Sábado, 19 de maio de 2012. Após assistir a vitória do futebol rígido e duro da equipe do Chelsea da Inglaterra contra o futebol mais versátil e ousado do Bayer de Munique da Alemanha na final da Liga dos Campeões da Europa, resolvi sair.
Entre vários eventos que ocorriam na capital, optei pelo Conexão Vivo. Poderia ser rígido e conservar minha ideia de música para uma escolha previsível. Mas desta vez me dei por vencido e queria conhecer de perto um som diferente, que vem de outras partes do país e está fora da grande mídia. Resolvi abrir as janelas de uma cabeça fechada aos novos ritmos e idéias de música.
Ao chegar, confesso que fiquei meio preocupado, com o espaço vazio, sem filas e poucas pessoas na porta. quase voltei. Mas permaneci com a idéia de encontrar o novo dentro do Parque Municipal de Belo Horizonte. Já dentro do local encontro uma concentração no primeiro show da noite com A Banda de Joseph Tourton (PE) com seu som instrumental que agradou a platéia. Logo após em um outro palco encontramos a bela Juliana Sinimbú (PA) com um som potente que envolveu o público com xotes, samba e zouk. Mas para mim a primeira surpresa da noite foi a banda Soatá (DF), mas está banda vou deixar para um próximo post. A banda me surpreendeu com sua vocalista Ellen Oléria, que tem uma voz impressionante e uma banda bem afiada. Voltei ao palco inicial para conferir a banda BaianaSystem (BA) com sua experimentação sonora que passeia por ritmos nordestinos, jamaicanos e guitarra na melhor das ousadias.
A noite poderia estar completa com esta diversidade cultural. Poderia, mas não estava. Faltava ver um artista que foi bem comentado no carnaval de Salvador. A sua referência até então era uma apresentação no Programa Esquenta da Rede Globo, apresentado pela Regina Casé. Pode parecer pouco, mas causava grande curiosidade em conhecer este artista. Estou falando de Magary Lord (BA), que podemos dizer que seria a estrela da noite fria de BH. Pensei em ficar mais próximo do palco, para conferir todos os detalhes do show. Mas a minha idéia foi compartilhada por várias pessoas. Pedindo licença ao Gilmar Souza (que escreve aqui no Audiograma sobre o Axé), pensei que teriamos um publico voltado a este gênero. Quem não foi ao Nana Fest, estaria ali. Mas pelo contrario, negros com uma forte identidade Afro, senhoras, a comunidade baiana presente em Belo Horizonte e curiosos assim como eu, formaram um paredão em frente ao palco.
As conversas que surgiam antes do show era da expectativa da presença da filha de Magary Lord no show, coisa que não aconteceu. Outros que apenas sua música mais conhecida “Inventado Moda” seria o ponto alto do show. Mas a expectativa era grande de todos que estavam ali.
Quando aparece no palco, Magary Lord mostra que sua presença de palco é grande e logo consegue conquistar o publico com seu carisma. Como compositor, mostrou as músicas “Circulou” e “Pessoal Particular”, que são de sua autoria. O público caiu na dança e a frente do palco se tornou uma pista de dança africana, baiana e regional. O show estava bem animado e envolvia a todos presentes, fazendo até seguranças do evento cantarolarem músicas do artista.
Magary mostrou ter uma grande bagagem musical. Suas músicas se utilizam de vários elementos da música baiana, mais precisamente do Recôncavo Baiano, da música africana principalmente do kuduro e da black music, surgindo assim – como ele proprio denomina – a “black semba”).
Músicas como “Joelho”, “Pode Namorar” e “Inventando Moda” animaram o público presente que esqueceu do frio. Seu convidado foi Peu Meurray (BA), músico, artista, percusionista e compositor que se utliza de pneus e outros materias para sua percussão. Peu abrilhantou a madrugada de domingo.
Enfim o show termina e tenho que admitir que o gosto de querer mais ficou no ar. Em minutos, amizades construidas, muita dança, alegria e diversão. E não apenas o show havia terminado, mas conceitos ou se quiser preconceitos haviam caído por terra. Magary mostrou que Salvador não é feita apenas de Axé e Pagode. Mostrou ser um artista de grande potencial e qualidade.
Voltei para casa reiventando moda, revendo conceitos. Um show para guardar deste ano de 2012.