Sabem aquilo que eu já havia falado logo na primeira vez que apareci nessas páginas laranjas? Sobre ter organização e responsabilidade? Espero que pelo menos um dos meus três fiéis leitores mensais (desculpe se você for um quarto leitor, mas é que eu nunca tive o prazer de ouvir alguém vindo falar que leu a minha coluna aqui e achou muito legal. Ou que leu a coluna e achou uma merda. Sabe? O problema da internet é que todo mundo lê as coisas, mas poucos são os que comentam. Isso irrita) tenha aprendido direitinho essa lição. Eu não aprendi. Sou uma mescla de sinceridade com uma imensa cara de pau (péssimo termo, eu sei. Me dá arrepios na espinha sempre que escuto alguém se referindo a alguém assim) e não tenho vergonha nenhuma de ser assim. Sabia que estava bom demais para ser verdade quando fiz os três, quatro primeiros posts no Audiograma, mas agora esta cada vez mais complicado. Tenho o trabalho de ser o editor chefe do Cinema de Buteco, tenho que ficar sem graça com a minha (quase) completa abstinência no Rock in Press e no Muse Brasil e agora, ainda por cima, resolvo começar a me dedicar mais para o livro que pretendo escrever ao longo dos próximos meses. A organização e o planejamento que me deveriam ser obrigatórios desde sempre, começam a gritar bem alto na minha cabecinha confusa.
Para quem possa interessar, o tema do livro por enquanto é confidencial. Digamos apenas que é uma mistura de Alta Fidelidade e O Balconista com a minha atual experiência pessoal de trabalhar numa loja de discos. Parece ser fácil falando assim, mas é muito mais complicado do que parece. Fiz diversas anotações nos últimos sete meses, mas parece que pouco vai ser usado no fim das contas. E ainda esbarro no problema legal de usar nomes e informações pessoais de terceiros. Com certeza serei processado. Sempre soube que um dia seria acusado (legalmente) de alguma coisa, mas jurava que seria algo relacionado a assédio sexual… Quem diria, né? Se bem que na época do ensino médio eu fui ameaçado pela mãe de um colega. Tudo por conta de uma colagem que fiz com o garoto e publiquei na internet. Tadinho.
[youtube width=”480″ height=”385″]http://www.youtube.com/watch?v=SOrmjhWpPrY[/youtube]That`s the way i liked
Julho é conhecido como o mês das férias, do meu aniversário e também por ser o mês do rock. No dia 13 se comemora o dia mundial do rock e rolou um evento (quase) perfeito na capital mineira. O problema foi na distribuição dos ingressos gratuitos na Savassi, que quase acaba em quebra pau e na quantidade imensa de pessoas presentes no Lapa. Entregaram bem mais ingressos que o lugar comportava e o resultado foram filas imensas para ir até o banheiro. Só que esse é o espírito do rock, não é verdade? Já os shows foram bem legais, com destaque para a parceria entre Macaco Bong e Black Drawing Chalks tocando “Aneurysm” do Nirvana. Gosto muito das duas bandas, mas assim como aconteceu durante a versão de “Drain You” do excelente Monno, os vocalistas mostraram que o Nirvana só era bom com Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl. Uma pena. Já o Fusile conquistou as atenções de todos os presentes quando tocou “Top Top” do Mutantes. Foi um dos melhores momentos da noite, só perdeu para a cover irada de “Ace of Spades” que o trio mineiro The Hells Kitchen Project usou para encerrar o show.
Quando falo que a minha ausência no Rock in Press foi quase completa, tenho meus motivos. Apesar de ter comparecido ao evento do dia do rock, não escrevi uma palavra sequer sobre o mesmo. Só fui fazer alguma coisa no site depois que descobri que o disco novo do Arcade Fire tinha vazado. Para a minha tristeza, um dos colaboradores foi mais rápido que eu e publicou o texto elogiando o trabalho da banda. Fiquei chateado, já que esse era um dos discos que eu mais aguardei para mostrar minhas impressões. O resultado do Suburbs (que será lançado com umas oito capas diferentes) é incrível. Confesso que apenas “Modern Man” conseguiu se equiparar com as sensacionais “Ready to Start”, “The Suburbs” e “We Used to Wait”. Houveram pessoas que tiveram a ideia idiota de dizer que o album era melhor que o OK Computer do Radiohead. Totalmente desnecessário e imaturo. The Suburbs é o melhor trabalho do Arcade Fire, que mesmo não criando um disco épico como os dois anteriores, conseguiu manter a identidade e flertar com uma direção mais comercial. O resultado foi uma apresentação lotada no Madison Square Garden no dia 7 de agosto, com transmissão ao vivo pelo YouTube. O Arcade Fire trilha o caminho do Kings of Leon e cada vez mais ganha status de super banda.
[youtube width=”480″ height=”385″]http://www.youtube.com/watch?v=AISXuG9YkzM[/youtube]Abertura do show do atual show do Arcade Fire (quero essa porra no Brasil).
