São dez anos de Blackout, o mais icônico disco da carreira de Britney Spears, e consequentemente um dos mais memoráveis da música pop.
O álbum responsável por introduzir e popularizar na música mainstream a junção EDM/Hip-Hop é também um pioneiro estilístico quando se trata de suas letras, que sem pretensão, introduziram na música pop o já corriqueiro estilo “dark” – sombrio, urbano e morbidamente sexual, que serviu e ainda serve de inspiração para vários artistas e seus tópicos polêmicos, embalados por batidas quase hipnóticas que carregam em si o coração pulsante e eufórico do pop em arranjos experimentais, carregando a potência dos atuais lançamentos de artistas inovadores como M.I.A. e Major Lazer, para citar alguns.
Aqui no Audiograma, nós temos alguns fãs declarados do Blackout. O Yuri Carvalho guarda um carinho especial pelo disco até hoje e relembra o período pré lançamento do disco. “Para quem é fã da Britney, assim como eu, sabe a importância deste álbum na carreira dela e como marcou a nossa vida. Após uma série de publicações na mídia sobre sua sanidade mental, claro que todos ficaram com o pé atras e sem saber o que esperar, ainda mais apos o aclamado In The Zone, também considerado um de seus melhores álbuns”, comenta. “As faixas que entraram no álbum são incríveis, assim como as que ficaram para lado B, como a incrível “State Of Grace”, que todos deveriam ouvir”, completa.
A Rachel Brandão também lembra de sua ligação especial com o disco. “O Blackout foi o momento em que a Britney desceu do salto e foi ela mesma, o que me inspirou a fazer o mesmo. “Gimme More” foi meu toque de celular por anos”, revela. Por sua vez, o nosso fotógrafo Diego Concesso é simples e direto ao falar do álbum: “Uma bíblia. Uma era”. Vale lembrar que essa não é a primeira vez que falamos dos dez anos de Blackout aqui no site. Em abril, o Rafael Souza lembrou aqui dos 10 anos do álbum e também fez um texto falando sobre a sua relação com o disco. “Mesmo quem não gosta da artista ou do estilo tem que respeitar um feito como este”, lembra em sua publicação.
Eu penso que o pop não seria o mesmo sem esse álbum, definitivamente. Britney trouxe ao mainstream esse estilo “pop sombrio” que até hoje rende muita coisa em carreiras alheias. Fora que, sonoramente falando, as produções são extremamente inteligentes, os vocais modificados do Danja em “Get Naked (I Got A Plan)”… Não intencionados, eles fizeram um álbum de puro pop experimental.
Como bem lembra o Yuri, podemos dizer que nenhum álbum lançado pela Britney teve o impacto alcançado por Blackout. “Ele não só se tornou um álbum platinado nos Estados Unidos – apenas com a divulgação de clipes e a performance controversa do VMA de 2007 – como mostrou que a Princesa do Pop tinha chegado para ficar”, relembra. “Até hoje, nenhum trabalho da artista se igualou ou chegou perto deste álbum”, completa.
Fazendo jus à esse álbum que é também um acontecimento, o Audiograma traz para você o especial comemorativo de uma década de vida de Blackout publicado pelo renomado portal cultural The Fader, totalmente traduzido. E ó: tá imperdível!
It’s Britney, Bitch!
12 artistas (e Britney) celebram os 10 anos de Blackout.
Matéria escrita por Michelle Lhooq, Owen Myers, Myles Tanzer
Em 2007, Britney Spears passou pelo momento mais difícil de sua vida. As fotos invasivas de seu colapso pessoal e seu nervosismo durante sua performance no VMA, são momentos desconfortáveis e inesquecíveis do legado da cultura pop. Mas o álbum que ela criou em meio a tudo isso é sem dúvidas, o mais importante de sua carreira.
