O nome Pam Hogg representa um marco na história da moda e da arte, de uma forma geral. A grandiosa auto-didata escocesa tem muito a oferecer, inspirando uma geração que transborda em mesmice e radicalismo.
Dando continuidade em nosso especial, convidamos alguns fãs da Pam para escrever algumas linhas sobre ela, falando sobre o contato com o seu trabalho, impressões e inspirações obtidas a partir de suas criações. Destaque para nossa convidada especial, a compositora e saxofonista Jessie Evans, que irá abrir esse espaço voltado para os admiradores da grande estilista escocesa.
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# Pam Hogg, por Jessie Evans
A primeira vez que ouvi falar sobre a Pam Hogg foi enquanto ouvia uma música dela na coletânea Girl Monster, que incluía minha banda AUTONERVOUS, feita com Bettina Koster, do MALARIA. Eu achei que as faixas dela e Francoise Cactus eram as que mais se destacavam e eu fui atraída por sua voz forte e sexy. Que criatura absolutamente linda ela é – feroz e intocável, com talento arrebatador.
Depois do convite para escrever este texto, comecei a pesquisar melhor sobre a Pam. Assistir aos seus desfiles de moda e ver fotos de seu sorriso brilhante e cabelo amarelo néon era como ser bombeado com oxigênio puro! No meio das notícias diárias e histéricas de governos fascistas, cidades em chamas, tumultos nas ruas e refugiados famintos, Pam se destaca como uma força brilhante de puro amor.
Como sargento de seu próprio exército pessoal de amantes, dentro e fora da passarela, suas criações são sensuais e paqueradoras com cores vibrantes e formas geométricas de néon que influenciam imagens de células, algas, espermatozóides, corais e planetas. É uma mistura de futurista de Barbarella, Boney M, Bonny e Clyde com disco, punk, glam, new wave, rock n roll dos anos 70, estilo Vitoriano, látex e circo. Garotas “más” com rostos angelicais como nos filmes de Fellini. Ela é a maga que tem o traje que pode transformar qualquer mulher em uma super-heroína. Ela cria trajes espaciais que usaremos em outros planetas – mesmo que apenas em nossos sonhos. Nas passarelas, o terno de gato combina com linhas finas de fita isolante que pouco cobrem os modelos que desfilam suas roupas. As virilhas parecem mais com setas apontando para a fonte, em vez terem aquele típico encobrimento obrigatório. Nesta chamada sociedade moderna, na qual a sexualidade das mulheres é explorada ou envergonhada sem nada permitido entre elas, suas roupas iluminam um lugar ainda não descoberto onde a inocência e a vulgaridade são cortadas no mesmo tecido. Não só eles são usados no mesmo corpo, mas eles são celebrados juntos como parte do mesmo espírito. Que revolução pensar que a sexualidade pode ser inocente. Que não é realmente suja, mas bonita e suavemente trabalhada em renda de pastel e flores!
Eu gostei de ler entrevistas com a Pam, nas quais ela fala sobre seu processo criativo e a bagunça e o caos que isso traz. Quando você tem algo dentro de si que precisa ser extraído, muitas vezes é como uma cirurgia de coração aberto. Esse processo nos consome como artistas e muitas vezes não dormimos por meses enquanto trabalhamos. Às vezes o nascimento é rápido, mas outras vezes violento e emocionalmente prolongado. Eu me relaciono muito com tudo isso. Como artista, há muito pouco tempo para terminar o que somos levados a expressar, dado o período de tempo em que estamos aqui na Terra. Tudo que está dentro precisa ser escavado com um desespero como sendo alguém, que preso sob o mar, ofega na busca pelo ar. Eu admiro mulheres que não têm filhos e dedicam suas vidas à arte. Há tanta pressão sobre nós para sermos parte do tipo de evolução “humana” e as pessoas esperam que nos sacrifiquemos nesse processo. Mas você pode ser mãe de carne ou mãe da criação, mãe da invenção, contribuindo para a evolução das idéias, do estilo, do amor.
Pam é uma verdadeira artista. Sua vida e criatividade incorporam liberdade, rebeldia e prazer. Até mesmo o convite para explorar seu trabalho é como receber uma bebida de amrita. “Amrita”: o néctar dos deuses que traz a imortalidade. No mito hindu do mar de leite, o néctar é extraído pelos deuses e demônios juntos, depois que eles agitam o mar. Dentre todas as divindades dos desejos mais profundos do deus Vishnu que vinham do mar, incluindo uma vaca, um desejo de dar árvore e um harém de mulheres, era a amrita que ele mais procurava, e que todos os demais também procuravam. Uma bebida que irá intoxicar e libertar, que o levará a diferentes dimensões e lhe dará poderes especiais. Mas não é isso o que se vestir com roupas fantásticas permite? Quando vestimos roupas bonitas e ultrajantes, transcendemos a realidade mundana do espectador e passamos por trás do pincel para entrar na pintura, para realmente nos tornarmos arte. É dentro desse reino de existência mágica que as roupas de Pam dançam e inspiram. E podemos participar apenas colocando-as. E nós podemos ser revitalizados e sermos jovens novamente só de olhá-las. E que metáfora pode ser melhor para a imortalidade do que a própria arte, que vive e cria raízes que duram muito mais tempo do que a carne mortal da qual provém. É a arte que é extraída do coração e toca o coração. E são aqueles que vivem para inspirar, que dedicam sua vida a extrair este néctar do fundo de si mesmos, que também se tornarão imortais.
