A sequência de shows ligados ao Lollapalooza Brasil deste ano começou para este que vos escreve nesta quarta-feira (25).
Enquanto você provavelmente dormia, cá estava eu pensando em como relatar os dois primeiros shows da intitulada #LollapaloozaTour, carinhoso nome dado a minha saga de tentar ver pelo menos dezesseis shows de hoje até o fim do próximo domingo, 29 de março.
Passavam das 21 horas quando dei entrada em um Chevrolet Hall absurdamente vazio e com uma perspectiva iminente de fracasso. Se por um lado, o publico melhorou bastante até o início da primeira apresentação (chegando até a me surpreender), o meu tempo de espera foi destinado ao saboreio de um Chopp de 350ml oferecido pela patrocinadora do festival e que custava módicos dez reais.
Sendo bem sincero, aquilo que estava no meu copo não deveria custar nem 10% do valor que acabei entregando ao caixa do bar após um leve espanto. Como cheguei a essa conclusão? Após perceber que metade do líquido colocado no copo acabou esquentando enquanto eu aguardava o início das festividades e, tempo depois, acabou indo parar na pia do banheiro. Agora, como eu acredito que você não está aqui para saber sobre a cerveja (não) consumida e sim por causa dos shows, vamos ao que interessa: O que aconteceu em cima do palco.
A noite começou de fato com muitos gritos e com a entrada do Bastille no palco. Enquanto a introdução era feita, estava eu a caça de um lugar legal para ver o show e acabei me instalando entre um rapaz empolgado – que estava acompanhado de seus pais – e duas jovens que, adivinhem, também estavam acompanhadas dos pais.
Ver o Bastille ao vivo despertava (e muito) a minha curiosidade, já que o projeto tem entregue algumas boas faixas de estúdio, bem produzidas e, principalmente, pelo fato de “Of The Night” e “Pompeii” terem feito parte das músicas mais ouvidas por mim no ano passado. O problema é que o show, ainda que seja bem executado, não funcionou.
Desde o início com “Bad Blood”, uma das faixas que se enquadram na lista de boas canções do projeto, ou passando por canções como “Laura Palmer”, “Things We Lost in the Fire”, “Blame” ou “The Draw”, lá estava eu sentindo falta de algo. Mesmo com os fãs se esgoelando na frente do palco, com o carisma de Dan Smith – que chegou a ir literalmente pro meio da galera, subir pela arquibancada e, certamente, aparecer em diversos registros feitos para o Instagram e/ou Snapchat – ou com as tentativas de interação entre banda e público, os momentos que valeram pelo show foram protagonizados justamente pelas músicas mais esperadas por mim.
Fechando a apresentação em solo mineiro, a sequência de “Of The Night” e “Pompeii” foram responsáveis pelas boas lembranças do show para muitos ali presentes. Enquanto até os pais cantavam junto na primeira faixa – certamente por se lembrarem de “The Rhythm of the Night” e de “Rhythm Is a Dancer”, músicas que deram origem a canção do Bastille, todo mundo aproveitou para extravasar enquanto pulava como nunca a cada vez que Dan dizia “but if you close your eyes” em “Pompeii”.
É bem provável que o show tenha feito muito mais sentido para os fãs do que para mim. Ainda que “Pompeii” tenha sido um dos momentos mais legais que eu tive em shows ao vivo nos últimos meses, creio que ficarei mais feliz ao ouvir os CDs e as versões em estúdio de ambas as faixas.
Preciso ressaltar aqui que fazia um certo tempo que eu não encarava um show sem alguma companhia e, em certas ocasiões, gosto dessa coisa de estar sozinho com meus pensamentos e com tudo o que envolve a apreciação de um bom show.
Após aproveitar a folga entre uma banda e outra para jogar o que tinha sobrado no meu copo fora e buscar um novo local para fincar a bandeira deste site laranja, estava eu pronto para ver o show seguinte: Foster The People.
Ao contrário do Bastille, a minha expectativa com o show do Foster era boa e, no fim, não me decepcionei com a entrega. Ainda que o show tenha uns momentos introspectivos capazes de quebrar o clima, a banda entregou um setlist equilibrado, conseguindo dosar os esses momentos com a energia característica de faixas como “Houdini” ou “Are You What You Want to Be?”, por exemplo. O show, que começou com “Pseudologia Fantastica”, ainda teve músicas como “Helena Beat”, “Coming of Age”, a sempre bela “Nevermind” e a adorada “Don’t Stop (Color on the Walls)” como os pontos fortes da apresentação.
Com a boa organização do setlist, a banda capitaneada por Mark Foster conseguiu prender o público do início ao fim, sem precisar recorrer a carta na manga das palavras em português para atrair a atenção de quem acabou se distraindo com alguma cerveja, conversa com alguém do lado ou alguma selfie para registrar o momento.
Como a bateria do celular já tinha acabado, da metade pro fim do show eu pude cantar junto do Mark, tocar uma bateria imaginária (e olha que a banda tem duas no palco) durante algumas músicas e ficar com vontade de reunir os daqui a alguns dias, ver a apresentação da banda no Lollapalooza e sair andando pelo público do Palco Skol fazendo trenzinho enquanto eles tocam “Pumped Up Kicks”. Ainda que eu goste da experiência de ver shows sozinho, nesses momentos onde o público se entregava é que mais fizeram falta ter alguém ao lado para compartilhar a alegria sentida naquele instante.
Outros destaques do show em BH ficam por conta do bis com “Best Friend” e do sapato vermelho de Mark que combinava com a sua guitarra, mas acho que isso não vem muito ao caso, não é mesmo?
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Fotos: Vinicius Prado || Veja mais fotos aqui.