Cantor, ex-vocalista das bandas Nove Mil Anjos e Fuga, e integrante do primeiro musical da Broadway montado no Brasil. Este é o Perí Carpigiani, um dos nossos convidados do Interrogatório.
Nesta entrevista ele nos conta sobre o seu primeiro disco solo, “Horizonte Vertical”, como foi o trabalho com a banda 9MA e sua participação no musical “Rent”.
.
” A minha vantagem é que eu não tenho rabo preso com ninguém e posso falar o que penso, sem medo de perder alguma coisa com isso. Esse é o meu jeito de ser verdadeiro.”
.
► Muitas pessoas pediram para te elogiar com o trabalho “Horizonte Vertical”. Como foi o processo de produção?
Primeiramente eu agradeço à todas essas pessoas, todo dia, porque sei que sem o apoio e carinho de todas elas, minha vida seria muito menos legal (risos). A idéia é agradar as pessoas quando a gente faz um trabalho musical. Eu, pelo menos, penso assim. Por isso, novamente muito obrigado. Sobre a produção, foi um processo longo, porque eu estava acabando de sair de um trabalho muito grande (9MA), e resolvi fazer o meu primeiro álbum solo do zero. Convidei amigos, músicos de primeira linha e compus umas trinta faixas, sendo que dessas, dezessete entraram no CD, chamado Horizonte Vertical (que já esgotou, agora só está disponível na internet). No www.facebook.com/perioficial tem uns vídeos bem legais que contam e mostram imagens da gravação do CD. Vale a pena ver….
► Como foi a escolha do single “Quando olho nos seus olhos”?
Quem me ajudou a escolher o single foi a Luka, locutora da rádio 89 FM. Ela é muito minha amiga e me ajudou no processo de produção desse CD, direcionando boa parte do trabalho e me ajudando a compor de uma forma mais popular. Essa música é exatamente a mistura entre o peso e o pop. Não tem muita banda fazendo esse tipo de som no Brasil e eu escolhi esse caminho porque essa é a minha essência. No meu site www.perioficial.com.br você pode ver o clipe dessa música logo na front page.
► O clipe circulou na programação da MTV Brasil. Qual foi sua reação ao saber que o clipe solo estava na emissora?
Toda divulgação é importante. Da Globo ao fanzine, eu respondo e quero me comunicar com todo mundo. Estar na MTV é sempre uma coisa muito legal, porque eu cresci ouvindo e vendo as bandas que tocavam na emissora. Eu tenho um Blog no site da MTV onde entrevisto artistas de diversos segmentos, com o foco de falar além da música, da vida como um todo. O Blog se chama Horizonte Vertical e está linkado ao nosso site e perfil no Facebook. Eu recomendo ler porque tem muita gente boa falando muita coisa interessante lá.
► O seu álbum possui músicas mais calmas como o single e outras mais voltadas pro rock como “Vagabunda”. Qual sonoridade você pretende seguir?
Eu tenho essa natureza versátil e não quis me formatar demais e fazer dez musicas, uma parecida com a outra. Acho legal é fazer variações melódicas, rítmicas e falar de temas variados. No fundo, todas as dezessete faixas do CD são verdadeiras, diferentes e feitas com a mesma atitude.
► A 9MA foi uma banda que trouxe bastante visibilidade para sua carreira. Quando você passou a integrar a banda?
Eu fiquei sabendo que a banda estava precisando de vocalista e liguei para eles, sem conhecer ninguem. Fizemos muitos ensaios, eles já haviam testado vários vocais, mas eu acabei me enquadrando melhor no que eles queriam. Logo na sequência, a gente começou a compor e o trabalho fluiu naturalmente.
► Muitos músicos que apareciam constantemente na mídia estavam na banda como Junior Lima, Peu e Champignon. Com isso você conquistou bem o público do pop (maioria dos fãs de Junior Lima) e o rock (como Peu e Champignon). Em algum momento você se sentiu pressionado ou teve medo da recepção do público?
O amor lança fora o medo. Eu fiz esse trabalho, assim como todos os que eu me proponho a fazer e com todo o respeito pelos fãs dos outros três. Sabia que seria um desafio enorme agradar aos fãs de todos eles, principalmente sendo o vocalista e letrista. Eu era constantemente comparado com a Pitty, a Sandy e o Chorão, mas o tempo vai mostrando para as pessoas que cada um tem seu estilo, e eu adorei o desafio, conquistei muitos amigos, fãs e pessoas que acompanham meu trabalho solo. 9MA foi um momento muito importante pra mim.
► Por que motivo a 9MA chegou ao fim?
