Meia hora esperando um ônibus. Assim começou minha saga para assistir ao Coldplay, na Praça da Apoteose, no último domingo, 28. Mas é claro que não parou por aí. Depois vieram as horas na fila, a chuva que não deu trégua, e mais horas e horas de espera até o início do show (as bandas de abertura cumpriram seus horários a risca e Chris Martin e companhia atrasaram apenas meia hora). Talvez vocês estejam pensando, que programa de índio, não? Definitivamente não. Foi, sem dúvida nenhuma, se não o melhor, um dos melhores shows que já vi.
Quando Danúbio Azul, de Strauss, começou a tocar, e o público acompanhou a melodia com palmas, enquanto o telão mostrava o globo terrestre girando e se aproximando até chegar ao Rio de Janeiro, já deu para sentir que seria uma noite memorável. Em seguida o quarteto inglês subiu ao palco tocando Life in Technicolor levando as cerca de 40 mil pessoas presentes à Apoteose ao delírio. O que só aumentou à medida que os caras mandaram, em sequência, Violet Hill, Clocks, In my place e Yellow. Durante esta última, bolas amarelas foram lançadas para o público. Ao final da música, Chris agradeceu a presença de todos naquele domingo chuvoso e pediu que cantassem, em coro, a parte final da canção, alto o suficiente para que o som pudesse ser ouvido em São Paulo (onde se apresentam hoje, dia 2).
O show foi aquilo que já se espera do Coldplay: boa vibração vinda do palco, show de luzes, fogos e imagens nos telões e grandes sucessos, mas, nem por isso, o show foi previsível. Fogos e luzes apareciam quando menos se esperava. Assim como a utilização de dois palcos secundários, mais próximos do público, onde foram tocados God put a smile upon your face, Talk, The hardest part e as versões acústicas de Shiver, Death will never conquer (cantada pelo batera Will Champion), além da inédita Don Quixote. Aliás, Shiver foi um momento a parte, surpreendendo a muitos e levando fãs às lágrimas. Outra surpresa veio em Lovers in Japan quando milhares de papéis em formato de borboleta foram lançados, literalmente, sobrevoando a apoteose. Um momento que, com certeza, ficará marcado na memória de todos que estiveram presentes na Apoteose.
Por outro lado, a sensação era de que a banda também se surpreendeu com a entrega do público, cantando ao máximo todas as músicas, se entregando de coração ao show, mesmo debaixo de uma chuva que, mesmo aparecendo sem ser convidada, não conseguiu estragar o espetáculo. Em Strawberry swing nova surpresa, mas dessa vez, do público para Chris Martin. Balões nas cores branca, vermelha e preta foram distribuídos por integrantes das comunidades da banda no Orkut, para o público (principalmente os que chegaram cedo) e, durante a canção, os balões foram erguidos e o público cantou parabéns para o vocalista que faz aniversário em dois de março.
Depois de duas horas, o show chegou ao fim, com The Scientist, Life in Technicolor II e mais um show de fogos de artifício. Voltei pra casa em um ônibus lotado, tremendo de frio por causa da roupa ainda úmida no corpo, e com a obrigação de pegar um vôo cedo no dia seguinte, pra voltar pra BH, mas com a certeza de ter assistido um show indescritível e que, com certeza, não esquecerei tão cedo.
Só resta torcer para que Chris, Jon, Guy e Will não demorem muito para voltar.
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Fotos: Tatiana Perry (1) e M. Rossi (2 – www.showcoldplay.com.br).