2017 é um ano especial para o Punk Rock, pois marca os quarenta da anos do aclamado e famoso PUNK 77. 1977 foi um período decisivo para o referido gênero musical, durante esse ano, houve uma eclosão de bandas do gênero que movimentaram apaixonadamente o cenário underground mundial.
O Audiograma não deixaria que este momento tão especial passasse em branco. Por isso, Juliana Vannucchi e Gabriel Marinho, dois grandes admiradores a apreciadores de doses (quase letais ou… vitais?) de PUNK, selecionaram, listaram e escreveram algumas linhas sobre álbuns lançados em 1977, e que foram responsáveis por mudar os rumos da história do Rock And Roll.
# The Heartbreakers – L.A.M.F.
O The Heatbreakers foi formado por Johnny Thunders e Jerry Nolan, membros icônicos do então extinto New York Dolls. Foi uma das bandas mais caóticas de sua geração, eram uma verdadeira bomba-relógio, devido ao constante uso de drogas e brigas. Apesar de todos os problemas internos, a banda consolidou-se no cenário musical londrino com uma legião de seguidores. mesmo sendo o seu primeiro e único álbum tendo sido mal recebido pela crítica. O L.A.M.F. foi o primeiro álbum por eles lançado, e se caracteriza por ser uma mistura pesada e cru de Punk Rock com uma pegada clássica de Rock And Roll, tendo hinos como “Born to Lose” e “Chinese Rocks”, sendo esta última escrita por Dee Dee Ramone e Richard Hell, duas feras da história do Punk! [GM]
# Dead Boys – Young, Loud And Snotty
Os Dead Boys surgiram das cinzas da banda Rock From The Tombs (assim como o Pere Ubu), mas ao invés de adotarem o som mais pesado da antiga banda, apostaram em um som mais Punk e foram considerados uma das bandas mais agressivas e violentas de sua era. O seu primeiro álbum, Young, Loud and Snotty, trouxe um dos hinos mais conhecidos do referido gênero musical, a aclamada faixa “Sonic Reducer”. [GM]
# Richard Hell & the Voidoids – Blank Generation
Richard Hell foi um dos pioneiros do estilo e da ideologia do Punk Rock, de tal forma que não devemos falar sobre este gênero, sem mencionarmos este jovem visionário rebelde. Antes de lançar o álbum Blank Generation, fez parte do Television, banda na qual, durante sua passagem, o levou a conquistar enorme notoriedade. Richard carregou em sua música a essência da “geração oca” (blank generation) do mundo todo, tornando-se um porta-voz de sua geração. Até hoje é uma das figuras mais respeitadas da história do Rock And Roll. Este álbum possui duas pérolas: “New Pleasure” e o lendário hino “Blank Generation”. [JV]
# Sex Pistols – Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols
Um álbum que, independentemente de ser amado ou odiado, deixou sua assinatura na história do Rock And Roll e até hoje, continua sendo pauta de inúmeras discussões. As letras ácidas e despojadas do Never Mind the Bollocks renderam inúmeros problemas ao Sex Pistols, e quando foi lançado, muitos exemplares deste álbum chegaram a ser retirados de grande parte do comércio Londres. Para se ter uma ideia da grandiosidade da polêmica, a BBC e a Autoridade Independente de Radiodifusão da Inglaterra simplesmente recusaram-se a tocar “God Save The Queen”. Além disso, a banda chegou a ser proibida de tocar em solo londrino… Não foi problema, pois os músicos do Pistols alugaram um barco e tocaram em meio ao rio Tâmisa, bem na frente ao Palácio de Westminster. Sempre provocativos e, convenhamos, corajosos. [JV]
