O Paralamas do Sucesso visitou Belo Horizonte em 2013 (lançamento da turnê comemorativa dos 30 anos da banda), em 2014 (e você pode ler o review completo aqui), e agora em 2016, fizeram aquele que pode ser considerado como o canto de cisne dessa tour que já completa três anos dando sinais de desgaste.
Se em 2014, a casa estava lotada, o mesmo não aconteceu na apresentação do último sábado, 23 de julho. O público segue sendo o mesmo observado no review anterior, sempre muito eufóricos e animados com a chance de voltar no tempo através das canções de uma das maiores (e melhores) bandas de rock do país, mas parece que o tempo frio não convenceu os mineiros a saírem de casa para apreciar a história do Paralamas sendo revisitada com um repertório cheio de clássicos, como não podia deixar de ser.
Lamentei que em 2014, “Tendo a Lua” ficou de fora do setlist e ela acabou sendo uma das grandes surpresas do show, que durou pouco mais de 1h30 e deixou de fora “Uns Dias”, “Mensagem de Amor”, “Fui Eu” e até “Selvagem”. Tudo bem que para um projeto como o Paralamas do Sucesso qualquer coisa que Herbert Vianna iniciasse em sua guitarra seria garantia de sucesso, mas a impressão foi que a banda estava um pouco menos animada que o costume e queria apenas que a noite passasse rápido.
A cozinha formada por João Barone (bateria) e Bi Ribeiro (baixo) é inspiradora para qualquer jornalista musical ou instrumentistas de plantão com inteligência o suficiente de saber que aulas de música como essa são raras. Chamou a atenção a “falta” do tradicional baixo vermelho Factor no começo do show. Ribeiro é dono das linhas de baixo mais criativas do pop rock nacional e toca o básico sem precisar inventar demais para chamar a atenção. Os riffs de “Alagados”, “Calibre”, “O Beco” e “A Novidade” funcionam pela sua simplicidade e eficiência junto da bateria.
A interação com o público se limitou a três repetições de “vocês estão cansados?”, o que me fazia pensar no quanto o público devia estar parecendo desanimado para Herbert e cia. Um bom show depende demais dessa química entre plateia e banda, mas a quantidade de mesas e cadeiras num setor “vip” inesperado acaba quebrando essa conexão especial que consegue transformar água em vinho, praticamente. Sem muita conversa, o Paralamas foi tocando clássico atrás de clássico e isso bastou para saciar o interesse dos mineiros.
Mesmo numa noite um tanto apática, o show do Paralamas do Sucesso se destaca por ser mais especial que o da grande maioria dos artistas da sua geração. Talvez seja pela quantidade absurda de hits ou talento de seus instrumentistas, mas a verdade é que nunca é ruim.
Fotos: John Pereira || Veja mais fotos do show d’Os Paralamas do Sucesso aqui.