O Arctic Monkeys cresceu. Estranho dizer isso, mas parece que a banda se “perdeu” durante este crescimento. Se em Humbug tinha a “muleta” Josh Homme para dar suporte ao que foi (bem) feito, a muleta da vez eram os próprios integrantes e, em muitas vezes, apenas Alex Turner, que resolveu adotar um estilo “engraçadinho” de ser, fazendo com que suas composições fossem vistas como uma forma bem-humorada de se ver determinadas situações.
Letra e melodia tomam caminhos distintos. Enquanto Turner se esforça para produzir coisas capazes de nos fazer rir, as melodias se tornam cada vez mais densas, provocantes, completamente diferentes do debut da banda, lançado oficialmente em 2006.
É uma banda diferente, por isso não sou tão favorável a comparações entre o que foi feito lá em Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not e o que a banda acaba de lançar em Suck It And See. Muitos dizem que a banda muda de acordo com o humor dos integrantes, outros dizem que isso faz dos Monkeys uma banda original, por tentar sempre trilhar novos caminhos. Não consigo me posicionar em um dos dois grupos mas, se Suck It And See não é o melhor álbum da banda (e na minha opinião ficou longe de ser), é um lançamento decente de uma trupe que, hoje, pode se dar ao luxo de poder experimentar sem perder alguns elementos que são a marca registrada da banda.
Suck It And See nos brinda com um baixo de Nick O’Malley e, não sei você, mas nunca ouvi um baixo tão presente na banda como neste álbum. Suck It And See nos brinda com “Library Pictures” que, de longe, foi uma das músicas que me causou mais alegria ao ouvir e que bebe na fonte mostrada por Homme no álbum anterior. Suck It And See nos entrega uma maior quantidade de riffs leves e sem grandes variações, algo que não era visto (pelo menos com tanta clareza) nos álbuns anteriores.
Apesar disso, músicas como “Black Treacle” e “Brick By Brick” trazem um pouco do passado, da bateria sempre marcante de Matt Helders e tentam acalentar um pouco os corações dos mais desesperados pelo retorno “as origens” dos macacos.
Vejo que o tempo passou e a trupe formada por Turner, Cook, O’Malley e Helders resolveu, de fato, apostar no estilo adotado em Humbug. Se em Humbug a aposta parecia deveras arriscada, em Suck It And See ela acaba se consolidando e deixando claro o novo posicionamento da banda, ainda que um pouco confuso.
O que fica claro com tudo isso é que, salvo grande mudança, a banda não deve apresentar um novo álbum que seja todo pautado naquela “correria jovial” do início de carreira. Mesmo assim, o Arctic Monkeys é mais do que capaz de nos dar boas canções e, mesmo considerando Suck It And See um álbum bem aquém dos demais, acredito que suas 12 canções são sim dignas de audição.
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Arctic Monkeys – Suck It And See
Lançamento: 06 de junho de 2011
Gravadora: Domino
Gênero: Alternative Rock
Produção: James Ford
Faixas:
01. She’s Thunderstorms
02. Black Treacle
03. Brick by Brick
04. The Hellcat Spangled Shalalala
05. Don’t Sit Down ‘Cause I’ve Moved Your Chair
06. Library Pictures
07. All My Own Stunts
08. Reckless Serenade
09. Piledriver Waltz
10. Love Is a Laserquest
11. Suck It and See
12. That’s Where You’re Wrong