Sabe aquele momento que você espera desde que ouve uma determinada música? Essa era a minha relação com o Morrissey desde que ouvi o seu álbum mais recente, o maravilhoso (para não dizer mais) Years Of Refusal, lançado em 2009. A música em questão, “One Day Goodbye Will Be Farewell”, rapidamente virou uma das minhas favoritas de toda a carreira do músico e, confesso, era uma das mais aguardadas por mim no show realizado no último dia 07, no Chevrolet Hall.
Clássicos a parte, comecei mesmo a dar uma atenção especial ao trabalho de Moz com o Years Of Refusal, então nada mais natural do que aguardar para conferir algumas das músicas do álbum ao vivo. E me senti feliz ao cantar “I’m Throwing My Arms Around Paris” e “When Last I Spoke To Carol”, por exemplo. Mais do que isso, me senti realizado, como se tivesse tirado um “peso dos ombros” ao ver e ouvir cada uma das 19 músicas da apresentação.
Com sua banda uniformizada e com crítica a crise vivida na Síria (cada um dos membros da banda usava uma camisa vermelha com a inscrição “Assad Is Shit”, referencia ao ditador Bashar Al-Assad), Morrissey tomou de assalto um Chevrolet Hall lotado desde os primeiros acordes de “First Of The Gang To Die” e, como muitos costumam dizer, desde aquele momento o jogo já estava ganho. “You Have Killed Me”, “Everyday Is Like Sunday”, “Speedway” e a lista de músicas foi se seguindo sem que a conexão entre Morrissey e público se rompesse. Conexão que permitiu até brincadeira do músico ao dizer “Would You Like To Choose The Next Song? Well, You Can’t.” (“Vocês querem escolher a próxima música? Bem, vocês não podem.”).
Músicas do The Smiths também fizeram parte do repertório e foram cantadas como nunca pelos presentes. “There Is A Light That Never Goes Out”, “I Know It’s Over” e “Meat Is Murder” agradaram a todos os presentes. Mas, falando de The Smiths, o grande auge foi em “Please, Please, Please Let Me Get What I Want” e, vou confessar, rolou aquela lágrima marota no canto dos olhos. A primeira lágrima das duas que caíram durante o show, diga-se de passagem. Interpretação linda, com direito a Moz tirando a camisa e jogando para o público. Aliás, neste momento, ele me parecia realmente emocionado com o que via e com a recepção mais do que calorosa do público. Depois, veio “How Soon Is Now?”, pedidos para que o público não se esquecesse dele e de sua banda (como se isso realmente fosse possível), e o bis.
Já tinha visto o setlist dos shows realizados na turnê pela América do Sul e a presença de “One Day Goodbye Will Be Farewell” entre as músicas tocadas era um dos meus grandes motivos para ir ao Chevrolet Hall, como deve ter ficado claro lá pelo início do texto. E, como nos últimos shows, Morrissey voltou ao palco e a banda deu início a tal música aguardada por mim. Aí sabe como é, né? Você se empolga, começa a gritar e cantar como se estivesse na grade e aquele momento nunca fosse acab… Ok, vou me conter aqui, mas é preciso dizer que ouvir “One Day Goodbye Will Be Farewell” ao vivo passou a fazer parte da minha galeria pessoal de grandes momentos musicais vistos. E alí rolou minha segunda lágrima. Merecida.
Ponto para o Morrissey, pelo show impecável. Ponto para Belo Horizonte, que mais uma vez provou ser capaz de atrair nomes importantes do cenário musical. E, porque não, ponto para mim, que tive mais um sonho musical realizado. E que a volta de Moz ao Brasil (e a BH, claro) não demore mais 12 anos.
[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=jSG9155_RA8[/youtube] Vídeo por Rodrigo James.
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Setlist:
First Of The Gang To Die
You Have Killed Me
Black Cloud
When Last I Spoke To Carol
Alma Matters
Still I’ll
Everyday Is Like Sunday
Speedway
You’re The One For Me, Fatty
I Will See You In Far-Off Places
Meat Is Murder
Ouija Board, Ouija Board
I Know It’s Over
Let Me Kiss You
There Is A Light That Never Goes Out
I’m Throwing My Arms Around Paris
Please, Please, Please Let Me Get What I Want
How Soon Is Now?
– Bis –
One Day Goodbye Will Be Farewell
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Fotos: Polly Rodrigues