Em março do ano passado, o Tullio Dias publicou o que seria o último texto oficial da coluna (Re)Descobrindo Sons e, desde então, a coluna ficou em stand-by. Ok, se você clicar no menu, vai ver que tiveram dois textos do nosso editor sobre o Lollapalooza do ano passado, mas eles fogem do foco da coluna que, enfim, será retomado.
Como vocês podem perceber, ela deixa de ser exclusiva do Tullio. Agora, todo mês teremos alguém do site contando as suas aventuras musicais do mês anterior. O que ouviu pela primeira vez, o que voltou a fazer parte da playlist, o que recomendou pros amigos ou recebeu de indicação, o que comprou, o que viu ao vivo… enfim, deu para entender a lógica, né?
Vamos ao que interessa: O que o John Pereira ouviu em julho?
[youtube]https://youtu.be/GCou_tz2UBA[/youtube]
Pois é, trabalhar em uma rádio popular me faz ouvir sempre os lançamentos do sertanejo, pop e pagode dessa terra maravilhosa na qual vivemos e, ainda que não seja o foco do site, provavelmente eles serão citados quando eu passar pela coluna. Essa postada acima, por exemplo, é uma novidade da dupla Henrique & Diego, aqueles que lançaram uma música falando de uma suíte número 14 e de uma banheira de espuma, sabe? A faixa fala sobre uma pessoa que não deixa a outra pegar o celular dela e, por isso, o outro acaba deduzindo que “alguma coisa tem”. Lembro que meu chefe afirmou essa semana que, se essa letra tivesse sido gravada pelo Raimundos, eu não falaria nada. Estou com isso na cabeça, mas não consegui imaginar o Digão cantando “se não deixa pegar o celular, é porque tá traindo, tá mentindo, alguma coisa tem”. Se alguém conseguir, me avise.
Mas vamos falar de coisa boa? Vamos falar da minha aventura pelos anos 80 e 90 através das playlists presentes na Deezer e no Spotify. Eu realmente mergulhei de cabeça nas últimas semanas nas décadas maravilhosas para o cenário musical. Playlists como a Na Era do K7 ou a All Out 90’s fizeram a minha alegria durante o mês recém finalizado. Clássicos como “Roxanne”, “Sultans Of Swing”, “Billie Jean” ou “Wicked Game” foram trilha-sonora dos momentos em que ficava horas divagando sobre a vida em conversas no whatsapp, tentava encontrar algo para comer, esperava o sono vir ou então aguardava o jogo do Galo começar. É uma nostalgia boa, que me faz ver o quanto essas músicas (na verdade todas, né?) são eternas. Quero que meus filhos possam ouvir essas coisas um dia. Isso se eu tiver filhos, vamos deixar isso claro.
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=h0ffIJ7ZO4U[/youtube]
Músicas avulsas também fizeram parte do meu mês. Muita gente andou liberando música nova neste mês de julho e algumas delas foram ouvidas ao longo do mês. Dentre os destaques – sejam eles positivos ou não – deixo registradas as músicas “Deixa Ele Sofrer”, da Anitta (que é melhor do que eu esperava), “Freedom”, do Pharrell Williams (que não é “Happy” e isso é maravilhoso), “Cool For The Summer”, da Demi Lovato (que é bem chatinha) e “Woman”, novidade do City And Colour que me deixou ansioso (e com receio) do que o Dallas Green está aprontando com o seu projeto, que lança seu novo álbum, If I Should Go Before You, em outubro. Com nove minutos, a música me assustou no início mas depois acabou me ganhando. Como gosto do City And Colour e confio na qualidade, prefiro dar um voto de confiança e esperar outubro para saber o que “Woman” representa.
Outra coisa que acabou me ganhando este mês de julho foi o NX Zero. Sim, é isso mesmo que você leu e o motivo é bem simples: A banda está prestes a lançar o seu novo álbum, Norte, e vem soltando aos poucos as faixas do novo álbum, o primeiro trabalho da banda com o produtor Rafael Ramos e que será lançado pela Deckdisc em agosto.
