Já se foram dez anos desde que o Bloc Party entrou de cabeça no mundo do rock alternativo com o debut Silent Alarm. Podia até não ser o melhor disco do gênero, afinal existia a concorrência das estreias de Franz Ferdinand, The Killers e Arctic Monkeys, mas era uma sonoridade diferenciada e com pegada mais madura que aquilo que as outras bandas estavam fazendo na época.
Por isso é fácil “marginalizar” o Bloc Party e deixar ele num grupo de bandas menos famosas da turma indie. Prova disso é que nenhum outro disco conseguiu atrair tanta atenção, a banda vive passando por longas pausas e anúncios de encerramento de atividades, e recentemente sofreu com o desligamento de Matt Tong e Gordon Moakes, baterista e baixista, respectivamente. Não se tratam de “meros nomes”, mas dos homens responsáveis pela parte rítmica do Bloc Party. O multi-instrumentista Moakes era um dos mais competentes no palco, por exemplo.
Justamente pela perda de metade da banda, havia um clima de suspeita em torno do sucessor de Four, de 2012. Como será que o poeta Kele Okereke e o guitarrista Russell Lissack superariam as baixas? A solução foi um disco mais leve, introspectivo e que não possui muito em comum com a energia do disco de estreia. Hymns não é um disco ruim, está bem longe disso, mas é uma experiência diferente para os apaixonados pelo Bloc Party, que mais uma vez repensam a relação com essa banda inconstante que flerta sempre com as jogadas certas e as erradas.
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É difícil descobrir o lugar de Hymns na carreira do Bloc Party porque se trata de uma banda imprevisível e que já se arriscou com flertes desastrados com a música eletrônica e encontrou um lugar “seguro” no álbum anterior. Hymns é um passo adiante, e muito mais fácil de se envolver. Desta vez não há preocupação em puxar as sombras do Silent Alarm e Kele parece mais confortável no seu pop eletrônico cheio de tristeza e desabafos feitos para amigos.
Se tratando de Bloc Party, é sempre uma surpresa. E nesse caso, uma surpresa boa.
Bloc Party – HYMNS
Lançamento: 29 de janeiro de 2016
Gravadora: Infectious / BMG
Gênero: Indie Rock
Produção: Tim Bran e Roy Kerr
Faixas:
01. The Love Within
02. Only He Can Heal Me
03. So Real
04. The Good News
05. Fortress
06. Different Drugs
07. Into the Earth
08. My True Name
09. Virtue
10. Exes
11. Living Lux