Em uma noite fria de domingo, pelo menos do lado de fora do Chevrolet Hall, um grupo de fãs se reunia com um único intuito: Relembrar o A-Ha através de Morten Harket.
O norueguês passou pela capital mineira no último dia 23 e trouxe consigo muitas lembranças de sua antiga banda, mas Morten trouxe também a impressão de que, hoje, ele é mais do que somente o antigo vocalista do A-Ha.
Com uma pontualidade quase britânica, o cantor subiu ao palco e deu ao – pequeno – publico presente na casa um pouco de A-Ha e muito de seu álbum solo mais recente, Out Of My Hands, lançado em maio deste ano.
Abrindo o show com “Burn Money Burn”, o que se viu durante a noite é que, mesmo com uma roupagem um pouco diferente, Morten não foge muito do que sabe fazer de melhor. As boas canções remetem muito ao que o músico fazia ao lado do guitarrista Paul Waaktaar-Savoy e do tecladista Magne Furuholmen e, talvez por isso, o show tenha fluido em um clima muito bom, superando as minhas expectativas.
Se o setlist privilegiou a carreira solo, algumas das músicas que fizeram sucesso na história do A-Ha foram responsáveis pelos momentos de maior empolgação no Chevrolet Hall. Foram poucas, é verdade, mas “Crying In The Rain” – que é do The Everly Brothers, mas fez muito sucesso com o trio – , “Move To Menphis”, “We’re Looking for the Whales”, “Stay on These Roads” e “Foot of the Mountain” mataram um pouco da vontade do público naquela noite, que pediu diversas vezes por “Take On Me” mas acabou não sendo atendido.
Apesar o visível carinho pelo passado de sucesso e da dificuldade de se desvincular do A-Ha, Morten me passa a impressão de que busca se desapegar – e fazer com que quem acompanhe a sua carreira se desapeguem – um pouco do que a banda representa, tentando assim construir a sua própria carreira.
Seria fácil para ele apenas se “escorar” no seu antigo grupo e sobreviver no cenário musical, mas o Out Of My Hands e o show que pude acompanhar de perto no domingo provam que ele ainda tem gás para oferecer novas músicas, novas experiências e, quem sabe, novos clássicos.
Pode ser que ele não tenha o mesmo sucesso que a sua antiga banda teve, mas me parece a decisão mais acertada que Harket podia ter tomado.
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Fotos: Polly Rodrigues