A (Re)Descobrindo Sons passou por sérios problemas técnicos no decorrer de 2011. Sei que, se você for um dos cinco leitores cativos que essa coluna conseguiu com muito suor no ano passado (isso inclui a Raquel Ferraz, que revelou ter um senso de humor apurado ao afirmar que efetivamente achava essa coluna engraçada. Acho que ela é a única pessoa que ri COM e não DE mim, saca? Muito obrigado), deve ter lido muito essa desculpa. Usei ela quando deixei de fazer a coluna de outubro (a qual eu juro que existe até hoje e permanece no meu HD) e todas as outras. Tive que fugir do John Pereira o ano inteiro por faltas de justificativas, mas a verdade é que posso ser recriminado, pelo menos dessa vez.
Essa coluna é feita por uma pessoa muito sentimental e que depois de um ano inteiro (ou quase) desabafando sobre as amarguras de amar a pessoa errada, acabou ficando meio desanimado com as coisas, “aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer e até resolveu voltar a trabalhar” só para conseguir seguir em frente. Só para provar que estou dizendo a verdade, em fevereiro escrevi os esboços da coluna e ficou desse jeito aqui:
“[…] Parece ser o mês favorito para se refugiar por uns dias em outro estado e “esquecer” dos problemas. Tenho um pouco de inveja de quem consegue se desligar (e ter companhias para isso) por duas semanas e volta com as energias renovadas. Certamente que isso deve fazer bem para quem sabe viver e enfrentar a vida. Pensem só em como seria mais proveitoso ouvir discos curtindo as ondas, um bando de mulheres de biquínis minúsculos, peixe frito, limão, água de coco, areia entrando pelos calções e de quebra, se Deus existir de verdade, a companhia de uma pessoa sensacional e que faz A diferença… Não é o caso ainda, mas espero poder fazer isso no mês que vem.
[youtube width=”560″ height=”315″]http://www.youtube.com/watch?v=a8iZBVcWbTA[/youtube]Não conhece ainda? Tá esperando o que para ouvir “Toda Luz” do Gram?
A primeira audição do mês ficou por conta dos paulistas do finado Gram. Se você nunca ouviu nenhum dos dois discos do grupo ou teve a sorte de conferir uma apresentação ao vivo (viajei para o Rio de Janeiro em 2006 para poder ver o show; e vi a única apresentação deles em BH, a Obra virou um inferno e nunca vou esquecer o final épico com “Where is My Mind?” do Pixies), a sua vida romântica é incompleta. Diz a lenda que Sérgio Filho escreveu as letras do primeiro disco enquanto ouvia o excelente Bloco do Eu Sozinho dos barbados favoritos da geração indie brasileira. O Gram sempre foi comparado com o Los Hermanos, mais pela poesia das letras do que pelo instrumental com uma pegada bem mais rock n`roll. O disco conta com verdadeiras pérolas da fossa amorosa como “Toda Luz” e “Você Pode ir na Janela” (aquela do clipe do gatinho), e porradas como “Faça Alguma Coisa”. Pelo menos em Belo Horizonte é bem complicado achar um dos dois discos da banda, mas vale a procura. Vale mesmo. O Gram faz uma falta danada, mas coisas boas não duram muito tempo… em todos os sentidos da vida.”
Viram só? Não estava brincando. A coluna de janeiro é um “pouco menos pior”, mas essa vocês correm o risco de ler na integra. De qualquer forma, felizmente (para conservar pelo menos um leitor, né?) essa história chegou ao seu final, não foi feliz, mas já troquei o disco e estou em outro filme nesse momento. Certeza que ele terá o mesmo desfecho onde o mocinho vai para casa dormir sozinho e papear com a parede, mas ele cresceu muito e aprendeu que, embora a felicidade só seja real quando compartilhada, é possível ser feliz sozinho.
Ainda que não tivesse passado por essa lobotomia amorosa, a minha contribuição teria sido quase nula em 2011. Como já afirmei anteriormente, a (Re)Descobrindo Sons sempre foi uma apologia para o consumo inconsequente e irresponsável de boa música, mas como eu poderia cooperar com essa proposta se deixei de lado meu lado consumista (compulsivo, de acordo com meu último psiquiatra. O anterior pediu demissão e começou a fazer terapia. Há, essa foi tão ruim quanto o filme que tem essa quote) durante parte do ano? Fiquei desempregado (a vida não tá fácil) até maio e estava sem condição alguma de gastar dinheiro com discos, razão de existir da coluna. Sem falar que priorizei bastante o meu site Cinema de Buteco, depois acabei indo trabalhar no Cinema em Cena, o que me fez deixar a parte “profissional” de ser um bom apreciador da música completamente de lado.
