Pode até soar estranho o que você vai ler agora, principalmente por se tratar de uma banda composta por personagens animados, mas essa é a impressão mais evidente que tive ao ouvir os 56 minutos de Plastic Beach: O Gorillaz amadureceu.
Criado em 1998 por Damon Albarn e Jamie Hewlett, o Gorillaz nos apresenta, depois de 12 anos, um som muito mais denso do que aquele dos álbuns Gorillaz (2001) e Demon Days (2005). Plastic Beach foge um pouco daquela sucessão de possíveis singles desenvolvido pelo grupo anteriormente e embarca em uma viagem por mundos ainda não explorados por 2D, Murdoc, Russel e Noodle. Uma viagem que une o pop, rap e a eletrônica já conhecida da banda a um lado erudito, oriental e cheio de elementos, o que pode tornar o disco um pouco “estranho” em suas primeiras audições.
Com várias participações ao longo das 16 faixas, Plastic Beach reúne um time de causar inveja a qualquer projeto musical atual. De Snoop Dogg a Lou Reed, Mos Def a De La Soul, Mick Jones e Paul Simonon a Little Dragon, são vários os nomes que trabalham em torno de 12 das 16 faixas do álbum, reforçando a idéia de que o Gorillaz busca se tornar algo mais do que “quatro personagens virtuais fazendo música”.
Talvez essa busca por algo mais trabalhado tenha retirado do álbum aquela enorme quantidade de possíveis singles presentes nos discos anteriores. Se em Gorillaz e em Demon Days dava para identificar pelo menos uns cinco possíveis singles para estourar nas rádios já em sua primeira audição, isso não acontece neste novo trabalho. Além de “Stylo”, que já é o primeiro single do disco, outra música que se mostra radiofônica foi “Superfast Jellyfish”, que conta com participações de Gruff Rhys e De La Soul. Para alguns isso pode ser ruim, mas este é um álbum que não precisa deste artifício para atingir o seu objetivo. Como algumas pessoas comentaram comigo em conversas sobre o disco, parece que o único objetivo de Albarn e Hewlett neste trabalho era levar a diante a sonoridade desejada.
Para aqueles que se acostumaram com os trabalhos anteriores do grupo e esperavam um “mais do mesmo”, talvez a decepção ao ouvir o Plastic Beach por completo seja maior, mas não se pode tirar o mérito da criatividade e da boa sonoridade de faixas como “White Flag”, “Sweepstakes”, “Rhinestone Eyes” e “Empire Ants”, além das já citadas. É um álbum que fatalmente aparecerá em várias listas de melhores do ano como também irá figurar em listas de decepções, fazendo com que, enfim, Albarn consiga o que parece sempre ter desejado com o Gorillaz (assim como em seus demais projetos), fazer o grupo ficar na linha entre o amor e o ódio. É fácil encontrar por aí pessoas dizendo que este álbum representa um renascimento do Gorillaz, enquanto outros afirmam que o grupo deixou muito a desejar.
Eu vejo este álbum como um amadurecimento ou, até mesmo, uma evolução sonora pela qual o grupo passou, ou você quer uma metáfora melhor para representar essa tal evolução sonora do que o fato dos personagens aparecerem no clipe de “Stylo” – ao lado de Bruce Willis – em formato 3D?!
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Gorillaz – Plastic Beach
Lançamento: 03 de Março de 2010
Gravadora: Parlophone, Virgin
Gênero: Pop, trip hop, electropop, alternative rock, hip hop
Produção: Damon Albarn e Gorillaz
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Faixas:
01. Orchestral Intro (featuring sinfonia ViVA)
02. Welcome to the World of the Plastic Beach (featuring Snoop Dogg and Hypnotic Brass Ensemble)
03. White Flag (featuring Bashy, Kano, and The Lebanese National Orchestra for Oriental Arabic Music)
04. Rhinestone Eyes
05. Stylo (featuring Bobby Womack and Mos Def)
06. Superfast Jellyfish (featuring Gruff Rhys and De La Soul)
07. Empire Ants (featuring Little Dragon)
08. Glitter Freeze (featuring Mark E. Smith)
09. Some Kind of Nature (featuring Lou Reed)
10. On Melancholy Hill
11. Broken
12. Sweepstakes (featuring Mos Def and Hypnotic Brass Ensemble)
13. Plastic Beach (featuring Mick Jones and Paul Simonon)
14. To Binge (featuring Little Dragon)
15. Cloud of Unknowing (featuring Bobby Womack and sinfonia ViVA)
16. Pirate Jet