Por: 2T Dias
Na minha singela opinião, uma pessoa produz melhor se tem objetivos e metas. Isso inclusive contribui para a tal da felicidade, que é o que a maioria das pessoas normais procuram. Em março resolvi criar e cumprir minhas metas. Infelizmente isso ainda não inclui escrever frequentemente para o Rock in Press. Não sei o que esta causando esse breve bloqueio, mas resta a esperança de que com o aguardado disco do Slash a situação se inverta. E eu sei que já havia prometido escrever sobre o Spoon e o Vampire Weekend logo na primeira vez que apareci aqui no Audiograma. Estou ciente de que não sou uma pessoa de palavra, aparentemente. Mas escutem o que estou dizendo: com metas a pessoa muda. Nas outras duas colunas mencionei a minha necessidade aguda de um player mp3 para conseguir resolver o problema de ouvir poucas músicas. Adivinhem só? Consegui comprar o tal GoGear e resolvi uma parte do problema, o resto é com o tempo. Tudo isso por conta das metas. A minha meta de 2010, além de ver um filme por dia, é completar minha coleção de livros do Dostoiévski e de discos do Led Zeppelin. Estou longe. E isso é excitante.
O mês começou com um show quente do Black Drawing Chalks no Lapa Multshow na tradicional Flaming Night, festa organizada pelo selo 53HC e que praticamente atrai todo o público rockeiro dessa roça grande chamada Belo Horizonte. Fui representar o Rock in Press e tive que me abster de me envolver diretamente na bagunça, pelo menos até o show do BDC acabar. Ouvi dizer que os chefes Gilmar Souza e Adriana Pires deram as caras por lá, mas acho que eu já estava em um nível etílico elevado demais para conseguir encontra-los naquela zona de guerra. Nunca havia visto um show com tantos stage dives desastrosos. Até hoje tenho pesadelos com uma garota que se jogou do palco e bateu com os dentes no chão. Nada melhor que um show quente desses para o aquecimento para as três apresentações internacionais que eu pretendia ver. Digo pretendia porque acabei sem dinheiro para o Guns N’ Roses (ou você acha que vendedor de discos tem grana sobrando?); a malandra da Betty Ditto levou um pé na bunda e achou melhor curar a dor de cotovelo debaixo do seu cobertor extra grande (também conhecido como capa de chuva de Manhattan), cancelando assim a apresentação do Gossip na Roxy e no Brasil inteiro; sobrou apenas o Franz Ferdinand no Rio de Janeiro na véspera do aniversário do nosso querido John Pereira (impressão minha ou o cara ganha shows internacionais de aniversário?). Acabei indo a trabalho também e fui premiado com um dos shows mais empolgantes que já vi. Claro que nem tudo foram rosas: no meio do show tive que lidar com um casal de adultos pentelhos que não estavam satisfeitos com a minha postura saltitante. Levei várias cotoveladas e a coisa poderia ter virado uma briga séria se não fosse o empurrão providencial que dei no sujeito e a minha ex-namorada me proibindo de socar a cara de qualquer pessoa. Encontrei o meu outro chefe (puta que o pariu, eu devo ser a única pessoa que tem mais de três chefes na vida e que não manda nem no cardápio do almoço. que decadência!), o apaixonante Xi, que não deixou de dar uns puxões na minha orelha e me (obrigou a) encomendou uma resenha quentinha do show. Tudo poderia ter sido perfeito (não transei no Rio, mas pelo menos vi uma mulher pelada caminhando nas proximidades da mística Lapa), mas tive que esperar por quase duas horas por uma guria escrota da excursão demoníaca que me levou para o show. Felizmente a menina foi encontrada (viva) e voltamos para casa mais de duas horas e meia depois do show ter acabado.
vi isso tudo lá de cima. visão ALTAMENTE privilegiada e a maior onda humana que já vi em shows.
