Talvez eu não seja a pessoa mais indicada para resenhar um show que, no início, só me chamou a atenção após toda a confusão envolvendo a mudança de formação e, principalmente, a escolha do nome de Josh Freese para ocupar um dos postos vagos na banda.
Foi com isso na cabeça que comecei a me motivar para o show do Paramore em Belo Horizonte e cheguei ao Chevrolet Hall com a ideia na cabeça de que, enfim, poderia ver o Freese tocar de perto e, por consequência, ver o que Hayley Williams e demais membros eram capazes de fazer no palco.
Por mais que possa parecer louco, meu intuito durante o trajeto em direção a casa de shows era somente ver um dos melhores bateristas de todos os tempos, que já andou por aí com Lenny Kravitz, Weezer, Suicidal Tendencies, Infectious Grooves, New Radicals, Guns N’ Roses, Chris Cornell, 3 Doors Down, Queens of the Stone Age, The Offspring, Nine Inch Nails, Fuel e vários outros nomes relevantes do cenário musical mundial, sem contar os seus projetos oficiais como o A Perfect Circle e o DEVO.
Acabei vendo somente algumas músicas da banda de abertura, a Hey Ladies, que apresentou no palco uma mistura de clássicos e músicas próprias. Pelo pouco que pude ouvir, me pareceu um som bem honesto e que vale a pena dar uma atenção maior. Além do que, me pareceram bem a vontade no palco e conseguiram – pelo menos em mim – afastar aquela estigma de que “banda de abertura só serve para atrasar o show principal”, coisa que vem sendo alimentada com frequência por aí.
Com cinco minutos de antecipação, lá estavam Jeremy Davis, Taylor York, Justin York, Josh Freese e, por último, Hayley Williams abrindo a passagem do Paramore por Belo Horizonte com “Ignorance”. A mistura de sons que vinham do palco e do publico transformaram o Chevrolet Hall em um local ensurdecedor. Não sei se pela faixa etária ou pela euforia dos presentes, mas foi algo que a muito tempo não via e olha que já se vão mais de 10 anos de shows.
Como o esperado, Hayley já tinha o público na mão antes mesmo de subir ao palco. Cada olhar ou sorriso dela lá de cima já provocavam as mais diferentes reações do público. Músicas como “That’s What You Get”, “For A Pessimist, I’m A Pretty Optimistic” ou “Playing God” deixavam clara a sintonia entre banda e público, que se entregava a cada música, a cada grito, a cada pulo.
Com um set acústico, a banda abaixou a adrenalina do público, que pode dar uma respirada e ainda ouvir uma nova música, de nome “In The Mourning”. Com todo mundo mais calmo, vieram “Crushcrushcrush” e “Pressure”, suficientes para agitar novamente o público, que naquele momento parecia ter folego para horas e horas de show. Além delas, tivemos a balada “The Only Exception” com direito a luzes baixas, iluminação via celulares e balões brancos levados pelo público.
Para o bis, Hayley – que já tinha erguido uma bandeira durante o show – volta com uma camiseta com a bandeira de Minas Gerais. Era a tacada final para conquistar de vez o público presente e, ainda, dar de brinde “Brick By Boring Brick” e “Misery Business”.
Quente e barulhento talvez seja a melhor definição para a noite da última quinta no Chevrolet Hall, conforme a própria Hayley relatou via Twitter horas após o show. Posso dizer que, pelo menos alí, naquela atmosfera, a apresentação conseguiu mudar a minha percepção sobre o Paramore. Não saí de lá como o mais novo fã, mas a banda ganhou o meu respeito e minha atenção pelo que fizeram naquele palco.
O Josh Freese? Sim, ele estava lá, continua sendo um dos melhores bateristas de todos os tempos e sai de lá deveras impressionado com a forma do cara tocar. A questão é que: Desde que entrei no Chevrolet, eu já esperava por isso dele. Agora, o “plus” que foi o conjunto da obra apresentado pelo Paramore eu não acreditei que veria.
Como diz um amigo jornalista, “o palco é o local aonde acontece o verdadeiro teste” e, no meu humilde teste particular, o Paramore saiu de Belo Horizonte devidamente aprovado.
.
Fotos: Polly Rodrigues