Blackout é uma colisão sombria e pulsante de música club com a eletricidade do hip-hop, servindo a seus fãs como a prova definitiva de que sua cantora favorita não é apenas uma ditadora de tendências e ícone cultural, mas também uma verdadeira artista.
Músicas como “Gimme More”, “Piece of Me” e “Break The Ice” são respostas poderosas e sedutoras para a mídia manipuladora e sua estrutura imprevisível, inconfiável.
Em comemoração a uma década desde seu lançamento, 12 dos mais influentes artistas envolvidos no álbum e fãs de Blackout – além da própria lendária Britney Spears – falam sobre os segredos das sessões de gravação, do legado do disco e de como Spears deu forma aos últimos 10 anos na música pop.
Britney Spears, a lenda viva.
Blackout foi a primeira vez que trabalhei com Danja (produtor), e ele me deu a oportunidade e a liberdade para trabalhar com mais sonoridades urbanas e influências. Isso realmente me inspirou! E também tive a chance de cantar mais e usar minha voz de formas que eu não havia feito antes. A mágica de Blackout foi na verdade muito simples. Simplesmente não foi tão pensado. Eu só fazia o que eu sentia que era certo e funcionava. Às vezes menos é mais eu acho.
Eu continuo performando “Freakshow” no meu show em Vegas – é uma das minhas músicas favoritas que nunca foi lançada como single. É uma música muito divertida e me dá a chance de ter a audiência envolvida. Eu adoro! É uma música atrevida. E eu amo coisas atrevidas!
Charli XCX, fã por toda vida.
Eu sempre fui uma mega fã da Britney. Quando eu era mais nova, eu estava obcecada com os primeiros dois álbuns, e quando Blackout foi lançado, foi a primeira vez que eu vi vários amigos meus virarem fãs também. Foi ali que Britney se tornou globalmente legal. A sonoridade desse álbum é tão inovadora pra mim – ela trabalhou com produtores realmente interessantes nesse álbum, e a combinação de tudo isso foi tão num próximo nível. Eu me lembro de pensar em como as músicas estavam a frente de seu tempo. Elas poderiam tocar no rádio até hoje.
Crescendo, você sabe, eu me lembro de não ter MTV ou algo do tipo, então eu assistia o vídeo de “Baby One More Time”, eu acho que no jornal ou algo parecido. Tipo no noticiário britânico, eles noticiaram isso naquela época, como se fosse algo escandaloso mas um clipe pop elevado a outro nível. Basicamente, eu só queria ser ela, então eu penso que ela foi minha primeira grande referência pop. Ela é a estrela com qual eu cresci, mais do que Madonna ou Cher, ou qualquer outra dessas. Britney foi a pessoa pra mim.
Danja, pioneiro musical e produtor.
Eu não pensei em “música pop” enquanto criava Blackout. Eu estava imerso na música Dance e EDM naquela época, mas isso ainda não era mainstream. Eu fui pra uma boate em Miami várias vezes só para ver a atmosfera. Todo mundo dançava “Satisfaction” de Benny Benassi e Tiesto, literalmente numa trance. Eu fiquei tipo: “É isso! Se minha música não faz você se sentir desse jeito, o que estamos fazendo?”. Eu não pensei em nenhuma outra coisa senão trazer aquela essência pra cultura pop.
Você já viu essa princesinha do pop numa faixa “descarada”? Tipo caramelo; chique, quase enjoativamente doce, mas tão bom ao mesmo tempo… Isso é o que eu estava intencionado a fazer. Eu queria que as pessoas fizessem uma cara de estranhamento quando escutasse. Tipo em “Get Back”, uma das faixas bônus do álbum, era energética e parecia um videogame – os tambores distorciam um pouco, um sintetizador sombrio que tinha uma pegada sacana e uma boa linha de baixo melódica. O som do baixo parecia ter mais tons. É isso que eu usei pra fazer o groove, não o Roland 808 ou subcamadas com o baixo. Até mesmo em “Gimme More” – aquele som de ‘vroom vroom’ – tudo era distinto e tinha características.
