Em meio a calendários, festividades e compromissos de um dia agitado, me veio um pensamento. Os festivais que estamos importando não seriam mais do mesmo? Sim quando falo de festivais digo Lollapalooza, Sónar entre outros espalhados por São Paulo, o reduto dos festivais. São grandes festivais que acontecem – no caso do Lollapalooza nos EUA e Sonar na Europa, mais precisamente na Espanha – que surgem como descobridores de novas tendências e experiências das mais diversas.
Estes festivais têm sua importância sim, na área do entretenimento, mas surge uma questão que muito me intriga: O line-up é muito parecido com os festivais feitos aqui e que, por sinal, sempre metemos o pau. Será que nos falta status ou é uma super valorização do que trazemos de fora?
Quando produtoras locais formam festivais, somos os primeiros a criticar ou ridicularizar tais iniciativas, fazendo com que os mesmos não tenham uma longa vida por aqui. Achamos caro pagar por artistas que com muito custo e luta são trazidos para nossa terra, porém gastamos loucuras e passagens para ver “o importado”, tudo em nome do status.
Entre os dois festivais citados, na minha modesta opinião ficaria com o Sónar. Este festival traz um produto agregado junto aos grandes shows. Chamado de Festival Internacional de Música Avançada e New Media de Barcelona, ele traz consigo elementos experimentais de música e novas tecnologias, aliado ao line-up de artistas que possuem esta característica.
Já o Lollapalooza é um festival mais clássico que reúne artistas do rock mais tradicional até o alternativo e novas bandas, passando também pelo Rap e Hip-Hop. Comparando o line-up, fica claro que o boom do rock alternativo está presente em ambos, até mais no Lollapalooza que no Sónar, mesmo por que as temáticas são diferentes. Porém, percebe-se que estas bandas não estão tão distantes do nosso MP3. Oraganizações como Queremos entre outras iniciativas já realizaram os sonhos de vários fãs sedentos do rock alternativo.
No Brasil não faltam produtores e guerreiros, que apesar de toda dificuldade e falta de retorno, seja financeiro ou mesmo de público, tentar realizar e trazer shows e entretenimento para todos. Festivais como Eletronika, Abril pro Rock, Goiana Noise entre outros que temos aqui e não deixam de dar sua contribuição para a música e promoção da mesma. Mesmo iniciativas nacionais como o Grito do Rock, festivais ligados ao Fora do Eixo ou a organizações de festivais independentes deixam de ser prestigiados. O muito que pagamos é com nossa presença, pois o de graça sai caro. E quando sai é barrado por movimentos de comerciantes e moradores. Muitos reclamam que são caros, pouco atrativos e costumam ridicularizar, sendo que nem na porta passam. Ou muitos costumam ler uma nota pequena no jornal e dizer que são os famosos quem, sendo que os festivais importados, fazem mais do mesmo.
Artistas que surgiram ontem são as grandes estrelas do nosso festival importado de hoje. Não faço um discurso patriota, pela causa da nação, mas é triste ver o que nossos produtores passam, trazendo bandas e criando festivais. O retorno não é o mesmo ou é ainda pior, são cobrados por não trazer determinado artista que está em outro estado. Mas enquanto isso em outros locais, experiências das mais diversas serão relatadas através das mídias sociais, celulares irão registrar cada momento e compartilhar com todo o mundo as imagens, posts e comentários de seus deliríos e surdez temporárias, tudo em nome do novo velho importado.
Agradecemos em primeiro lugar a Lula, Dilma e equipe econômica pela nossa moeda forte e econômia valorizada frente ao dólar e outras moedas, pois se não fosse isso e outros detalhes não teriamos está importação musical presente hoje. Como diz o ex-presidente Lula “Nunca antes na historia deste País” tivemos tantos shows internacionais e festivais importados. Porém, não passa a ser mais do mesmo.