Descobri que agora, além de ouvir músicas enquanto faço o trajeto casa-trabalho/trabalho-casa, posso ouvir os cd’s que compro enquanto jogo God of War do Playstation 2. Curioso dizer que uma das minhas metas do ano é zerar o GoW 1 e 2 para poder comprar o Ps3 e o GoW 3. Como tempo é uma coisa que eu não tenho ultimamente, será uma meta bem interessante de bater. Posso dizer que ouvir o Them Crooked Vultures enquanto você massacra o computador com o Kratos piradão é muito legal. Faith no More, Incubus, Gogol Bordello e Metallica também funcionam bem. Acho que mato melhor quando escuto coisas pesadas. Talvez seja só impressão, sei lá. A verdade é que quando coloquei o disco do KC and The Sunshine Band, não consegui me concentrar mais na telinha e acabei irritado por não conseguir passar de um chefe gigante na fase final do jogo. Pior é conferir os vídeos de detonados no youtube e perceber que os internautas passaram do tal monstro de armadura gigante sem grandes problemas… Ao invés de admitir minha incompetência, prefiro botar a culpa no swing sinistro do funk do KC and Sunshine Band. Essa tal coletânea (preciso parar de comprar só compilações, mas o preço era sem noção de bom) simplesmente garantiu a trilha sonora de qualquer eventual festa que eu venha a dar em minha residência. Claro que a equipe inteira do Audiograma estará convidada.
Esse mês eu acabei comprando também o segundo disco de estúdio do Queens of the Stone Age. Por acaso, as minhas faixas prediletas da banda constam no tracklist: “Lost Art of Keeping a Secret” (se houvesse um cd da trilha sonora da minha vida, ela estaria presente), “Feel Good Hit of the Summer” (maior hino anti-drogas do mundo?) e “Better Living Through Chemistry”. O baixista Nick Oliveri ainda fazia parte do QOTSA nessa época, não sei se lembram, mas foi quando eles vieram tocar no Rock in Rio 3. Ele era o careca peladão. Pena que brigou com o Josh e cascou fora. Ano passado ele lançou um disco solo um tanto horroroso e recentemente gravou uma linha de baixo no tal cd solo do Slash. Sucesso para ele.
Sabem aqueles dias em que canções brotam na nossa cabeça? Pois é. Geralmente acontece durante o banho. Enquanto me enxugava, comecei a cantar os versos do samba malandro “Senhor Delegado” dos Titãs. Não deu para controlar e ouvi o Acústico Volume 2 até o ponto que suportei. Saudades eternas da época do Cabeça Dinossauro e tantos outros discos pesados, sem medo de ser feliz. Era uma outra banda, uma outra época. Não dá para se adaptar com a atual fase daquela que já foi uma das minhas bandas favoritas. Parafraseando a canção “32 Dentes”, o Titãs atual tem 32 dentes. Mas mesmo assim, não consigo deixar de considerar a banda e acabei levando para casa a coletânea Titãs 84-94, que tem algumas das melhores músicas da carreira da banda, e que, acima de tudo, custou apenas R$15. Quem sabe no próximo mês não compro o volume 2?
o sangue corre diferente depois de ouvir o som do Titãs. não tem explicação.
O meu lado nacional falou bem alto nesse mês de março. Completei a minha coleção de albuns do Los Hermanos ao comprar o sensacional Bloco do Eu Sozinho. Agora só falta o dvd do show na Fundição para ter o material completo daquela que já foi uma das melhores coisas que o Brasil criou. Apesar de não gostar tanto da banda mais (creio que o Los Hermanos só tenha utilidade para ser trilha sonora de fossa amorosa) sempre que me deparo com um cliente estrangeiro, tento empurrar o Ventura e/ou o Bloco. Confesso que a tática funciona em mais de 80% dos casos. Os quatro gringos que visitaram a loja nesse mês (incluindo a linda Sara, que deixou meu coração em brasa e nunca me respondeu no facebook) levaram alguma coisa dos barbados cariocas. O Ventura é cd obrigatório para qualquer pessoa que goste de boa música brasileira, não por acaso, é o meu favorito. Apesar que é no Bloco que tem “Sentimental” e “Fingi na Hora Rir”, minhas favoritas… Levei para casa o clássico Selvagem dos Paralamas. Preciso falar que ele é “apenas” um dos discos mais importantes do pop rock nacional? Falando em coisa importante no Brasil, andei tirando poeira do meu disco (furtado da vocalista da minha ex-banda O Móbile) do Secos e Molhados e apresentei para a minha ex-namorada. Acabei ficando tão extasiado com o disco que me esqueci de perguntar o que ela achou. Quem já conversou comigo sobre bandas nacionais, sabe que eu não escondo e nem controlo a minha preferência pela banda liderada por Ney Matogrosso no topo das melhores coisas da música popular brasileira. Se você nunca ouviu, pare tudo que estiver fazendo e baixe AGORA! E dê uma olhada na capa do album, que foi homenageado no vídeo clipe da música “Eu Não Aguento” do Titãs. Também está na minha lista de capas mais iradas de todos os tempos.