Eu sempre tive os dois pés atrás com o NX e, muito disso, graças ao tanto que “Razões e Emoções” ecoou no meu ouvido. Hoje, a banda está em uma trilha completamente diferente daquela na qual surgiu e estourou no Brasil. Até o momento, todas as cinco faixas divulgadas bateram bem, principalmente “Breve Momento”, “Mandela” e “Meu Bem”.
Não sei dizer aonde o NX Zero pretende chegar com essa mudança quase que radical no seu som, mas a cada música que sai eu fico mais desarmado e incapaz de criticar. Das bandas que integram o nosso mainstream, é uma das que estão fazendo um trabalho bem interessante de se ouvir, mostrando que todo mundo é capaz de evoluir, até mesmo as pessoas que não aguentam nem ouvir a frase “entre razões e emoções, a saída é fazer valer a pena”.
[youtube]https://youtu.be/D-Xo8SWBSKg[/youtube]
Com o meu mergulho no mundo dos streamings (beijo, Taylor Swift), troquei o costume de ficar trocando as mp3 do meu celular pela praticidade de sincronizar o que eu quero ouvir através dos aplicativos de streaming e, assim, conseguir ouvir alguma coisa legal quando não estou em casa, principalmente no trajeto casa-trabalho. Uma das práticas que se mostraram legais foi a de criar uma playlist, limitada a 30 músicas, que vou atualizando sistematicamente com aquilo que está na cabeça ou que lembrei por algum motivo aleatório. Essa playlist é padrão mas, além dela, acabo sincronizando quatro álbuns especiais:
# Eu vou Fazer uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito!, do Johnny Hooker
# Idem, do Móveis Coloniais de Acaju
# C_MPL_TE, do Móveis Coloniais de Acaju
# Kudos To You!, do The Presidents Of The United States Of America
Não sei como isso aconteceu, mas em algum sábado aleatório eu estava passando pela TV e dei de cara com o Johnny Hooker tocando “Alma Sebosa” em algum programa. Aquilo me pareceu tão legal que procurar por mais coisas pareceu uma obrigação e, chegar ao álbum foi um pulo. Além da música citada e da que dá nome ao disco, “Volta”, “Cheia de Lágrimas” e “Boato” logo ficaram na cabeça. Como o nome do disco diz, todas as letras estão diretamente ligadas a relacionamentos, sejam eles bons ou ruins, interessantes ou catastróficos, normais ou Johnny Hooker. No entanto, o fim do disco com “Desbunde Geral” é quase libertador. É sobre carnaval… dá pra imaginar, né?
Intercalando com o Hooker, estava o Móveis Coloniais de Acaju. Nunca compartilhei isso publicamente, mas o Idem foi o responsável pelo início da minha ~diversificação~ musical. Eu era um rapaz que usava uma viseira e nada fora do rock me parecia legal… até que o Idem caiu na minha frente e “Copacabana” se tornou trilha sonora da minha vida com uma letra bem mais legal que “Por Você”, do Barão Vermelho. Inevitável ficar cantando “Quero te ver de corpete, te guiar num Corvette… E seguir sem destino pra chegar” quando a música ecoa nos ouvidos e foi assim durante esse mês. E, como sempre tenho recaídas que me fazem achar o Móveis uma das bandas mais legais do Brasil, coloquei o C_MPL_TE na roda também. Como é bom ouvir “Lista de Casamento” ou “Descomplica”, não é? Se você nunca ouviu, faça esse favor a sua vida e ouça!
Para quebrar um pouco esse clima nacionalista, recorri a um dos melhores discos de 2014 pra mim. O PUSA é uma das bandas que deveriam ser reverenciadas pelo que fazem. O problema é que eles são de Seattle e surgiram nos anos 90. A concorrência é feroz e, talvez por isso, poucos lembram do (agora) trio e dos seus seis álbuns. No entanto, Kudos To You! foi um dos discos que ficou na minha cabeça durante boa parte do ano passado, graças a músicas como “Crappy Ghost”, “Stay With Me” e a maravilhosa “Poor Little Me” com sua pegada country-rock que dá vontade de pegar um chapéu e sair cavalgando por aí… e eu até faria isso se soubesse cavalgar.
