Já que as páginas laranjas estão em clima de good times (ou o mais próximo disso), não podemos deixar de mencionar o concorrido e tão antecipado show do Guns N’ Roses no encerramento do primeiro final de semana do RiR3. A abertura animada (e megalomaníaca) mostrava um Axl Rose magrelo e completamente diferente daquela criatura que subiria ao palco minutos depois. Faz parte do show, nós sabemos, mas será que o Axl também sabe?
Nós também sabiamos que Duff McKagan e Slash não faziam mais parte do Guns N’ Roses e que aquele era apenas o último suspiro de uma banda moribunda e de um cantor decadente. Mas como é que poderíamos nos preparar para o primeiro show “ao vivo” daquela que cultivava o título de maior banda de hard rock do mundo? Quem estava tocando não fez a menor diferença quando Axl Rose começou a entoar os primeiros versos de “Welcome to the Jungle” e a parafernália técnica iniciou o seu showzinho de imagens. Aquele era o primeiro grande show do Rock in Rio 3 e mesmo pela televisão, era possível sentir a energia. O jogo estava vencido sem o menor suor, mas vocês conhecem o vocalista do Guns e ele nunca foi de se contentar.
Até mesmo aqueles detratores do Guns N’ Roses tiveram que colocar o rabinho entre as pernas e aceitar a verdade: aquele gordo achando que estava numa maratona sabia o que estava fazendo, sabia como ganhar o público e o pior: ele sabia que o legado de sua banda era algo intocável e poderoso. Ninguém se importava por assistir um show apenas de músicas velhas. “Oh My God”, das poucas canções “inéditas”, deixou o público sem reação. Dava quase para gritar: “Toque algo que a gente conheça” e não demorou muito para a banda começar “You Could Be Mine”, música que faz parte da trilha sonora de O Exterminador do Futuro 2, de James Cameron.
Encontrar grandes clássicos não era uma coisa difícil no repertório do Guns N’ Roses, mas mesmo assim, a banda tentava mostrar serviço e agradar o público. O guitarrista Robin Finck tocou uma cover safada de “Sossego”, de Tim Maia, e foi ovacionado. Parecia que o ego da banda estava quase abafando a animação do público, que vibrava com a dobradinha “Sweet Child o Mine” e “Knocking on Heavens Door”. Vamos combinar que é complicado imaginar ouvir a introdução de “Sweet Child O Mine” e não se arrepiar. Estou dizendo, o show poderia ser uma verdadeira porcaria (o que não foi) e todo mundo aplaudiria de pé por vários minutos. O amor dos fãs é uma coisa muito louca e incompreensível. Axl Rose, mestre do show business, sabe como ninguém utilizar isso ao seu favor, tanto que está aí até hoje.
Axl ainda encontrou tempo para reclamar das pessoas que ficaram acusando a banda de ter chegado ao fundo do poço e elogiou uma amiga brasileira que ficou cuidando dele em sua pior fase. Parecia o momento de redenção de um monstro do rock e com a plateia na Cidade do Rock (e em casa) em extase, ninguém se preocupou em refletir sobre o quanto aquele momento foi piegas. Aquele era o ponto alto da terceira edição do Rock in Rio e a sensação era boa, a mensagem de paz do evento penetrou na alma de todo o mundo que parou para acompanhar aquelas apresentações e o Guns N’ Roses mostrou que ainda era capaz de oferecer entretenimento de primeira para qualquer pessoa, independente de gostar ou não da banda.
Se eles serão capazes de repetir a façanha no encerramento da quarta edição do RiR, só mesmo estando lá para saber. Você vai querer descobrir?