A 9MA acabou quando a gente percebeu que não era mais uma banda de verdade, como fomos durante dois anos. As relações se desgastaram. O público não merece uma banda que não seja de verdade e a 9MA, que eu tenho muito orgulho de ter participado, acabou por esse motivo. Cada um tinha seus hábitos, sua maneira de viver e pensar. O lado bom era a música que sabíamos fazer juntos, mas nossas cabeças não combinavam mais. Hoje em dia o Junior Lima, de quem eu sou mais próximo, se tornou um dos meus melhores amigos. Ele está num projeto de música eletrônica, o Champignon está como vocalista da Banca, após o falecimento do Chorão, e o Peu, que era o guitarrista, infelizmente cometeu suicídio. A 9MA é uma banda que nunca mais vai voltar, mas, querendo ou não, fizemos história e seremos lembrados pela qualidade e pelo amor que, juntos, colocamos naquele CD. Por outro lado, modéstia á parte, não vejo ainda uma banda com o requinte e a qualidade musical que a gente tinha juntos, nesse segmento. Eu gosto muito de rock, mas não vejo muitas bandas passarem uma mensagem “que vai fazer a diferença” no momento, sabe? A nossa química musical era muito forte, principalmente a minha e do Peu na parte de composição. O Junior tinha um papel muito importante nesse trabalho, porque ele sabia colocar a bateria perfeitamente e criava muito também, fora tudo que ele representa no país todo. O Champignon era e ainda é, na minha opinião, o melhor baixista de rock do país, além de um grande amigo.
► Você participou do musical ‘Rent’, primeiro musical da Broadway montado no Brasil. Como foi a experiência?
Dentro da música, o Teatro Musical é a arte mais complexa, sem dúvida, pois envolve muito preparo físico, vocal, psicológico e muita disciplina. “Rent” é até hoje considerado um dos maiores musicas de todos os tempo e eu adorei participar. Ainda pretendo fazer mais musicais.
► Você acha que o Brasil poderia investir mais em musicais?
Acho que sim. O Brasil está aprendendo a fazer os seus próprios musicais, acho isso muito importante. Somar a técnica gringa com a verdade do Brasil. Tenho amigos que escrevem peças musicais aqui no Brasil e, cada vez mais, vejo que estamos evoluindo nesse setor.
► Como surgiu o interesse pela arte (no caso, a música)? Quais são suas influências?
Eu me lembro de cantar desde pequeno, mas foi aos dez anos que eu entrei pra um coral Lírico, daqueles bem rígidos. Desde então nunca parei. As minha influências variam entre o rock (Beatles, Queen, Metallica) e muitos outros (Bob Marley, Racionais MCs, Elis Regina, Chico Buarque). Sempre procuro ouvir de tudo e isso reflete nos meus Cds.
► Seu segundo álbum está em produção. Poderia nos adiantar algo sobre ele? Quais serão os novos projetos?
O que posso adiantar é que, acredito, conforme a gente vai amadurecendo, as músicas também vão. Acredito que esse álbum vá falar sobre o meu momento de agora, meus pontos de vista sobre o amor, a política e tudo que me move a ser um compositor.
► Você é ativo nas redes sociais e expõe sua opinião sobre os assuntos políticos que estão em evidência. Muitos artistas preferem não falar o que pensam para não influenciar na opinião de seu público. Você acha que as redes sociais podem trazer uma boa reflexão?
Com certeza, e acho uma grande bobagem você deixar de se expressar por medo de influenciar alguem. Acho que essa postura é coisa de gente que não é bem informada e usa isso com desculpa pra não se expor. Cada um age como acredita ser o certo. A minha vantagem é que eu não tenho rabo preso com ninguém e posso falar o que penso, sem medo de perder alguma coisa com isso. Esse é o meu jeito de ser verdadeiro. Fora isso, é importante se manter informado sobre o mundo ao nosso redor e usar as ferramentas que temos em mãos pra expor as nossas idéias, respeitando o ponto de vista alheio e sabendo ser criticado, sem se sentir ofendido.
► Quem quiser adquirir o seu álbum, onde comprar?
O álbum esgotou, mas está disponível pra download gratuito no site e no Soundcloud que está no perfil do Facebook.
► Gostaria de deixar uma dica ou recado para os leitores do Audiograma?
Queria convidar a todos pra conhecerem o meu site, o Facebook, Instagram, Twitter e trocar idéia com todos vocês que estão lendo. Entrem em contato e vamos nos comunicar! É sempre muito bom aprender e trocar com as pessoas que gostam do nosso trabalho. E também gostaria de dizer; valorizem a vida, a saúde, a família de vocês. Isso não tem preço e a vida é uma só. Muitos caras bons se perderam por besteira. É importante a gente se rever, não ter medo de enfrentar os próprios defeitos, evoluir e colaborar com o mundo. É isso que eu desejo para todos. Muito obrigado pelo espaço. Tamo junto ae!
.
Confira abaixo o vídeo de “Quando olho nos seus olhos (Sem Você)”:
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=pR2DFuwTyz0[/youtube]