Também ouvi muito Lenine (descobri que teria um show dele em BH e empolguei, apesar de não ter ido). O tal cd Perfil é até interessante, reune algumas das músicas que fizeram o nome do cantor, mas nem fodendo que tem as melhores canções. As mais óbvias sim, claro, mas pelo preço que está nas lojas não justifica. O mesmo não pode ser dito para o Jorge Ben e seu sensacional Tábua de Esmeralda, que é nada mais que a criação do chamado samba rock. Muito gostoso de ouvir. Vale a pena conhecer para se apaixonar.
Além do Lenine, não houveram grandes mudanças na grade musical da Saraiva nesse mês que passou. O Snow Patrol ainda domina o som e de vez em quando é acompanhado do novo disco do Jack Johnson (o En Concert, que tem até uma participaçãozinha do Eddie Vedder) ou do disco acústico do Lobão. De novidade mesmo só no dia que eu resolvi ser bagunceiro e abrir a única peça que chegou da trilha sonora do Bastardos Inglórios. Mesmo que eu tenha que pagar pelo disco quando o meu sub-gerente voltar de férias, valeu a pena pela reação dos meus colegas de trabalho. Foi muito engraçado dançar as músicas do maestro Ennio Morricone sob os olhares de: “qual será o problema desse garoto?” das meninas do caixa e dos clientes. Acho que vou repetir a dose no meu próximo expediente… Vale a pena mencionar o sucesso que o adolescente Justin Bieber faz com as meninas entre oito a quinze anos. Chegou num ponto que só de olhar a cliente, eu já adivinhava (mesmo, aconteceu até pelo telefone) o que ela queria. O cd demorou mais de vinte dias para chegar, mas esgotou rapidinho no fim de semana. Mesma coisa pode ser dita do novo dvd da Madonna. Parece que o chamado da Diva enlouqueceu seus seguidores e as vinte peças que chegaram acabaram de um dia para o outro. Nunca vi isso. Nem mesmo o Rush of Blood to the Head do Coldplay (também conhecido como “album branco”), o Ok Computer do Radiohead ou o Concert for George, homenagem ao guitarrista dos Beatles, conseguem acabar tão rápido. E olha que são peças que vendem muito.
só mesmo o Eddie Vedder para me fazer ouvir (e gostar) de Jack Johnson
Quase me esqueço de dar um pequeno aviso para os fãs de Pearl Jam. Acabou de chegar nas lojas um novo produto, que é o dvd do show da turnê sul-americana. Preciso dizer para vocês passarem longe. Não comprem se não quiserem passar raiva e jogar dinheiro fora. A Coqueiro Verde, distribuidora da bomba, é famosa por ter os preços bem abaixo da concorrência. Só que junto do preço, a qualidade final também é muito abaixo. A imagem parece ser gravada por um celular motorola v3 em zoom máximo e o som parece ser do mesmo aparelho. Simplesmente ridículo. E dá uma raiva infernal quando paramos para ver o repertório da apresentação.
Acho que esse foi o retrato do mês de março. Pelo menos na parte que diz respeito em ouvir discos completos. Tive até uma ideia divertida que vai virar seção no Rock in Press, que seria ouvir as samplers de todos os discos disponíveis na loja e fazer uma resenha baseada no que ouvi. O título seria: Resenha em 30″ ou algo do tipo. Espero que dê certo. Já ouvi e esbocei rascunhos dos cds da Ke$ha (menininha sinistra) e de uma banda que parece o Death Cab for Cutie (e que, convenientemente esqueci o nome…). Serão cenas dos próximos episódios e temas centrais de novas metas. Falei lá no começo do texto (lembra?) sobre como a nossa vida melhora quando seguimos nossos objetivos pré-determinados e coloquei que ter a coleção do Led Zeppelin seria o suficiente para ser feliz esse ano. Por enquanto, resolvi gastar meu suado (mesmo) dinheiro com os dois primeiros discos. Confesso que me decepcionei horrores com a qualidade final do cd, deixou a desejar e podou o impacto que as músicas do Led tem. Em abril pretendo levar o IV para casa. Como podem ver, este é um projeto a longo prazo e a mesma coisa pode ser dita dos livros do (maior escritor de todos os tempos) Dostoiévski, apesar que já conto com “Crime e Castigo” (não lido); “Noites Brancas” (melhor história de amor que já li); O Crocodilo (não lido) e Memórias do Subsolo (lido). Existem diversos outros títulos, todos com preços exorbitantes, mas que acaba valendo a pena e sendo indispensável para aqueles que cultivam o hábito de ler e manter uma pequena biblioteca pessoal.
