A tradição é difícil de ser ignorada por mineiros. A coluna (Re)Descobrindo Sons é assim. O atraso faz parte. Problemas com a internet (a pior do mundo), relacionamento que deveria durar para a vida inteira chegando ao fim, e até a busca por uma remuneração financeira interessante no mercado de trabalho publicitário de MG foram fatores determinantes para que somente agora vocês possam ler a edição de fevereiro. Lamento por isso.
Na edição passada pedi uma ajuda para os leitores das páginas laranja, mas acho que a timidez falou um pouco alto e recebi poucas recomendações. Dentre elas, posso destacar Hotel, do Moby; Evil Friends, do Portugal. The Man; e a sensacional “City Limits”, uma das várias faixas incríveis dos garotos do I Am Giant. Reforço aqui o meu apelo: deixem suas recomendações nos comentários para tornar a coluna divertida e com visões diferentes para acrescentar para todo mundo, incluindo eu. Guardei os comentários sobre o Moby e Portugal the Man para edições futuras (a de março será sobre o Lollapalooza), assim como a dica de analisar trilhas sonoras de filmes de terror/horror.
Algumas pessoas já sabem que estou dando uma força para a banda mineira Riviera. Acompanhado do vocalista Vinicius Coimbra, fui ver de qual é do Sofar Sounds. É um festival bem interessante e underground. Apenas quem ama música (e está inserido no meio) conhece para saber como funciona. Conheci muita banda bacana, mas nenhuma me cativou tanto quanto a dupla Dokktor Bhu e Shabê. Com muito groove e carisma, a dupla fez o melhor show da noite – ainda tocaram Constantina, Péricles e Pedro Morais. Uma coisa que chamou a atenção foi o local escolhido para o evento: uma casa africana no meio do nada em BH.
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=fazqdFJmpIk[/youtube]
No meio do mês fui para o Studio Bar com meu amigo Diego Lima para ver o show dos queridos do Black Drawing Chalks. Ele detesta a banda, sabe, mas eu ainda acredito na possibilidade de um dia ele perceber que existe qualidade naquele som. Foi o primeiro show deles em BH em 2014 (se seguirem a tradição, ainda teremos mais outros quinze ao longo dos próximos meses) e a primeira vez que assisti a uma apresentação da nova tour. Ainda são fodões, mas fizeram um show morninho demais e sem a agressividade usual. Diego voltou para a casa com a mesma opinião.
Pensei muito em criar uma playlist para fossa. Acabei criando uma playlist cinematográfica para isso. Prefiro acreditar que é o fim de uma fase, de uma época. Que estou entrando num momento de transição em que minha vida pode se misturar com a dessa virginiana num futuro próximo. Ficamos muito tempo convivendo com brigas, discussões e acusações. É uma dor fodida no peito, mas a decisão dela de encerrar a relação foi o melhor para os dois. Havia mais lágrimas que risadas. Em “Tá Bom”, do Los Hermanos, existe um verso bonito sobre isso: “Me diz se assim está em paz? Achando que sofrer é amar demais?”. Posso destacar também: “Não há mulher, irmão, que goste desta vida”. Os ensinamentos de Marcelo Camelo são corretos. Ninguém quer ficar com alguém que se rasteja e demonstra todo o sofrimento ao invés de ser funcional. O problema é ser capaz de conseguir essa proeza. Quando o coração dói, a gente perde as estribeiras com muita facilidade. Mais facilidade ainda é a forma como nos entregamos ao desespero. De novo: isso é errado, um tiro no pé. O correto é ficar na sua, fazer o certo e esperar. Reconquistar ela, se for natural. Se for o certo. Claro que esse é o conselho que dou aqui, e não o que eu fiz… E óbvio que ouvi muito Los Hermanos em fevereiro. Depois das coisas sertanejas e pagodeiras, e do Matanza, não há nada melhor para a dor do corno. A banda carioca tem pelo menos dois discos obrigatórios para esses momentos: Bloco do Eu Sozinho e Ventura.
De qualquer maneira, a minha lista de recomendações de filmes é (do momento sofrimento completo para a fase em que a dor está mais branda).