Não tinha muitas coisas pré-planejadas quando estávamos em estúdio – seguimos o fluxo. Nós pudemos criar sem nenhuma interrupção ou alguém pra nos dar uma direção concreta. Por isso que eu penso que parte de Blackout da qual eu faço parte terminou sendo o que é. Tínhamos total liberdade.
Ela estava passando por mais coisas em sua vida pessoal do que sabíamos naquela época, e as coisas ficaram um pouco loucas quando estávamos mergulhados no projeto. Mas de modo geral, durante todo o processo ela era muito presente, atenciosa e participativa. Ela foi uma das pessoas mais simples com quem já trabalhei – ela cantava não importava quantas vezes tinha de repetir aquilo até conseguirmos finalizar.
Você consegue saber o que ela pensava da música por pura linguagem corporal, ela não precisava falar nada. Ela cantava focada na letra e melodia, mas ela fazia isso dançando. Você escuta histórias sobre o Michael Jackson fazendo coreografias completas enquanto gravava algumas de suas músicas e era a mesma coisa com ela. Eu queria me certificar de estar fazendo batidas que ela poderia dançar, algo forte, nervoso com subtons de hip-hop. Quando percebi que era isso que ela queria fazer, foi ali que fiquei.
Se você escutar o rádio agora e ver as faixas que estão em alta no iTunes, todo artista pop tem algo com um apelo urbano, grooves de hip-hop, e quanto as cantoras pop, Britney que começou isso. Ela fez parecer “OK’ despencar um pouco; falar merda, ter um baixo mais agressivo e tambores. E tudo isso começou no CLUBSPACE, em Miami.
Maria Minerva, artista de música experimental.
Lá no início dos anos 2000, todos os impulsos inocentes do pop sueco estavam caindo pra fora da cena e o exibicionismo e as contrações sombrias que costumavam ser reprimidas começaram a ocupar a linha de frente do pop. Blackout estava repleto de inflûencias que você nunca escutaria no pop antes disso. É um pequeno passo que separa o electro-house de Blackout das oscilantes mixagens de garagem ou pegada dubstep que está em todo lugar no pop hoje em dia. Há várias faixas no álbum que tem isso. Tem também a mistura que Danja fez com batidas dance e hip-hop – e essa combinação se tornou a linguagem principal da música pop cinco anos mais tarde. Dessa forma, o álbum era 100% a frente de seu tempo.
“Get Naked (I Got a Plan)” é definitivamente minha música favorita. Era meio que um hino pra mim e um dos meus amigos mais velhos. Ele era um cara gay na Estônia, e de onde eu venho tem um longo e doloroso histórico de repressão ao público LGBTQ. Eu vi aqueles jovens meninos gays na Estônia escutando Britney, ela era o plano de fundo enquanto minha geração cresceu. Isso tava no fundo da minha cabeça quando eu coloquei o riff de “Slave 4 U” em uma música minha de 2011 chamada “Another Time and Place”. Mesmo não tendo o inglês como idioma nativo, aquela letra ficou enraizada no meu cérebro.
Eu vivo em Calabasas (nas redondezas de LA), onde Britney morava no ano em que Blackout foi lançado. É aqui que ela veio se recuperar e eu agora entendo o porquê! É como viver no oeste selvagem – tem cavalos por todo lado, nenhuma agitação. Eu realmente sinto uma conexão espiritual, porque é um lugar que as pessoas vem para não serem encontradas, e é isso que eu estou fazendo agora, 10 anos depois.
Keri Hilson, colaboradora fiel.
Foi uma época tumultuosa. Os paparazzis literalmente subiam nas árvores ao redor do estúdio pra tentar capturar uma foto dela com os filhos. Eles estavam a seguindo e assediando, então a segurança do estúdio em que trabalhávamos era altíssima.
