Marcelo Camelo lançou recentemente o DVD “Mormaço”, segundo registro ao vivo de sua carreira solo, que também ganhou edição em CD. No novo DVD há a gravação de uma apresentação, na cidade de Porto Alegre, da turnê “Voz e Violão” que percorreu o país no último ano e gerou também o CD.
Outro conteúdo do registro é o filme “Dama da Noite”, filmado em 8 e 16 milímetros, que conta com imagens da turnê nos bastidores, estrada e momentos filmados na casa de Camelo.
O cantor conversou com o Audiograma e contou algumas curiosidades sobre o novo material e também um pouco sobre a sua carreira solo.
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Por que o DVD é intitulado “Mormaço” ?
É algo que é muito perto de mim. Cresci em Jacarepaguá, e lá é muito quente e abafado, porque é um vale no subúrbio do Rio. Tem muita montanha em volta. E tem esse calor sem sol. Acho que meu jeito de ser tem um pouco a ver com isso, e também em consequência o jeito de tocar.
O show engloba praticamente todas as fases da sua carreira. Quais critérios foram usados para se chegar a lista final de músicas ? O público teve influência ?
A ideia era que esse trabalho não virasse uma turnê, e sim um registro. Então isso definiu o espaço do repertório, que é formado por canções dos meus trabalhos anteriores, e que, consequentemente, também podem ser queridas pelo público. Procurei também escolher as músicas que mais me emocionavam e que apresentavam alguma característica mais única no violão.
Na música “Porta de cinema” é possível perceber que você herdou a herança da composição do seu avó. Como é a relação musical de vocês dois ? Pretende dar voz a mais canções dele ?
As músicas do meu avô sempre foram muito presentes em minha vida. Achei que esse show era uma boa oportunidade de tocar uma delas, já que é show mais intimista, sobre esse universo mais próximo. Não sei se voltarei a revisitar canções dele. Quem sabe.
O amor está bastante presente nas suas canções. É preciso estar sempre apaixonado para compor ? Se não estivesse apaixonado e tivesse que compor um disco, consegue imaginar algum tema que poderia dar tão certo como o amor ?
Falo daquilo que faz parte do meu universo. Das coisas que me tocam, que estão presentes no meu dia a dia, do que eu sinto. Não faço muito juízo de valor na maioria das vezes, sem fazer muito ruído existencial pra ver até onde vai. Acredito que o amor entra sim nesse mundo, afinal é algo próximo de todos, de uma forma ou de outra.
Em carreira solo, o público pode ver o mesmo compositor do Los Hermanos, mas em um estilo diferente, mais ligado a MPB. O que te motivou a fazer essa transição ?
O violão já grudou em mim de um jeito simbiótico. E eu gosto de trabalhar os sentidos. Acho que nesse formato voz e violão me encontrei nesse campo de poder sentir os sons e as ideias de maneiras diferentes.
Quais artistas te influenciaram quando decidiu seguir carreira solo ? Por quê?
Segui esse caminho porque foi o natural. Não houve influência de ninguém específico.
O filme editado para a internet passa um ar de tranquilidade, tanto nas músicas quanto nas imagens, e essa imagem parece que te representa como músico e pessoa. Ser tranquilo é sua chave de sucesso para compor e cantar ?
Na verdade a escolha de sair um pouco da estrutura mais eletrificada, cuja ausência deu o ar de tranquilidade a esse trabalho, foi porque fiz uma turnê muito intensa com os Hermanos, de muitos shows em pouco tempo, e quando terminei quis fazer algo diferente daquilo.
A presença do músico Thomas Rohrer, em harmonia com o seu violão, deixou as canções ainda mais emocionantes. Como surgiu a ideia de colocá-lo no show e qual sua é a ligação com Thomas ?
Conheci o Thomas através do Hurtmold e o chamei porque queria criar uma mudança de dinâmica no show. Pra mim tinha uma grande importância haver isso e considerei o jeito dele abordar o instrumento uma maneira boa de combinar com o que eu queria.
Qual a expectativa você tem para quem for assistir o DVD? O projeto tem a intenção de provocar alguma emoção/sentimento específico no espectador ?
Espero que gostem.
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Foto: Olaf Heine