[youtube width=”480″ height=”360″]http://www.youtube.com/watch?v=0KdctNg2WGY[/youtube]Porque Odair José quis me tirar desse lugar.
Aliás, recentemente foi publicado um texto sobre o artista aqui no Audiograma.
Passei muito tempo refletindo sobre levar essa coluna adiante ou deixar uma marca de vermelha nas páginas laranjas desse site conduzido pelo John e sua eficiente trupe. Depois de uma breve reunião, pelo Facebook mesmo, com o senhor Editor-Chefe do Audiograma, optamos por dar continuidade ao trabalho. Na verdade, o John afirmou com todas as letras que se eu escrevesse logo todas as 12 colunas de 2012, ele me daria um par de ingressos para levar a Samilla Majidah para o show do Ben Harper. Como recusar essa proposta? Então, a boa notícia é que, para a alegria dos meus quatro leitores, estamos de volta!
Já que estamos no final do ano, seria muita cara de pau falar de tudo que ouvi ao longo dos últimos onze meses (embora eu tenha intenção de enviar a coluna de janeiro/2011 para aprovação e eventual publicação. Qual o problema?). Minha intenção é fazer uma pequena retrospectiva de alguns momentos que vivi com a música esse ano. Como foram poucos discos adquiridos (você confere logo abaixo), a prioridade serão os shows, ainda mais que foi graças ao show do U2 e do festival Rock in Rio que eu marquei presença nas páginas laranjas. Em abril publiquei a minha crítica pessoal de duas das três apresentações que a banda realizou em SP, também conhecida como a cidade desprovida de amor. Em setembro ajudei com algumas matérias especiais do Rock in Rio (confesso que só fiz isso porque pensava que haveria um sorteio de ingresso entre a equipe para rolar uma cobertura foda no evento). Com apenas essas duas colaborações, fico pensando que os meus chefes no Audiograma devem ter planos para me levar para o sofá um dia (porque certos chefes de sites na Internet fazem isso, principalmente quando rola um buteco no meio da história), porque sou muito incompetente. Eu me demitiria. E olha que já me mandaram embora por muito menos, hein?
Como existe a enorme possibilidade dessa coluna ficar gigantesca (e eu ser acusado de ser prolixo por um dos meus três leitores restantes), nada mais justo que dividir em partes e ir publicando aos poucos. Tenho comigo que 2012 será um ano diferente, no qual estarei presente para dividir alegrias e tristezas, faça chuva ou sol, sempre com vocês. Não vou dizer que juro pela morte do Dave Grohl, pois seria um sacrilégio tremendo (e acabo de perder outro leitor), mas eu garanto que estarei aqui pelas próximas semanas para tentar divertir vocês com nada ou quase nada de útil, mas nessa era virtual, alguém realmente fornece material útil ou indispensável?
[youtube width=”480″ height=”360″]http://www.youtube.com/watch?v=YqBZy358tpU[/youtube]Cachorro? Que cachorro o que, eu não sou cachorro grande não.
Obrigado ao John e toda a equipe responsável por manter o Audiograma no ar durante todos esses meses, que viram anos e assim por diante. Muito bom fazer parte dessa equipe. E fica o agradecimento para aqueles que visitam as páginas laranjas e curtem as notícias no Facebook, participam das promoções e ajudam a divulgar o site. Certinho? Um grande valeu.
Para não abandonar o lado consumista da (Re)Descobrindo Sons pensei em incluir, além dos discos adquiridos, uma seleção de DVDs e livros, afinal não é só de música que vive o nosso cérebro e eu acho que posso oferecer boas dicas. Ainda que copie todas das páginas da VIP e da PLAYBOY, vocês nunca saberão.
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* O Foo Fighters foi confirmado oficialmente na programação do Lollapalooza Brasil na manhã da última segunda-feira, 21 de novembro. Porém os leitores do Audiograma já sabiam disso desde setembro, quando foi publicado esse texto aqui.
[youtube width=”420″ height=”315″]http://www.youtube.com/watch?v=oI1xAkzHgXc[/youtube]“Todos os meus amigos, todos os meus amigos, todos os meus amigos voam… voam… voam…”, mas abril continua longe.
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Discos Comprados:
– Wasting Light @ Foo Fighters
– Efêmera @ Tulipa Ruiz
– Coltrane Plays the Blues @ John Coltrane
– If Not Now, When? @ Incubus
– A Perfect Circle @ A Perfect Circle
– In Rainbows @ Radiohead
– Morning View @ Incubus
– Nevermind @ Nirvana
– Greatest Hits @ Neil Young
Discos Ouvidos:
Tá de sacanagem, né?