Eu me sentia muito mal por ela. Mas quando Britney colocava o pé no estúdio, ela estava focada, e tão agradável por estar por perto – mesmo que só tivéssemos duras horas com ela, como foi o caso de alguns dias. Uma vez ela recebeu uma ligação e desapareceu do estúdio. Ela leva isso tão a sério, e uma artista que leva seu trabalho a sério tem o reconhecimento quando não pode dar 100% de si naquele dia, para proteger sua arte. Eu respeito isso bem mais do que um artista que vem ao estúdio pra ficar fazendo hora com sua cara.
Foi nos dada a orientação específica de que ela não queria fazer música para parodiar sua vida pessoal. Então nós pensamos: “Ok! Então vamos criar um mundo fantasioso que ela seria feliz por viver nele”. Nós trabalhamos alguns dias na casa dela e também no The Palms Studios em Vegas – coisa de uma semana ou mais. Nós também fomos pro Conway Studios em Los Angeles. Eu diria que gastamos duas semanas ou um mês no “Modo Britney”. As músicas que criamos – “Gimme More”, “Break The Ice”, “Perfect Lover” e “Outta This World” – foram grande parte do pouco tempo que tivemos com Britney. Ela não escreveu nenhuma das músicas que fizemos – nós escrevíamos e eu gravava uma versão demo enquanto esperávamos ela chegar. Eu estou nos backing vocals de tudo que fizemos, porque ela queria se concentrar em seu envolvimento com o projeto e nos vocais principais. Quando tocamos pra ela minha demo de “Break The Ice”, ela não quis gravar os backing vocals da música. Honestamente, eu acho que ela falou algo do tipo “De qualquer forma, soa como eu cantando”.
“Gimme More” aconteceu no Conway – Danja tinha feito a batida e todos no estúdio ficaram arrepiados com aquilo e eu comecei a cantar “gimme gimme, gimme, gimme gimme” sob o ritmo do final da música. Foi tão simples! Eu acredito que foi Jim Beanz que chegou com o “It’s Britney Bitch”. Tava todo mundo se divertindo no estúdio, e eu me lembro de ter dito pra ele “Faz isso, você tem que fazer isso! Coloca isso na letra!”. Lembro que ele ficou um pouco receoso, tipo “Como ela vai se sentir?” e eu disse “É desse jeito que ela vai se sentir!”, é bem convencido, e nós simplesmente queremos que ela se sinta assim em relação ao disco. Ela tem o que eu chamo de “fator do foda-se”, ela foi meio que obrigada a desenvolver isso e o “fator do foda-se” é quando o artista faz algo audaz, inovador e pensa da seguinte forma: “Eu sei que isso não é o convencional e eu sei que não é por isso que eles me amam, mas foda-se”.
Robin Carolan, chefe da Tri Angle Records.
Blackout inspirou e continua inspirando a música pop mais do que qualquer álbum nos últimos 15 anos, mais até que obras amplamente reconhecidas, como o álbum de Justin Timberlake, FutureSex/LoveSounds. Esse álbum inaugurou novas formas de processamento vocal que são genuinamente inovadoras, bizarras e que às vezes fazem você se sentir incomodado, desconfortável. Isso mostrou que a música pop pode ser desarticulada, desorientadora e por vez até feia, mas ainda sim clássica e poderosa.
Se você quer ver uma boate gay explodir, peça “Gimme More” e espere o “It’s Britney, bitch” tocar – uma verdadeira declaração de sobrevivência e superação. Há 10 anos atrás, revistas escreveram a certidão de óbito de Britney Spears. Ninguém nunca testemunhou alguém tão famoso ser desmanchado em público de forma tão violenta. O fato de Britney ter sobrevivido a tudo isso faz com que essas três palavras (It’s Britney, Bitch) sejam muito mais importantes hoje.
