Foram longos os anos pelos quais aguardava a chance de ver um show do Ultraje a Rigor.
Tudo bem que, em alguns deles, a banda passou por Belo Horizonte ou cidades próximas mas, por motivos alheios a minha vontade, comparecer aos locais acabou ficando em segundo planos em todas as situações. Contudo, era chegada a hora de perder a virgindade em um show dos caras e, com isso em mente, lá fui eu rumo ao Chevrolet Hall no último sábado.
Confesso que a expectativa não era das mais altas. Não sei se eu deixei passar muito tempo ou se coisas extra-música (se assim podemos dizer) fizeram com que eu me distanciasse da banda formada por Roger Moreira, Mingau, Bacalhau e Marcos Kleine. Apesar disso, o Ultraje era – até então – uma das bandas clássicas dos anos 80 que eu ainda não tinha visto ao vivo e isso pesou a favor do quinteto, contando com o backing vocal Ricardinho.
Com um atraso perdoável, a banda entrou no palco sem cerimônias e disposta a fazer aquilo que se esperava dela: Tocar os seus grandes sucessos e entreter o público que lá estava. Isso ficou claro logo na primeira música, “Zoraide”, que foi suficiente para fazer muitos dos que estavam sentados se levantaram prontos para cantar junto com Roger e dançar a cada nota tocada. A parte inicial do show seguiu com uma versão de “Sheena Is a Punk Rocker”, “Ah se eu fosse homem” e “Independente Futebol Clube”.
Entre alfinetadas políticas, as emblemáticas “Inútil” e “Filha da Puta” foram apresentadas em sequência pela banda e cantadas em uníssono pelo público presente. Naquele ponto, já era possível notar que a banda era de “poucas palavras” em cima do palco. Fora alguns comentários rápidos, a banda dava seguimento ao show sem grandes interrupções ou firulas. “Maximillian Sheldon”, “Rebelde Sem Causa”, “Sexo”, “Ciume”, “Nada a Declarar” e a inesperada (pelo menos pra mim) “O Chiclete” fizeram o meio de campo da apresentação.
O Ultraje sabe o que faz no palco e esse é o grande trunfo guardado na manga. Não é preciso telão, palco bonito, iluminação especial ou jams intermináveis para se entregar um bom show e os caras sabem muito bem disso. O único momento que se encaixa no quesito “firula” no show foi a Jam de Roger e Kleine que serviu de introdução para “Marylou”, que ganha um novo (e ótimo) arranjo ao vivo. Contudo, nada exagerado e com execução perfeitamente elogiável.
O show ainda teve o Mingau cantando “Até Quando Esperar” do Plebe Rude, Bacalhau dando o serviço em “Ponto de Ônibus”, todos os presentes cantando “Eu Me Amo” e, atendendo uma parte do público (eu incluso), coube a “Terceiro” a missão de colocar um ponto final na passagem da banda pela capital mineira, sem direito a bis.
São 35 anos de estrada, vários sucessos e uma certeza: O Ultraje ainda sabe a Rigor o que fazer em cima do palco (não resisti, desculpem). Se eu, que estava com um pé atrás antes do início, saí de lá totalmente satisfeito com o que vi, não dá para duvidar que o show tenha agradado a todos os fãs que chegaram cedo, usavam diversas camisas da banda e cantaram por todo o tempo de apresentação.
Eu poderia encerrar o texto com uma frase de efeito, mas isso iria contra a tudo o que a banda fez (ou deixou de fazer) no palco. Simples e objetivo, se você gosta e ainda não viu ao vivo, não deixe a chance passar. Eu risquei da minha lista e, creio eu, não poderia ter sido de uma forma melhor.
Valeu Ultraje, até uma próxima… mas toquem “A Festa” ou “Jesse Go”, por favor.
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Fotos: Polly Rodrigues.