Fila na sexta, mais de 10 horas de fila no sábado, mais umas 5 horas no domingo, horas sentada em uma única posição. Empurra empurra, aperto, chuva, muita chuva! Isso sem falar no engarrafamento monstro para sair do estádio depois. Mas como dizem, vale tudo pelo U2. E pela animação das pessoas à minha volta, acho que posso afirmar com 99% de certeza, que todos ali fariam tudo de novo para ver o grupo irlandês, com mais de 35 anos de carreira, no palco mais uma vez.
Acho que não sou a melhor pessoa para escrever sobre um show do U2, afinal, todos sabem que sou muito fã da banda, mas vamos lá, prometo tentar ser o menos tendenciosa possível!
O Muse foi uma excelente escolha para abertura do show. Eu já era fã do trio inglês, mas vi várias pessoas que não conheciam o trabalho deles, se surpreendendo com o show de 45 minutos, que esquentou a galera para o momento mais esperado.
O Morumbi estava lotado e foi legal ver a interação entre os fãs. Claro que havia aqueles que conheciam apenas os trabalhos mais divulgados da banda e não sabiam direito por onde passava a turnê atual, mas também eram muitos os que estavam a dias acampados na porta do Morumbi, que seguem a banda por onde eles passarem e que esperavam pelos clássicos e pelas novidades com o mesmo brilho no olhar.
O palco dispensa comentários. Nada que eu diga aqui será capaz de retransmitir fielmente a grandiosidade da garra, do telão… É algo que merece um show a parte, apenas para ficar admirando as imagens, os jogos de luz… a interação entre a banda e sua estrutura. Em alguns momentos é difícil saber para onde olhar.
“Even Better Than The Real Thing” se mostrou uma super aposta para a abertura do show e levantou a galera bonito. Confesso que no sábado, já comecei a chorar ali, afinal, nunca me imaginei ouvindo essa música ao vivo. O show seguiu sem muitas surpresas para quem vinha acompanhando os setlists das últimas apresentações. Mas ainda assim, impossível não se emocionar com “Until The End Of The World”, “I Still Haven’t Found What I’m Looking For”, “Where The Streets Have No Name”, “Magnificent” entre muitas outras. A homenagem feita antes de “Moment Of Surrender” às crianças mortas em Realengo foi linda e tornou o momento ainda mais emocionante.
Mas se sábado já tinha sido algo difícil de assimilar, domingo foi surreal! Even Better seguida de “Out of Control” parecia um sonho. Bono disse que esta música só era tocada em momentos especiais e nossa, especial é pouco para aquela noite que ainda contou com “Zooropa”, “Pride” e “Ultraviolet”. Eu só conseguia agradecer por ter decidido e tido a sorte de ir aos dois dias. Nunca me perdoaria se não tivesse presente no show de domingo.
Só quem é fã para entender a emoção que nos acomete ao ouvir, ao vivo, as músicas que fizeram parte da sua vida, que marcaram um ou outro momento crucial. Só quem é fã entende olhar para o lado e ver a pessoa ali parada, com os olhos fechados e as lágrimas escorrendo enquanto os primeiros acordes de Walk on, ou de qualquer outra música, enchem o estádio. Não há dinheiro no mundo que pague essa emoção.
Se a banda deu um espetáculo para o público, este também a surpreendeu. Foi visível o espanto do Bono ao ver os balões tomarem a pista durante “Where The Streets Have No Name”, no sábado. E essa é a relação entre banda e fãs… as surpresas parecem não ter fim de nenhuma parte.
Algumas pessoas os criticam por suas ações beneficentes, os acusam de marqueteiros, mas será que eles realmente precisam disso? Bono, The Edge, Adam e Larry, com mais de 30 anos de carreira, mostram o que muitos artistas novos não mostram, amor pelo o que fazem, prazer em tocar e mais do que tudo, respeito aos fãs. E é tudo isso que transforma suas turnês em verdadeiros espetáculos que fazem fãs acamparem na porta, tomarem chuva, se emocionarem e ainda pensarem em voltar na próxima!
De uma coisa eu tenho certeza, na próxima farei tudo de novo!
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Fotos: Tatiana Perry (1 e 3) e U2.com (2)