1 – Closer – Perto Demais; 2 – Namorados Para Sempre; 3 – Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças; 4 – De Olhos Bem Fechados; 5 – Quero Ser John Malkovich; 5 – Trilogia Antes do Amanhecer/Antes do Pôr-do-Sol/Antes da Meia-Noite; 6 – Um Beijo a Mais; 7 – Último Tango em Paris; 8 – Encontros e Desencontros; 500 Dias Com Ela; 10 – Se Meu Apartamento Falasse; 11 – O Lado Bom da Vida; 12 – Alta Fidelidade.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=rjOdIaK1Hcg[/youtube]
E eu estou deixando de falar do Gram, que foi uma banda que surgiu na época em que o Los Hermanos começava a caminhar para o fim. Segundo a minha amiga Priscila Armani, o Gram é o “subsolo do fundo do poço”. Uma descrição perfeita. Acredito que a maioria aqui saiba do que se trata, eles cantam aquela música do clipe do gatinho que vai perdendo as vidas por causa de uma gatinha. Uma animação linda em p/b. O Gram é algo especial. Você sente a dor, você vive as letras e a música. Amei Los Hermanos radicalmente durante a minha adolescência, mas esse amor nem chega perto de tudo que o Gram significou. Geralmente, as pessoas viajam para outras cidades por shows internacionais. Eu fiz isso pelo Gram.
Guardarei esse tópico para o futuro. Uma coluna inteira para falar de corações partidos. Preparem os lenços.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=8UuETHQx-E8[/youtube]
Vale só uma curiosidade rápida: “Na Sua Estante”, a melhor música da carreira inteira da Pitty, tem direção/ilustração do Sérgio Filho (vocalista do Gram). Por coincidência (ou não), essa provavelmente seria uma música brasileira bem indicada para dor de cotovelo, paixões platônicas, ou a necessidade que temos de valorizar quem não nos quer mais.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=kbNCPtZpGm8[/youtube]
Vamos falar de coisas boas. O Muse vai fazer um show solo antes do Lollapalooza. Geralmente, isso me animaria. Só que a banda me faz lembrar da minha virginiana. Imaginem o quanto é chato a ideia de ficar num show desses e cada música te fazendo lembrar de um momento especial com alguém que você não tem mais como sua pessoa? Acho que esse não é um bom tópico. Melhor falar de algo que ela detesta, tipo essa banda aqui, oh:
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=YDpAiSK5vQE[/youtube]
O Deftones sempre foi uma banda muito apreciada pelos meus ouvidos, embora nunca tenha recebido tanta atenção quanto nesse mês de fevereiro. O White Pony é o clássico dos caras. O disco obrigatório para quem quer conhecer/apaixonar pelo Deftones. “Back to School” abre o cd, que ainda presenteia nossos ouvidos com “Digital Bath”, “Knife Prty”, “Passenger” e (a minha favorita) “Change (In the House of Flies)”. Na boa. O Deftones é do caralho para ser ouvido quando você está puto (“Headup”), com tesão (“Sextape”), chapado (“Minerva”) e até mesmo para dor de cotovelo. Recomendo muito o Around the Fur e o disco mais recente, Koy No Yokan. Abra o seu coração para o Deftones e deixe o som deles preencher a sua cabeça. “You’ve Seen the Butcher” é uma boa para striptease, fica a dica…
Aproveitando, o Chino Moreno (vocalista do Deftones e presente na foto que ilustra o post) lançou o primeiro disco do Crosses esse ano. Em comum com a banda, podemos dizer que o clima e o vocal marcante, mas o album flerta com um lado eletrônico e até mais sensível. Para quem está em busca de alguma recomendação recente, o Crosses é a pedida.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=VIk7aPUFujk[/youtube]
Encerro o mês por aqui, para aproveitar que “Bitches Brew” é uma porrada gostosa de ouvir e que serve como a cereja desta edição. Antes do Lollapalooza teremos a edição de março no ar. Até lá!
“Hello, i will be waiting here for you everlong”.
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Discos Ouvidos:
Deftones (Discografia completa – mas destaco Around the Fur e White Pony)
Crosses – Crosses
Bruce Springsteen – High Hopes
Silverchair – Diorama
Beck – Morning Phase
Los Hermanos – Ventura
Los Hermanos – Bloco do Eu Sozinho
Radiohead – Ok Computer
Mogwai – Rave Tapes
Arcade Fire – Reflektor
The National – Trouble Will Find Me
Glen Hansard – Rhythm and Repose
I Am Giant – The Horrifying Truth (até o nome do disco é foda)
Arctic Monkeys – AM
Broken Bells – After the Disco