Encerro a coluna ouvindo meu album favorito do Incubus: Morning View. Nada melhor que ir trabalhar ao som de músicas como “Nice to know you” e “Are You in?”. E pensar que tem pessoas que não conseguem AMAR essa banda… Mês que vem tento chegar um pouco mais cedo e espero encontrar os chefões do Audiograma no show do Placebo. Abraço e obrigado pela companhia!
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ps: dedico a coluna desse mês para uma das pessoas mais naturalmente engraçadas que já conheci. Senhor Jonas, que você tenha muita sorte (e tempo livre para ter a tão sonhada “vida social”) nos novos caminhos que decidir seguir. Espero que você ainda decida virar um comediante, pois talento existe de sobra!
ps2: desculpem a falta de humor e qualidade abaixo da média. Estou sofrendo com abstinência sexual e aparentemente, sozinho não posso resolver nada… grato pela atenção e compreensão acerca da falta de inspiração na coluna desse mês.
ps3: caso alguém tenha se sentido tocado com a minha condição, pode ajudar de duas maneiras. A primeira pode ser inconveniente para alguém, mas posso enviar o twitter de uma certa mulher e vocês podem enviar mil mensagens (ou ameaças) para que ela mesma resolva o problema. Já a segunda, bem, essa pode ser inconveniente para a mulher mencionada na opção anterior, e eu prefiro dizer só na próxima coluna. Mas fico feliz com o interesse. Dependendo do seu sexo, PODE VIR A SER recíproco.
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Discos Ouvidos:
– Secos e Molhados @Secos e Molhados
– Perfil @ Lenine
– Them Crooked Vultures @ Them Crooked Vultures
– The Best of 1980-1990 @U2
– Good Rockin Tonight @Elvis Presley
– Who Cares a Lot? @Faith no More
– IRM @ Charlotte Gainsbourg
– The Pursuit @ Jamie Cullum
– Maria Gadu @ Maria Gadu
– Up to Now @ Snow Patrol
– Ten @Pearl Jam
– Colour me Free @ Joss Stone
– Trilha sonora do Bastardos Inglorios
– Elvis 30# Hits @ Elvis Presley
– Across the Universe Soundtrack
– Morning View @Incubus
– Make Yourself @Incubus
– In Rainbows @Radiohead
– Plastic Beach @Gorillaz
– Heligoland @Massive Attack
– Live in Gdansk @ David Gilmour
– Acustico volume 2@ Titãs
– The Best of @KC And the Sunshine Band
– Rated R @Queens of the Stone Age
– I @Led Zeppelin
– II @Led Zeppelin
– A Tabua de Esmeralda @Jorge Ben
– Bloco do Eu Sozinho @Los Hermanos
– Selvagem @Paralamas do Sucesso
– Titãs 84-94 @Titãs
– High Times @Jamiroquai
– Franz Ferdinand @Franz Ferdinand
– Tonight @Franz Ferdinand
– You Could Have it So Much Better @Franz Ferdinand
– MTV Ao Vivo @Cordel do Fogo Encantado
Discos Comprados:
– The Best of @KC And the Sunshine Band
– Rated R @Queens of the Stone Age
– I @Led Zeppelin
– II @Led Zeppelin
– A Tabua de Esmeralda @Jorge Ben
– Bloco do Eu Sozinho @Los Hermanos
– Selvagem @Paralamas do Sucesso
– Titãs 84-94 @Titãs
– High Times @Jamiroquai