propósito e como ele pode te guiar.
# Onde está a diversidade no seu mundo?
A diversidade foi um dos temas principais do Planeta Brasil e, nessa conversa, a cantora Liniker, a ativista indígena Daiara Tukano e o especialista em marketing, inovação social e empreendedorismo João Souza bateram um papo sobre as diferentes experiências sociais e representatividades vividas por eles em seu campo de atuação.
# Arte não deveria ter zona de conforto
Diante de todo o debate e embate sobre arte e censura que marcou o segundo semestre do ano passado, a cantora Clarice Falcão, a professora e artista visual mineira Brígida Campbell e o músico e ator Maurício Tizumba conversaram sobre momentos em que a arte saiu da caixa e, com vários exemplos de recepção negativa ou controversa a arte, falaram sobre os efeitos que os movimentos atuais no Brasil podem causar na arte.