O Premio Multishow 2012 me deu a clara sensação de que as premiações nacionais estão “perdidas”. Mesmo com o seu caráter mais popular, o prêmio apresentado ontem acabou agraciando uma série de artistas que, apesar de sua qualidade, não gozam de uma visibilidade tão grande que as tornem populares.
Cícero e Michel Teló talvez sejam os grandes expoentes do que se viu ontem a noite no canal a cabo. Enquanto o voto popular caia na mão dos nomes já conhecidos do grande público, o juri acabou dando voz a nomes que, para a grande maioria, ainda não representam muita coisa. Fãs do Teló não conhecem o Cícero, mas os do Cícero conhecem o Teló. Entende? No caminho inverso, o VMB não incluiu nenhum cantor sertanejo em suas apresentações ou candidatos aos prêmios. Mas não é um prêmio que visa premiar a música nacional num todo? No fim, tudo isso é capaz de gerar uma boa discussão entre o que é bom e o que é popular, já que as duas coisas necessariamente não andam juntas.
Apesar disso, a motivação desse texto não é essa. Não vim falar se fulano é bom, ciclano é ruim, se o prêmio foi entregue as pessoas certas, se a Ivete Sangaloe o Paulo Gustavo (foto) apresentaram bem a edição 2012 do PMMB ou sobre quantos compositores foram precisos para fazer “Ai se eu te pego”. Isso quem está nas redes sociais já discute a exaustão.
Ontem, ao sentar em frente a TV (porque o Audiograma ainda não é mainstream o suficiente para receber convites de premiações. Quem sabe em 2013, né?), achei engraçado ver que, ano após ano, várias são as premiações que passaram a acreditar na ideia de que “o bom é ser diferente”. Para alguns pode ser, mas pra mim não. Eu, pelo menos, não sentei alí para ver um programa humorístico, não quero um prêmio onde não se pode “pisar fora da faixa” ou que o meu artista favorito não possa subir no palco para agradecer caso ganhe alguma categoria.
É preciso sim de um formato interessante, aliando a opinião de profissionais e fãs, com participação da web, apresentando categorias novas e capazes de fugir do óbvio, mas algumas coisas vistas ontem mostram que certas alterações só possuem o poder de estragar um prêmio.
Por exemplo, se você não quer deixar o público “comande” a lista de ganhadores, que tal dar um peso X ao voto do público, montar um juri com uns 50 nomes que vivenciam a música diariamente (produtores, jornalistas, blogueiros, entre outros) onde cada um teria um peso Y e, a partir daí, se definir os vencedores. Seria difícil? Gente é o que não falta para fazer parte deste juri. Agora, se o problema é o artista que fala demais nos agradecimentos em cima do palco? Copia o Oscar! Corta o microfone depois de X segundos e sobe uma música de fundo. Digo isso porque estar lá em cima, certamente, deve ser a realização para um artista. Tirar isso dele é quase um crime.
Pego ontem como exemplo, mas pode-se colocar na panela também o VMB, o VMA, o EMA, o Brit Awards, o Prêmio da Música Brasileira e por aí vai. A impressão que fica é que ninguém sabe o que fazer, como fazer, o que explorar ou como alinhar tudo em uma edição de qualidade dos prêmios existentes mundo afora.
Aí fico com algumas perguntas na cabeça: Qual será a próxima invenção das premiações? Vão proibir o artista de agradecer ao prêmio? Vão limitar as apresentações musicais a um determinado tempo? Vão contratar um monte de comediantes pra fazer stand-up no palco?
Talvez o VMB possa me responder isso amanhã…