“Either it’s raining, or I’m dreaming.
Maybe it’s both”
Porque nem só de comédia romântica e animações vive essa coluna. Jules e Jim – uma mulher para dois, de François Truffaut é um clássico da Nouvelle Vague. Um daqueles filmes que você tem que assistir, nem que seja para dizer que não gostou. Mas com uma belíssima fotografia e um excelente trabalho de trilha sonora – composta por Georges Delerue, famoso compositor de inúmeros filmes como “Hirsohima, mon amour”, “O Conformista”, entre outros -, além de ótimas atuações, não tem como não gostar. O longa aborda temas como amizade, romance e infidelidade. Oskar Werner e Henri Serre interpretam Jules e Jim, que se apaixonam por Catherine, vivida de forma intensa por Jeanne Moreau.
Uma das características mais marcantes da Nouvelle Vague é a forma como o filme convida o espectador a imergir na atmosfera da obra. E aquele que consegue essa imersão irá, consequentemente, absorver os sentimentos dos personagens. E neste filme, não é diferente. A inconstância de Catherine proporciona diversas reações bem distintas ao longo do filme. Em determinados momentos, é possível esperar um desfecho positivo com Jules, em outros, com Jim; até que, quando toda essa inconstância fica cansativa demais até mesmo para a própria personagem, acontece o desfecho.
O filme pode ser dividido em três partes: na primeira ele mostra a relação de amizade de Jules e Jim; na segunda parte eles conhecem Catherine, e Jules se apaixona e casa com ela; e a terceira começa a partir do envolvimento de Jim com Catherine, concretizando o triângulo. Essa divisão não se dá apenas no roteiro, mas também na montagem e, claramente, na trilha sonora, considerada a décima melhor trilha de todos os tempos pela revista Time.
A música viva e alegre da primeira parte do filme se encaixa perfeitamente ao espírito jovem e às emoções exageradas dos personagens. Na segunda metade do filme, quando entramos mais fundo na intimidade dos personagens e ao mesmo tempo em que a trama começa a se complicar, o filme desacelera e a trilha desacelera junto. É possível perceber que a relação entre os personagens se torna mais tensa e complicada através do desenvolvimento dos temas musicais. Há uma melodia que se repete durante toda a trama durante os encontros dos personagens; no início, ela é terna, quase delicada, como quando eles visitam o campo e vão à praia de bicicleta, depois, com o decorrer da historia, essa mesma melodia se torna mais lenta e sombria.
Todo esse cuidado com a trilha sonora ajuda, e muito, a dar uma unidade à obra. A música Tourbillion de La Vie, que ficou famosa após o filme, é cantada por Catherine em uma determinada cena e é capaz de sintetizar em poucos versos a personalidade da personagem e a relação dos três.
E para terminar a coluna no clima do filme, deixo a cena citada acima, em que Jeanne Moreau canta Le Tourbillon de La Vie.
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Faixas
01. Suite Symphonique
02. Générique
03. Les Nomades
04. Le Désert de Gobi
05. La Grande Muraille
06. Le Toit du Monde
07. Les Chevaux du Fer
08. L’Escadron d’Or
09. Le Coeur de la Vielle Chine
10. Les Palais du Maharadjah
11. L’Afghanistan
12. Prisonnier du Maréchal
13. Le Piège
14. Générique Fin