O público LGBTQ sempre olhou para seus ícones musicais como fonte de inspiração ou força. Hinos de protesto podem ser armas e as vezes armaduras – mas as vezes nós também queremos músicas para mexer e se acabar de tanto dançar. Nos dias de hoje todo mundo fala de música pop seriamente, mas quando eu era mais novo, ser fã de música pop, especialmente sendo um garoto, era um problema. Em outros termos era sinônimo que você fosse gay.
Eu sempre achei meu amor por música pop algo desafiador, mas depois que Blackout foi lançado, eu parei de me sentir envergonhado em falar de forma grandiosa sobre álbuns pop. Sem isso, de forma alguma eu teria coragem de abrir meu estúdio (Tri Angle Records), com um álbum em tributo à Lindsay Lohan sabendo de como isso poderia me expor ao ridículo. Foi um definitivo dedo do meio pra quem subestima a música pop e pra outras pessoas – a maioria homens heterossexuais – me dizendo o que é o “certo”.
TINASHE, expert em canções desconhecidas por não-fãs.
Eu sempre me senti atraída pela produção que causa uma sensação sombria, de algo perigoso, provocantes. Mas ao mesmo tempo, Britney tem aquela voz doce e traz toda aquela energia borbulhante. Ela é capaz de interligar inocência e sensualidade – ela consegue andar nessa linha invisível entre as duas coisas, eu sempre amei isso.
Eu usei o sample de “Blur” da Britney em uma das minhas primeiras músicas, “Can’t Say No”, porque eu realmente amei aquela batida. É uma música não tão famosa e subestimada de Britney, então eu pensei que seria legal fazer minha própria versão. Eu também não tinha acesso as minhas próprias batidas naquela época, então eu tive que ser criativa.
Foi muito surreal trabalhar com ela em “Slumber Party”. Quando estávamos ensaiando, foi muito legal ver ela fazendo as coisas do jeito dela, quando ela fica na frente de um espelho, dá pra ver que que ela fica super confortável, aquele é realmente o lugar dela.
Total Freedom, DJ inovador.
Quando eu escutei Blackout pela primeira vez, eu era muito fã de Keri Hilson e Danja, então eu fiquei bastante animado pra escutar as músicas que eles escreveram/produziram para aquele ícone pop. E também foi o primeiro projeto de Danja sem ser um ghost producer do Timbaland.
Blackout é como um brinquedo enlouquecido, é divertido, muito Britney e pop, mas tudo soa um pouco sombrio. Naquela época, ninguém esperava escutar vocais estilhaçados numa música pop, mesmo sabendo que no cenário alternativo da dance music já trabalhavam com isso. Agora com esse crossover entre os dois mundos – tipo Major Lazer e a popularidade deles – quase todas as músicas pop são mais lentas, picadas, extremamente “copiar e colar”, como uma colagem. Nada mais é linear.
A época que o álbum foi lançado foi a época de transição que revelou o que as mídias sociais e os reality shows da TV iriam se tornam – câmeras em todos que estão vivos, especialmente celebridades. Nós estávamos do lado de fora vendo isso começar a acontecer, e ela estava no meio de tudo isso. Enquanto todos a tratavam como um escândalo público – e não como uma artista, ela teve força e poder suficiente pra fazer um álbum tão incrível. “Why Should I Be Sad” no fim do álbum, produzida por Pharrell e The Neptunes, continua sendo uma das músicas com mais significado de todos os tempos. É realmente emocional – mais do que qualquer música que Britney já fez antes.
Quando se trata de grandes nomes do pop que tem muitas mãos envolvidas em seus projetos, é difícil dizer quão orquestradas as coisas são para vender, ao contrário da expressão artística que fruto espontâneo da vida pessoal do artista. Mas essa música em particular é uma linda forma de encerrar o álbum – é ela virando as costas pra todas as expectativas alheias para com ela. Ela passou por toda essa situação, e conseguiu passar, viver a vida dela e fazer as coisas dela. Eu continuo escutando essa música; é tão poderosa.
