Digam o que quiserem do Metallica: de arroz de festa até sinônimo de garantia de ingressos vendidos num festival, mas são eles os responsáveis em transformar o Lollapalooza Brasil num evento de respeito.
Diante tantas bandinhas jovens e sem pegada, é de doer que os tiozões do Metallica representem o ponto fora da curva e uma das poucas atrações capazes de fazer o chão do Autódromo de Interlagos tremer mais do que Ayrton Senna fazia com o motor da sua McLaren.
Eu mesmo sou um que já criticou o Metallica num passado recente. Afinal, Death Magnetic, disco anterior, foi lançado a quase 10 anos e as frequentes visitas da banda no Brasil eram sempre iguais. Tenho um preconceito com quem faz show igual, como o cara de pau do Dave Grohl e seu Foo Fighters que “diz” fazer apresentações “épicas” de “três horas de duração”. Ai meu saco.
Aí James Hetfield e cia lançam um dos discos mais sensacionais de 2016 e mandam todos os haters calarem a boca. A banda está mais viva, agressiva e relevante do que nunca. Por isso, tratei de fazer um Pintando os 7 especial dedicado para a passagem do Metallica no Lollapalooza. Confira:
1) “Hardwired”
Durante os últimos anos, eu comentei várias vezes com o John (Pereira, nosso editor) que “duvidava” da capacidade do Metallica em produzir material novo de qualidade. “Hardwired” veio como uma voadora na minha boca. Mostrei para o pessoal da minha ex-banda, que não deu moral. Por isso é ex-banda… “Hardwired” é um tapa na cabeça que te deixa zonzo por horas e com a impressão de que voltamos para os anos 80 e a tal melhor fase da banda com Cliff Burton.
2) “Atlas, Rise”
Essa riff da introdução é um orgasmo para qualquer guitarrista/baixista. Por definição, é um verdadeiro sonho para nós, headbangers. Existem várias quebras ao longo dos seus 6 minutos de duração e o resultado disso apenas nos deixa ainda mais animados com essas belezinhas que o Metallica escreveu para o disco mais recente.
3) “Now That We’re Dead”
Lembro da primeira vez que ouvi esse disco novo inteiro e a cada nova faixa ficava tentando me convencer que “a próxima será uma bosta”. Não aconteceu. O mais louco é que eu gostava cada vez mais das faixas e ficava indeciso sobre a minha favorita, mas a quebra no refrão de “Now That We’re Dead” é apaixonante.
4) “Moth Into Flame”
Você nem precisa ser fã do Metallica ou gostar de trash metal para descobrir que existe um headbanger dentro de você. Ouvir “Moth into Flame” é um irresistível convite para balançar a cabeça freneticamente. É aquele tipo de coisa que você começa sem perceber.
5) “Dream no More”
Torço para que o Metallica decida aloprar e surpreender tocando mais faixas do novo disco, ou que inclua “Dream no More” no pacote. Uma das melhores faixas do Hardwired… to Self-Destruct, Hetfield parece evocar o espírito de Layne Staley, do Alice in Chains, e essa mistura faz jus ao “dream” que batiza a faixa.
6) “Spit out the Bone”
Acho que existem coisas na vida de uma pessoa que ela precisa presenciar um dia. Um mosh insano na frente do palco principal do Lollapalooza ao som de “Spit out the Bone” me parece algo necessário, mas infelizmente, a faixa não faz parte do repertório (previsível) que o Metallica irá tocar em São Paulo no final do mês.
7) “For Whom the Bell Tolls”
Metallica voltou a ser uma banda de respeito a partir da entrada de Robert Trujillo substituindo aquele fanfarrão do Jason Newsted. Ao finalmente encontrar um baixista que faça jus ao legado do cara responsável pelo Metallica ter feito sucesso nos anos 80, a banda começou a reencontrar o seu caminho. Hardwired… to Self-Destruct é uma obra-prima na discografia desses caras e nos faz esquecer as porcarias do passado, o tempo que passaram colhendo louros sem ter que trabalhar de verdade, dentre outros problemas.
“For Whom the Bell Tolls” é um hino para baixistas e música obrigatória no repertório do Metallica.
Não deixe de conferir o nosso aquecimento para o Lollapalooza Brasil com dicas, todas as informações e material exclusivo sobre as atrações do festival.