Roberta Sá está em turnê para divulgar o seu mais recente cd, intitulado Segunda Pele, e pra os fãs entenderem um pouco mais sobre o álbum, a cantora conversou com o Audiograma e compartilhou algumas curiosidades sobre o trabalho.
Segunda Pele é o quarto álbum de estúdio e apresenta um repertório de canções de compositores mais contemporâneos, além de apresentar uma Roberta Sá mais madura e cada vez mais talentosa.
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Como surgiu o título “Segunda Pele”?
A partir de uma canção do Carlos Rennó e do Gustavo Ruiz. É um título que pode ser interpretado de várias maneiras. É sensual, leve, e dúbio como o disco. Acho que ele inaugura uma nova etapa na minha história.
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Como foi feita a escolha do repertório?
Eu realmente não queria fazer um disco autoral, no sentido de compor as canções. Queria fazer um disco de intérprete, com compositores contemporâneos que me mostraram músicas inéditas. Esse movimento está cada vez mais difícil, porque eu tenho que ter uma relação pessoal com os compositores que gravo. Mesmo que seja breve, porque uso a música como matéria prima da aproximação. Preciso saber se o eu quero dizer o que ele está dizendo. O Lula me apresentou o Dudu Falcão, o Moreno Veloso me chamou a atenção pro Rubinho Jacobina e no fim eu estava com um repertório que eu queria. Deu tudo certo. Expus esse momento porque gosto de dar crédito a todo tipo de ajuda que recebo na hora de fazer um disco. Isso é uma coisa minha. Encontrei com cada um deles para trocar ideias. Cada uma tem uma historinha. Coisas que vivi, aprendi e queria compartilhar com o público.
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Qual a diferença da Roberta Sá do primeiro disco pra a Roberta de Segunda Pele?
Alguns anos.
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Você acha que é obrigatório pra uma cantora seguir um padrão na sonoridade do disco pra não decepcionar a quem ouve ? Inovação é correr risco?
Não. Ficar parado é que é.
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A opinião dos fãs influencia na hora de pensar em um novo trabalho?
Sim, porque durante as turnês a reação do público me inspira. E não porque criar é solitário, mesmo que seja um solitário coletivo. Como é o meu caso, já que todos os músicos, técnicos, compositores e afins que passam pelo disco deixam sua contribuição de talento e criação.
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Você assina a música No Bolso junto com o Pedro Luís. Como foi essa parceria?
Quase toda conversa vira música aqui em casa. O Pedro é compositor por vocação, este é o seu ofício. Para o novo disco, fizemos juntos “No Bolso”. É uma música que fala da solidão urbana e das ferramentas que a gente encontra pra disfarçá-las. Ipods, telefones, estão sempre no bolso pra nos distrair. Trocamos uma ideia sobre isso e ele veio com essa letra duas horas depois. Sentamos no sofá, e terminamos a música juntos. Juntos, musicamos. É uma música feita pra pular, pra tirar a loucura do mundo do nosso sistema.
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Em “Esquirlas” você experimenta cantar em outra língua. Como foi a experiência de gravar o dueto com o Jorge Drexler?
Eu achei que havia chegado a hora de me lançar nesse desafio como intérprete: o de gravar em outra língua. E como o Drexler faz parte dos compositores contemporâneos que eu admiro tanto, pensei em pedir uma canção. Ele me veio com essa inédita. “Ahi vá mi voz buscándote muerta de fiebre” poderia ser o nome do disco. Além disso, “esquirlas” são estilhaços de bombas, o que forma uma imagem, infelizmente, muito corriqueira nos dias de hoje. Foi tudo muito delicado, simples e bonito. O Drexler é um lord. Corrigiu as palavras que eu estava pronunciando errado. E só!
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Quais são os compositores que ainda não trabalhou e tem vontade de gravar?
Tantos. Principalmente os que estão por vir.
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O que o público de BH pode esperar do seu novo show?
Harmonia, sintonia, música, paixão, vontade… Como diria Lula Queiroga: olho iluminado, braço arrepiado…
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Agradecimento especial à Patrícia Klingl (Assessoria Palavra) pela atenciosa ajuda para realização dessa entrevista.
Foto: Maurício Santana / Turnê Segunda Pele