Que bom seria se todo artista se importasse com os fãs como Lana Del Rey. Infelizmente a realidade do mundo da música é outra, mas hoje não é dia de falar daqueles que não dão valor a tudo que conseguiram, único e exclusivamente por causa de seus fãs. Isso é assunto para outra pauta. O canhão de luz desse merecido relato é só dela, da Lana, por mostrar para o público mineiro, no Chevrolet Hall, o quão incrível é como artista e, principalmente, como pessoa.
Há mil e um momentos para listar sobre o primeira passagem da cantora americana pelo Brasil. Lana Del Rey no palco é uma mistura de talento, amor, doçura, timidez e dramaticidade. Sob os gritos ensurdecedores da plateia, que tinha cada letra na ponta da língua, a cantora subiu ao palco ao som de “Cola” e logo de cara já desceu dele e foi cumprimentar os fãs que estavam na grade que, por sua vez, enlouqueceram. Lana distribui carinhos, abraços e até selinhos em várias pessoas e tal atitude já indicava o quanto ela estava animada com aquela noite. Não foi à toa que em sua primeira conversa com os fãs, ela comentou da demora para vir ao país e em seguida disparou que não há lugar como o Brasil e que as pessoas são incríveis.
Depois desse momento marcante, a conexão com os fã só aumentou e a cada música era uma festival de emoções. Lana olhava os fãs no olhos, conversava, demonstrava atenção e ainda recebia os presentes com gratidão. Chegou a ganhar da plateia uma bandeira do Brasil com seu rosto estampado, além de uma tiara de flores e um penacho indígena, parecido com o do clipe de Ride.
Sucessos como “Born To Die”, “Blue Jeans”, “Summertime Sadness” colocaram mais calor na plateia, assim como “Carmem” e “Without You”. Algumas ausências foram sentidas como as belíssimas canções “American” e “Blue Velvet”. Mas em compensação, BH recebeu um presente. Em uma das conversas com o público, a cantora ouviu os fãs pedindo para cantar “Off The Races”, canção que ela nunca havia apresentado nessa turnê e que ganhou uma curta versão a capella. Além disso, a cidade foi uma das poucas, até então, a ouvir as músicas “Young and Beautiful” e “Dark Paradise”, essa última não estava no repertório e foi tocada por insistência dos fãs que gritavam o seu nome.
Definitivamente, o ponto alto da noite ficou com “Video Games”. Cada linha da letra da música foi cantada pelos fãs como se não houvesse amanhã e encerrada com uma intensa e demorada salva de palmas. A vibração do público era tão grande, em todo momento, que a cantora chegava a perder a concentração em algumas músicas e ficava olhando, admirada, para as pessoas e muitas vezes, parecia não acreditar que aquilo tudo era para ela.
Na última música, “National Anthem”, mais carinho com o público. Lana desceu novamente até os fãs que se espremiam na grade, os mesmos que haviam acampado na porta do Chevrolet para merecer tal lugar e como prêmio, a cantora interagiu como ninguém. Distribuiu mais beijos, abraços, tirou fotos com todos eles e deu autógrafos em cartazes e CDs. Muitos minutos depois de ficar ali, cara a cara com os fãs, a cantora voltou ao palco e levando todos os presentes jogados pela plateia durante a apresentação, ela se despediu.
Após a incrível noite, fica a conclusão: os maus tempos de performance ruim, do início da carreira, ficaram para trás. Hoje, Lana Del Rey é livre, leve e solta no palco e consegue dominar cada centímetro dele, sem contar na habilidade de encantar o público. A cantora encerrou a apresentação ganhando facilmente o título de Miss Simpatia da música, nomeação que muitos cantores com ar de divindade intocável jamais receberão. Um show inesquecível, apenas.
Setlist:
1. Cola
2. Body Electric
3. Blue Jeans
4. Born to Die
5. Carmen
6. Young and Beautiful
7. Off to the Races
8. Dark Paradise
9. Without You
10. Knockin’ On Heaven’s Door
11. Ride
12. Summertime Sadness
13. Video Games
14. National Anthem
Fotos: Diego Concesso | Veja mais fotos do show em nossa galeria.