Julia Michaels, nova mente intelectual do pop
Blackout foi tão influente. Não apenas por ter uma produção inteligente, mas pra mim, como letrista, “Gimme More” foi uma super influência. Os versos em estilo de conversa que contam toda uma história definiram definitivamente a forma com que eu e provavelmente muitas pessoas compõem. Britney está sempre a frente da curva, na sonoridade, estilo, sempre! Cada álbum que ela já fez foi assim! Ela é um ícone.
Eu acho que as pessoas não percebem o quão envolvida ela é em estúdio. Os instintos do pop estão tão enraizados no cérebro dela que basta você tocar um acorde na guitarra e ela vai começar a cantar a melodia mais incrível que você poderia escutar. Ela vai ter um conceito pronto. Ela vai ter uma letra pronta. Eu não acho que as pessoas dão os devidos créditos a ela. Eles tem a visto como “Britney Spears” e como uma incrível performer, dançarina. Eu não acho que as pessoas sabem que ela escreve. Quando estávamos trabalhando no Glory, tudo que ela falava literalmente soava como o rádio. Ficamos tipo: “Sim. Vamos usar isso! Sim! Está pronto”. Foi incrível.
ASMA, produtor exploratório
As vezes quando as pessoas pensam em música pop, eles pensam em tudo perfeito, nos lugares certinhos, atingindo as notas certas.
Em Blackout, Britney perturbou esse conceito. As letras e a produção pareciam sujas – a qualidade não era tão limpa, os efeitos adicionais como a gagueira em “Piece of Me” davam ênfase ao som digital em sua voz. Algumas dessas tomadas nesse álbum foram tão visionárias para a música pop. Não é que ninguém não tenha feito isso antes, mas Britney fazendo aquilo era tipo; Caramba!
Ela realmente consegue misturar escuridão com algo barato, ou experimental e pop, de um jeito que é tão perfeito, que você fica maravilhado! Como DJs, nós misturamos diferentes mundos da música constantemente; e existem tantos micro-mundos entre gêneros. Eu não sou um DJ que toca um só gênero – eu toco vários e vejo onde os mundos colidem e fazem sentido juntos. Isso é super inspirado pelo que ela fez.
HAIM, membras orgulhosas do exército de Britney
DANIELLE: Eu acho que não é segredo que nós amamos Britney Spears. Nós fizemos um monte de shows dedicados a ela em rádios e tocamos “Break The Ice”, que é minha música favorita da Britney. Sinto que Britney fez realmente o que ela queria fazer com esse álbum, que era tão inovador para aquela época, saindo dos álbuns que ela era certinha, apropriada. Esse disco foi lançado e eu senti que era ela sendo ela de verdade, sem deixar ninguém dizer a ela o que fazer.
ALANA: Criando as regras e quebrando as regras.
ESTE: Quando “Gimme More” saiu, eu me lembro de ficar no meu quarto – eu tinha começado a estudar na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles) – fazendo a coreografia em frente ao espelho pra mim mesma. “Piece Of Me” me lembrou “Leave Me Alone” do Michael Jackson. Ela jogou na cara de todo mundo o que falavam dela pelas costas, e eu amei quando ela fez isso.
DANIELLE: Cada frase em “Piece Of Me” é tipo – ela foi lá. Ela está tão confiante e irreverente. Honestamente, eu acho que ela realmente não consegue fazer algo errado. Eu amo o fato de que ela é tão forte em suas convicções e faz o que quiser.
ALANA: Tom Coyne masterizou esse disco e ele é bombástico. Todas as faixas são tão boas. Eu adoro o fato de que “Radar” está nesse álbum e em Circus porque não foi um single do Blackout mas ela ficou tipo: “Foda-se. Eu vou fazer desse um single do meu próximo álbum”. Ela simplesmente não liga, e isso é tão legal. É a coisa mais legal de todas.
Tradução adaptada por Matheus Gouthier.