[youtube]https://youtu.be/i4JxY-kiN2Y[/youtube]
Outra coisa que sempre acontece na minha vida são as minhas recaídas com algo feito pelo Red Hot Chili Peppers. Sempre tem algum CD ou momento da banda que é “pego para cristo” e tocado a exaustão. Dessa vez, duas playlists que criei no Spotify acabaram tomando conta do mês de julho. A primeira delas (e menos impactante), foi a que reúne bsides de toda a carreira da banda até o álbum Stadium Arcadium. São 26 músicas, entre gravações antigas, músicas que apareceram em coletâneas ou então b-sides de singles como “Dani California” ou “Tell Me Baby”.
No entanto, a que bateu mesmo foi a playlist que ganhou o nome de I’m Beside You. Para quem se lembra, os Chili Peppers munidos de seu novo guitarrista, Josh Klinghoffer, soltaram uma série de faixas criadas para o álbum I’m With You, lançado em 2011. Essas 17 músicas geraram depois um edição especial em vinil e, na época em que saíram, acabaram não ganhando a minha devida atenção, ainda que classifique a banda formada também por Flea, Anthony Kiedis e Chad Smith como a minha favorita. Naquele período, apenas “Pink As Floyd” tinha ganhado meu amor imediato e, desde então, essas músicas ficaram guardadas em um buraco negro mental. Até que bateu vontade de ouvir “Pink As Floyd” de novo e essa foi a senha para desenterrar todas elas lá pelo fim de junho.
[youtube]https://youtu.be/g4LFjWlcoF8[/youtube]
O legal de pegar essas músicas para ouvir depois de um tempo é que você consegue perceber coisas que antes não eram tão nítidas. Nesse caso, especificamente, dá para perceber como o Josh se sente mais a vontade como o guitarrista oficial da banda. Não dá pra dizer que ele sentiu a pressão (o que seria inevitável), mas no I’m With You você nota claramente que ele faz o básico, não inventa e tenta apenas cumprir o seu papel de bom guitarrista sem atrair as atenções. Em cada uma das 17 músicas lançadas posteriormente, dá pra sentir o DNA dos Peppers, ainda que o som possa parecer diferente daquilo que a banda já fez até hoje. “Long Progression” é linda, “Victorian Machinery”, “Hometown Gypsy”, “This Is the Kitt” e “Brave From Afar” idem. “Love Of My Life” também tem o seu lugar, assim com o refrão de “Hanalei”. Hoje essas músicas ganharam um carinho especial e traduzem bem o que é o objetivo da coluna.
Para não deixar passar batido, Chad Smith me lembra o Chickenfoot – banda que conta com Sammy Hagar, Michael Anthony e Joe Satriani – e isso também me lembra que andei resgatando do baú de memórias o primeiro disco dos caras, lançado em 2009. Como ele não está em nenhum serviço de streaming (o que é uma pena), fui obrigado a criar uma playlist no YouTube para saciar a minha vontade de ouvir “Soap On A Rope”, “Oh Yeah” e “Get It Up”.
[youtube]https://youtu.be/pHqA6HtVU70[/youtube]
Discos ouvidos:
# Eu vou Fazer uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito!, do Johnny Hooker
# Idem, do Móveis Coloniais de Acaju
# C_MPL_TE, do Móveis Coloniais de Acaju
# Kudos To You!, do The Presidents Of The United States Of America
# Chickenfoot, do Chickenfoot
# Born In Echoes, do Chemical Brothers
# Star Wars, do Wilco
# Vinny Samba Reggae SA, do Vinny (sim, ele mesmo que você está pensando).
# Troco Likes, do Tiago Iorc
# Z, do Esperanza
# III, do Maglore
# FFS, do FFS
# How Big, How Blue, How Beautiful, do Florence + The Machine
# In Colour, do Jamie xx
# Animal Nacional Ao Vivo, do Vespas Mandarinas
# Everything Is 4, do Jason Derulo
# Éter, do Scalene
# Cantigas de Garagem, do Raimundos
# Hollywood: A Story Of A Dozen Roses, do Jamie Foxx
# The Desired Effect, do Brandon Flowers
# Sol Invictus, do Faith No More
# BUSH, do Snoop Dogg
# Dancê, da Tulipa Ruiz
# Wilder Mind, do Mumford & Sons
# Sound & Color, do Alabama Shakes