Minha retomada ao RinP aconteceu logo depois, já que por acaso o album do Interpol vazou no mesmo dia que descobri sobre o Arcade Fire e tudo conspirou a favor, pois era a minha folga na escravidão diária. Mostrei que ainda possuo o teclado mais rápido da equipe do site e poucas horas depois a crítica do disco estava no ar. Se é melhor que o do Arcade Fire? Talvez. Fato é que os dois discos se juntaram na lista de melhores do ano, desbancando o Spoon e o Jakob Dylan. Mas eu ouvi pouquissima coisa nova em 2010, como vocês, fiéis leitores, devem ter percebido ao longo desses últimos sete meses de muito papo furado, prolixidade excessiva e desabafos sobre frustrações sexuais. Pelo menos causei uma ou outra risada, espero.
[youtube width=”480″ height=”385″]http://www.youtube.com/watch?v=BYJnsuiL4gc[/youtube]“Success”, minha faixa favorita do novo disco do Interpol.
Em um lapso completo de memória me esqueci dessa apresentação épica do Muse no Glastonbury, que ocorreu em junho. Com certeza a apresentação dessa canção em parceria com o The Edge (também conhecido como o homem de touca) vale como a música do mês e provavelmente do ano inteiro. Fico quase na dúvida se prefiro “Where Streets Have no Name” na versão original do U2 ou nessa versão “tunada” com o The Edge.
[youtube width=”480″ height=”385″]http://www.youtube.com/watch?v=GUkw8sJoY7k[/youtube]Encontro épico para encerrar a década.
O saldo final de julho foi bastante positivo. Acabei ouvindo alguns trabalhos novos bem interessantes, o tal disco do RPA and United States of Sound, por exemplo. Excelente retorno de Richard Ashcroft, mas que não é tão bom quanto o The Verve ou mesmo a sua carreira solo. Definitivamente Ashcroft ainda tem que comer muito arroz com feijão para se transformar em um Damon Albarn da vida. Outro destaque foi o excelente Amigo do Tempo do Mombojó, que durante um bom tempo permanecia no topo dos melhores trabalhos nacionais. Porém chegou o disco novo do Pato Fu e aí…
[youtube width=”480″ height=”385″]http://www.youtube.com/watch?v=oIw7qqD1ue8[/youtube]Versão de “Ska” ownante.
Dessa vez escrevi a coluna assistindo/ouvindo o dvd do Led Zeppelin. Sei que trapaceei e comprei antes da hora, mas é que estava num preço justo e não resisto. Ainda faltam dois discos para completar minha coleção, mas já adiantei minha vida e comprei um dos dvds mais elogiados de todos os tempos. Como é que tem gente que não sabe apreciar essa banda? Tem como entender as pessoas que dizem preferir os Beatles?
Hoje, dia nove de agosto, QUASE fiquei arrependido de ter comprado a coletânea do The Doors por r$30. Encontrei mais barato em uma loja da concorrência. Digo QUASE porque ir com um disco da banda para o motel pode ser a coisa mais inteligente que um sujeito pode fazer. Nunca mais vou ouvir “Riders on the Storm” ou “Light my Fire” sem ter certas lembranças quentes. E sem querer me gabar, mas a noite em questão foi tão boa que o disco rodou umas duas, três vezes e só a “The End” tem mais de dez minutos… Quando Chuck Palahniuk disse que a camisinha era o sapatinho de cristal de nossa geração, ele não estava brincando: podemos dançar com a pessoa a noite inteira e depois é só jogar fora. A camisinha, não a pessoa…
[youtube width=”560″ height=”340″]http://www.youtube.com/watch?v=5qRJIBtbc2c[/youtube]Striptease ao som de Doors é a coisa mais tensa ever. Experimentem.
Uma coisa que precisa ser dita e que pode comprometer o próximo mês: a minha alegria em comprar e ouvir discos no meu mac acabou. Parece que o meu leitor de discos foi para o saco e como tudo é integrado, corro o risco de ficar sem computador por algum tempo. Amo muito tudo isso. Boa sorte para quem tem azar durante o saldo positivo e até o mês que vem, se Deus quiser.
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Ouvidos:
– Houses of Holy @ Led Zeppelin
– A Love Supreme @ John Coltrane
– Amigo do Tempo @ Mombojo
– Physical Graffiti @ Led Zeppelin
– Women + @ Jakob Dylan
– @ RPA e United States of Sound
– Alligator @ The National
– Highway 61 Revisited @ Bob Dylan
– @ Pearl Jam
– Dylan @ Bob Dylan
– Make Yourself @ Incubus
– The Suburbs @ Arcade Fire
– Interpol @ Interpol
– Coda @ Led Zeppelin
– Ok Computer @ Radiohead
– Only by the Night @ Kings of Leon
– Música de Brinquedo @ Pato Fu
– Very Best of @ The Doors
Comprados:
– A Love Supreme @ John Coltrane
– Live in Zurich @ Duke Ellington
– I am the blues@ Willie Dixon
– Physical Graffiti @ Led Zeppelin (presente)
– Era Vulgaris @ Queens of the Stone Age
– (What`s the Story?) Morning Glory? @ Oasis (presente)
– Rearviewmirror @ Pearl Jam
– Highway 61 Revisited @ Bob Dylan
– Dylan @ Bob Dylan
– Coda @ Led Zeppelin
– Very Best of @ The Doors
– Greatest Hits @ The Offspring
– Kind of Blue @ Miles Davis