# The Dictators – Manifest Destiny
Segundo álbum que o The Dictators colocou no mercado, e geralmente considerado um… fracasso. Mas claro, há quem discorde deste rótulo habitual. Eu mesma, acho que o som do The Dictators, tanto neste álbum quanto em outros, é qualificado. Essa banda pegou carona numa composição um tanto clichê do Punk Rock (certamente por isso recebam algumas críticas de cunho negativo), mas, por outro lado, esta carona os levou para um destino que tornou-os inesquecíveis (especialmente pelos trabalhos pós 77). De qualquer maneira, é um álbum válido e bem agradável, com as “mesmices” que os punks geralmente adoram (enfim, da pra bater cabeça)! [JV]
# Ramones – Leave Home
Considerados como uma das ou a banda que deu origem ao Punk. O Rock não seria o mesmo se os quatro garotos problemáticos de Forest Hills não tivessem decidido formar uma banda, mesmo sem saber tocar os seus instrumentos. Este segundo álbum do Ramones possuiu uma produção mais limpa e acessível que o seu álbum de estreia, além de ter canções mais rápidas e mais sofisticadas. O Leave Home trouxe alguns clássicos como “Glad To See You Go”, “Gimme Gimme Shock Treatment” e “Commando”. A canção “Carbona Not Glue” foi retirada do lançamento original para que o Ramones não fosse processado por uma marca corporativa chamada Carbona… É… [GM]
# Wire – Pink Flag
O Pink Flag possui uma série de músicas qualificadas e que facilmente grudam na mente dos ouvintes, além de serem um convite para boas chacoalhadas de cabeça! As faixas são tocadas com velocidade e algumas canções são rápidas, não tendo nem ao menos um minuto de duração. Na íntegra, o álbum é uma pérola fascinante e que, a cada música rodada, convida o espectador a amar cada vez mais esta icônica banda. [JV]
# The Damned – Damned, Damned, Damned
O The Damned começou sua carreira com uma sonoridade essencialmente Punk. Posteriormente, a banda mudou seus rumos e tornou-se mais obscura. Quando estrearam em Londres no ano de 1976, tocando ao lado do Sex Pistols no 100 Club, já anunciaram que iriam bagunçar o cenário musical! O Damned, Damned, Damned possui a aura típica do Punk Rock e carrega algumas faixas que se eternizaram na carreira da banda, como, por exemplo, a bombástica “Neat, Neat, Neat”, além da clássica “New Rose”, da empolgante “Fan Club”… “I Fall”, “Stab Your Back”… e mais! [JV]
# The Clash – The Clash
O The Clash certamente foi a banda Punk mais política que surgiu na década de 70. Engajados na ideologia da esquerda, muitas de suas canções demostrava revolta com o governo conservador da sua época. O seu primeiro álbum é repleto de ataques críticos e essa característica se mostra em diversas canções como, por exemplo, “Remote Control”, “I’m So Bored With The USA” e “Career Oportunities”. O mesmo álbum trouxe também clássicos como “White Riot” e “London’s Burning”. [GM]
# Television – Marquee Moon
O Television foi, sem sombra de dúvidas, uma das bandas mais originais surgidas na cena Punk. As faixas do Marquee Moon fogem do padrão que permeava a maior parte dos álbuns do gênero, e ele é composto por músicas longas, letras poéticas e grande solidez instrumental. A guitarra tocada em algumas faixas soa deliciosamente envolvente e é acalentada por uma aura especial que surge com os timbres brilhantemente enlouquecidos do singular vocal de Tom Verlaine. [JV]
# Suicide – Suicide
Extremamente peculiar, o Suicide mesclou a sonoridade Punk com ruídos anacrônicos (parcialmente bizarros) e assim deu vida a uma sonoridade bem diferenciada da que as outras bandas do gênero costumavam produzir. Além disso, as letras possuem abordagens críticas (exemplo: “Frankie Teardrop”) e são de imensa criatividade. Não se fala em Punk Rock sem mencionar estes gênios. [JV]