# Pam Hogg, por Jonas Ramos (Sorocaba/SP)
“Tamanho talento, genialidade, empoderamento e referência deveria ter um reconhecimento maior por estes lados do planeta.”
Não foi difícil me deparar com suas obras e simplesmente me sentir cativado por sua excentricidade e porque não dizer, psicodelia? E ela não cativa somente a mim, mas atraiu muita gente influente, como a Bjork por exemplo. Tamanho talento, genialidade, empoderamento e referência deveria ter um reconhecimento maior por estes lados do planeta. Pessoa autodidata que, além da moda, assim como eu, teve a música como seu primeiro amor. Admiro pessoas assim e desejo imenso sucesso e continue sendo essa grande pessoa que aprendi a admirar.
# Pam Hogg, por J. Hauer (Rio de Janeiro/RJ)
“Quando vejo as roupas que ela faz, sinto uma nostalgia”.
A Pam é uma pessoa excêntrica. Quando vejo as roupas que ela faz, sinto uma nostalgia esquisita… e na verdade, é por causa dessa sensação que eu gosto dela. Gosto de mulheres fortes. Ela é visionária para o nosso mundo!
# Pam Hogg, por Eduardo Orsini (Pilar do Sul/SP)
“Seus modelos, que podem chocar alguns, também podem maravilhar outros e uma coisa é certa, não passam despercebido para ninguém”.
O corpo humano, por si só, já me parece uma obra de arte. Cada pedaço muito bem construído e com funcionalidade. Os modelitos criados por Pam Hogg me fazem pensar que ela está sempre experimentando o corpo humano com peças de roupas que amplificam membros, que dão continuidades as linhas do corpo, de varias formas e cores. É uma obra de arte “vestível”. E se o ser humano tivesse mais braços? Costas mais largas? Figuras geométricas na extensão da pele?
Acredito que Pam se permite seguir criando o ser humano com arte. Seus modelos, que podem chocar alguns, também podem maravilhar outros e uma coisa é certa, não passam despercebido para ninguém. E assim é o ser humano, ninguém deveria passar despercebido. Se nosso corpo pudesse mostrar nossa personalidade, pensamentos, idiossincrasias… certamente todos usaríamos modelitos de Pam Hogg.
# Pam Hogg, por Sílvia Fernandes (Sorocaba/SP)
“A Pam é capaz de fazer coisas simples se tornarem coisas especiais”.
Ela é uma mulher talentosa, criativa e muito peculiar. Eu gosto dela porque ela faz coisas diferentes e eu amo coisas que não são normais. A Pam é capaz de fazer coisas simples se tornarem coisas especiais e essa é uma capacidade fantástica. Ela percebe a realidade um jeito diferente, e eu acho isso fascinante. Eu fico me perguntando que tipo de roupa ela faria pra mim!
# Pam Hogg, por Fabrício Almeida (Sorocaba/SP)
“Os modelitos excêntricos de sua coleção são um destaque a parte, tudo muito único”.
O que gostei nela é sua originalidade em criar peças tão ousadas e ao mesmo tempo marcantes. Seu trabalho tem claras influências do Punk (provavelmente de berço). Isso o torna mais encantador por conta dos tons mesclando, mas também vejo que ela gosta de misturar várias cores vivas e alegres o que me remete ou movimento New Wave dos anos 80. Os modelitos excêntricos de sua coleção são um destaque a parte, tudo muito único, alguns até me faz lembrar o figurino dos personagens de um certo cineasta americano.
De maneira geral, gosto bastante do trabalho da Pam Hogg. Não sou nenhum entendedor de moda, mas percebo muita personalidade e talento em sua arte.
# Pam Hogg, por Agnes Lima
“É como se tivessem vindo de outro planeta”.
Os figurinos de Pam Hogg impressionam pela sua beleza, excentricidade e sensualidade. É como se tivessem vindo de outro planeta ou de alguma realidade alternativa onde não existe do que se envergonhar! As primeiras impressões e o impacto que me causaram foram, primeiramente, de choque. Mas no fim, por mais estranho que pareça, eles começam a se tornar belos e um convite para o mundo particular de Pam Hogg.
# Pam Hogg, por Gabriel Marinho (São João de Meriti/RJ)
“Capturou muito bem o espírito anárquico do punk setentista mesclando essa aura com certa surrealidade esplêndida e indescritível”.
Pam Hogg com certeza é uma das estilistas mais exóticas e punks de todos os tempos! Capturou muito bem o espírito anárquico do punk setentista mesclando essa aura com certa surrealidade esplêndida e indescritível. Não há como ver seus figurinos e não ser pego de surpresa, porém se você tiver a mente aberta o suficiente, verá que muitos deles são bonitos e bem feitos, e o mais incrível é que são feitos pelas mãos de uma designer autodidata. Você sente certa aceitação na arte excêntrica criada por Pam, a sensação de que você pode ser quem bem entender, independente de julgamentos.
Quer saber mais sobre a Pam Hogg e acompanhar os trabalhos dela?