Essa história tem quase dez anos e, ainda assim, me vem a memória toda vez em que escuto essa música.
Era 2005 e o mundo dos fotologs estava em alta na internet. Todo mundo tinha um endereço no qual contava um pouco da sua vida online através de uma foto por dia. Foi nesse mundo pré-Instagram que eu conheci essa pessoa. Por quase um ano, a gente se falava todos os dias online pelo saudoso MSN ou, quando não era possível, trocávamos e-mails. Sobre a nossa nova vida universitária, sobre música, séries e cinema, sobre família e amigos, sobre a falta de sorte no amor.
Foi nesse ambiente que a nossa relação se desenvolveu e cresceu. Em um determinado momento, a gente já trocava juras de amor sem se importar com a distância de mais de 1700KM entre a minha casa e a casa dela. Não era na mesma cidade, nem no mesmo estado, nem na mesma região. Eu tava em Belo Horizonte e ela em Porto Alegre e, lá no fundo, a gente sabia que isso ia acabar um dia por conta desses 4 dígitos quilométricos. No entanto, a gente fingia não se importar.
Ela foi uma pessoa especial e, mesmo tendo passado esse tempo todo, ainda tenho um carinho guardado por vários motivos. Um deles foi por ela ter me feito ouvir algumas bandas que escuto até hoje, como Tonic e o Fuel, que acabou sendo o nome marcante para a nossa trajetória.
Ainda que eu prefira os dois primeiros discos e que eles me tragam lembranças mais felizes, foi com o seu terceiro trabalho que o quarteto me rendeu a faixa base desse texto. O refrão de “Most Of All” bateu tão forte naquela época que ela acabou se tornando a minha primeira “música de fim de relacionamento” e até hoje é daquelas que são difíceis de ouvir. Foi a primeira música que ouvi quando entrei num ônibus em Porto Alegre rumo à BH com direito a chuva e mais de 24 horas de viagem pelas estradas da vida. Foi a primeira que ouvi quando conversamos pela última vez antes de encerrar uma história que, creio eu, não teria dado certo de qualquer forma.
Mais de dez anos depois, eu tenho total certeza de que aquela decisão, ainda que tomada só por ela e dada todas as circunstâncias, foi a melhor para os dois. Hoje em dia, vejo raras postagens no Facebook e a nossa última conversa foi em 2011, quando pensava em fazer uma tour atrás do Pearl Jam e passaria por Porto Alegre. De lá para cá, não trocamos sequer um oi e, para ser sincero, duvido que ela se lembre que, um dia, alguém se dispôs a sair de BH para Porto Alegre de ônibus só para vê-la.
A vida seguiu e muita coisa aconteceu desde então, mas eu ainda me lembro daquele janeiro de 2006 toda vez que ouço “Most Of All”.
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