# Talking Heads – Talking Heads 77
Formada por estudantes de arte, o Talking Heads soube mesclar sons de New Wave, Funk e World Music com uma nítida dose de agressividade tipicamente Punk. Apesar de serem mais comerciais que os seus contemporâneos e terem seguido rumos cada vez mais ecléticos afastado-se da cena, o primeiro álbum da banda ainda possui um certo flerte com a cena do CBGB e Max Kansa’s City, dois berços do Punk norte-americano da qual a banda fazia parte. O álbum trouxe consigo uma das canções mais emblemáticas da banda, “Psycho Killer”. [GM]
# The Saints – (I’m) Stranded
A banda Punk mais famosa da Austrália, o The Saints começou em 1974 e logo se tornaram o primeiro representante do gênero fora dos Estados Unidos a lançar um single. Apesar de mais tarde a banda ter seguido um rumo diferente, com um som mais alternativo e Pós-Punk, o seu primeiro álbum, (I’m) Stranded, possui a marca registrada do Punk Rock: guitarras distorcidas, sujas e canções rápidas. O guitarrista da banda, Ed Kuepper, explicou que o principal motivo das canções serem tão frenéticas, é porque os membros do The Saints se sentiam nervosos na frente do público, e por isso tocavam cada vez mais rápido. [GM]
# The Stranglers – No More Heroes
Um Punk “pouco Punk” ou “menos Punk”. Este é o No More Heroes, um clássico cheio de esquisitices melódicas e ousadias na construção musical. Um trabalho que fugiu um pouco dos convencionalismos tradicionais do gênero, sendo que estas características diferenciadas foram exatamente os fatores que renderem sucesso ao The Stranglers. Para quem quer escapar um pouco do citado tradicionalismo, mas sem fugir das raízes do movimento, esta banda é perfeita. Destaca para o tecladista que fez sons espetaculares neste álbum! Também é divertido assistir vídeos com o baterista tocando de pé… [JV]
# Eddie and the Hot Roads – Life On The Line
Eddie and the Hot Rods foram uma das poucas bandas de pub rock que conseguiram fazer a transição de seu antigo gênero ao punk rock e fazer sucesso. Bastantes influentes na cena inglesa, chegaram a ter os Sex Pistols como banda de apoio em um show no Marquee Club, o primeiro show da banda em Londres, em que os integrantes destruíram o equipamento do Hot Rods. Life on the Line apresenta uma linha de som punk bem melódica e new wave, e traz o maior hit da banda, “Do Anything You Wanna Do”. [GM]
# The Jam – In The City
A versão feita pelo The Jam para a música tema do Batman já vale a carreira inteira!! Apesar de terem gravado mais cinco álbuns de estúdio além do In The City, este, provavelmente foi o trabalho de maior potencial e de destaque da banda. Monstruoso, arrebatador e cativante, esta pérola é sempre muito bem-vinda. Apesar do The Jam ser tipicamente (ou originalmente Punk), a banda moldou-se através de várias influências, como, por exemplo música Beat, Rock Psicodélico e Soul. [JV]
# Iggy Pop – Lust For Life
Iggy Pop é o padrinho do Punk, e uma imensa influência na cena que surgiu na década de 70. É impossível mencionar o gênero sem se lembrar de seu trabalho com a banda The Stooges. O seu segundo álbum tem um som mais rock and roll, ao contrário do seu sombrio antecessor The Idiot, e é considerado por muitos como o seu magnum opus, sendo “The Passenger”, inclusa no álbum, uma das canções mais regravadas do artista. [GM]
# The Vibrators – Pure Mania
O The Vibrators sacudiu os solos londrinos em 77, principalmente pelo single “Baby, Baby”, com uma deliciosa guitarra que dá o tom à toda a música. Tornaram-se um marco respeitadíssimo na história do Punk britânico e viajar através dos acordes barulhantos do Pure Mania é um prazer ao qual qualquer admirador do gênero, certamente de sentir. [JV]