BH comemorou o Dia da Música em grande estilo. Além de uma noite autoral gratuita n’A Obra, a região da Savassi recebeu o Biquíni Cavadão no KM de Vantagens Hall – antigo Chevrolet Hall (um dia você acostuma a falar o nome do lugar, relaxa).
A banda sempre teve uma relação intensa com a capital mineira. Na época em que a rádio 98FM produzia o festival Pop Rock Brasil, o Biquíni foi recordista de participações. Infelizmente, por algum tipo de lapso mental, eu nunca havia visto um show dos caras ao vivo até essa noite fria de junho. Agora só falta o Ultraje a Rigor para dizer com orgulho que vi todas as principais bandas nacionais de rock que surgiram a partir dos anos 1980.
Essa relação intensa do Biquíni com os mineiros ficou evidente logo nos minutos iniciais da apresentação. Dois anos após o último show na terra do pão de queijo e dos butecos, os fãs insanos cantaram e pularam alto para compensar o tempo perdido. “Zé Ninguém”, com um beat mais acelerado, ganhou os mineiros e deixou o resto da noite fácil para a banda desfilar velhos hits e canções de As Voltas que o Mundo Dá, trabalho lançado em 2017.
A troca de energia é sempre detalhe crucial para um show ser inesquecível e o Biquíni não poupou esforços para garantir a experiência dos fãs. O legal foi ver a presença de palco do baixista Marcelo Magal, que assumiu os graves após a saída de Patrick Laplan em 2008 (que, por sua vez, era o substituto do baixista original Sheik, que deixou a banda no começo dos anos 2000).
Ao contrário do que acontece com algumas apresentações dos velhos guerreiros do rock nacional, não existiu piloto automático com o Biquíni Cavadão. Isso faz uma diferença tremenda para quem está ali na pista assistindo o show. Gosto de reparar nas pessoas (as esquisitas, principalmente) e notei que, pelo menos no lugar em que eu estava, o celular foi deixado de lado pela maioria das pessoas, que se permitiram viver a experiência.
No entanto, é preciso fazer uma nota especial para o casal que era tão fã de BC que estava tentando ouvir um vídeo da banda no YouTube (Sério). Também quero registrar o tiozão que estava atrás de um quiosque e fazia questão de chamar a atenção de todo mundo e tascar um beijo na esposa. Ela estava meio sóbria demais para curtir aquelas declarações de amor explícitas, mas ele simplesmente estava em algum lugar do tempo viajando em “Chove Chuva”, “É Impossível”, “Vento Ventania”, ou qualquer outro clássico que a banda tocava no palco.
Quem viveu para se presentear com um pouco da história do rock nacional ao lado do Biquíni Cavadão voltou para casa com a certeza de que não tinha forma melhor de aproveitar o dia da música em Belo Horizonte. Esse jovem de 31 anos agradece pela noite.
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Fotos: John Pereira | Veja mais fotos do show em nossa galeria.