Como meros mortais que somos, ainda não temos a dimensão do que seria entrar em uma máquina do tempo e ser transportado para uma época de sua preferência. Como esse recurso ainda não foi inventado, estamos a mercê de nossa imaginação ou, no caso que vivi ontem a noite, de nossa lembrança. Sim, passei a minha noite de terça-feira (09) respirando o fim dos anos 90 com a passagem dos Backstreet Boys por Belo Horizonte.
Entre os gritos, inúmeros flashes e a visível felicidade estampada no rosto do público – dominado por mulheres entre 25 e 35 anos, o Chevrolet Hall mergulhou no tempo ao som da boyband mais famosa e mais importante que este mundo já viu. Após passarem por Recife e Rio de Janeiro, BH foi a parada da In A World Like This Tour, que colocava um ponto final na espera de quatro anos desde a última visita a capital mineira.
Naquele show de 2011, o grupo era um quarteto e a casa não estava tão cheia. Ontem foi diferente, já que Kevin Richardson estava de volta a banda e a casa estava lotada. Se a lotação era por causa do Kevin, nós jamais saberemos, mas ele era o mais adorado pelo público antes, durante e depois da apresentação. Não que Brian Littrell, Nick Carter, AJ McLean e Howie D tenham ficado em segundo plano, mas algo dava a Kevin a atenção máxima dos fãs.
Pouco depois das 21h40, o grupo subiu ao palco e a histeria foi completa. “The Call” foi a responsável pela abertura e, enquanto os gritos eram incessantes, lá estava eu entre o palco e o público tentando fazer algum registro fotográfico decente (e levando um coro da câmera, para salientar). “Don’t Want You Back” e “Incomplete” completaram a trinca inicial e a viagem estava oficialmente em curso.
Minha relação com o Backstreet Boys nunca foi de fã. Não conheço muito além do disco Millenium, de 1999, além dos outros sucessos que tocaram em todos os lugares do mundo. Aliás, a minha relação com boyband ou girlband sempre foi distante, apesar de saber observar o que pode ser legal ou não. Em 1999, quando o Millenium foi lançado, eu tinha 12 anos e acabei ganhando o disco de presente, depois de aprender a cantar “Larger Than Life”. O CD está guardado até hoje, mas depois daquilo acabei me distanciando do grupo e pouco (ou nada) ouvi dos cinco álbuns solos posteriores.
Durante duas horas, AJ, Brian, Howie D, Kevin e Nick deixaram claro que a idade – que varia entre 35 e 43 anos – não faz diferença para eles. Cantaram, dançaram e foram recompensados pela entrega do público, que arrancou elogios dos integrantes ao longo de toda a apresentação. Nem as faixas mais recentes – “Permanent Stain”, “Show ‘Em (What You’re Made Of)”, “Breathe”, “Madeleine” “Love Somebody” e “In a World Like This”, faixa que dá nome ao álbum mais recente, lançado em 2013, foram capazes de quebrar o clima do show. Entre uma novidade e outra, os sucessos que surgiram ao longo dos 22 anos de carreira se fizeram presentes. Lá estavam “As Long as You Love Me”, “Show Me the Meaning of Being Lonely” e “I Want It That Way”, para citar algumas delas.
Como toda boyband, as trocas de roupa, coreografias bem ensaiadas e danças acompanhadas dos pedestais também fizeram parte da apresentação. Completamente a vontade no palco, o quinteto ainda ensaiou danças especiais ao longo da apresentação e ainda apresentou um set acústico durante as faixas “Drowning”, “10,000 Promises”, “Madeleine” e “Quit Playing Games (With My Heart)”. Durante o momento intimista, fãs ocuparam o palco do Chevrolet para curtir a apresentação de perto em uma experiência que custou quase R$ 3 mil para cada um deles.
A performance voltou ao normal com “The One” e assim seguiu até o final, com público cantando “I Want It That Way” como se a quarta-feira não existisse e muitos precisassem da voz para trabalhar. Entretanto, o melhor para eles ainda estava por vir. No bis, “Everybody (Backstreet’s Back)” colocou a galera para dançar e, para fechar a noite, aquela música que me fez ter o primeiro contato com a boyband, “Larger Than Life”. E foi difícil não balançar o corpo ao longo da música, confesso. No entanto, mais difícil que isso foi ficar sem cantar. Isso não foi possível para um cara tido como ~do rock~ evitar.
É dificil dizer quanto tempo a festa irá durar. O que não podemos negar é que o Backstreet Boys entrega um entretenimento interessante para o seu público, capaz de arrancar sorrisos, suspiros, gritos e várias outras demonstrações de carinho dos fãs. Digam o que quiser, quem pagou pelo show saiu extremamente feliz do Chevrolet Hall e, vamos ser sinceros, isso é o que importa.
[youtube]https://youtu.be/cbWOfOEaLxw[/youtube]
Setlist:
The Call
Don’t Want You Back
Incomplete
Permanent Stain
All I Have to Give
As Long as You Love Me
Show ‘Em (What You’re Made Of)
Show Me the Meaning of Being Lonely
Breathe
I’ll Never Break Your Heart
We’ve Got It Goin’ On
Drowning
10,000 Promises
Madeleine
Quit Playing Games (With My Heart)
The One
Love Somebody
Shape of My Heart
In a World Like This
I Want It That Way
Everybody (Backstreet’s Back)
Larger Than Life
Fotos: John Pereira – Veja mais fotos do show aqui.
Vídeo: Wanessa Oliveira