Quais foram os melhores álbuns lançados em março?
A nossa lista com alguns dos destaques do mês recém finalizado chegou e, dessa vez, selecionamos vinte trabalhos nacionais e internacionais. Como de costume, incluímos uma mini-resenha sobre cada um deles para explicar os motivos que fazem eles figurarem por aqui.
Do pop sombrio da Billie Eilish ao rap contundente do Djonga, passando por Dido, Foals, Solange e Weezer, você confere abaixo a nossa lista com os 20 álbuns lançados em março que você deveria ouvir.
Divirta-se!
# American Football (LP3), do American Football
O terceiro álbum de estúdio da banda norte-americana American Football mostra uma evolução e um caminhar por novos territórios. O LP3 ainda mantêm a essência emo da banda, uma das boas representantes do gênero na atualidade, mas em nenhum momento soa nostálgico ou preso ao passado. O quarteto capitaneado por Mike Kinsella mostra que ainda tem muito a oferecer. [JP]
# Tuda, da Bárbara Eugênia
Ensolarado e colorido seria uma boa forma de descrever o Tuda, novo álbum da Bárbara Eugênia. Em seu quarto trabalho solo, a cantora abre espaço para uma mistura de gêneros que vai do carimbó ao pop dançante, criando músicas que vão grudar na sua cabeça logo de cara. Ao longo das onze faixas, Bárbara fala sobre paixões intensas, amores que vem e vão e relacionamentos mal resolvidos com uma roupagem deliciosa e capaz de te colocar para dançar, como em “Bagunça”, que conta com a participação de Zeca Baleiro. [JP]
# When We All Fall Asleep, Where Do We Go?, da Billie Eilish
A cantora americana Billie Eilish lançou seu primeiro álbum e o antipop melancólico e sombrio foi bem recebido pelo público e pela crítica. O álbum de estreia da cantora norte americana de 17 anos é composto por 14 faixas e três delas já haviam sido divulgadas antes: “you should see me in a crown”, “when the party’s over” e “bury a friend”, sendo que as duas últimas tiveram videoclipes. A sonoridade remete bem a Lorde e Lana Del Rey e o resultado é incrível e brilhante. Podem apostar que ela vai longe! [HF]
# 54+1, do Danny Ocean
Aos vinte e seis anos, o venezuelano Danny Ocean lançou em março o seu primeiro trabalho de estúdio. Após o sucesso de “Swing”, o músico lançou 54+1, registro todo gravado em seu antigo apartamento, em Caracas. Inclusive, o nome do álbum é uma referência ao apartamento (número 54) e a música “Swing”, a única não gravada no local, sendo produzida em Miami (daí vem o +1). Misturando reggaeton, pop e Moombahton, o trabalho de treze faixas é bem interessante e fruto de várias experiências e frustrações ao longo da vida. [JP]
# Still On My Mind, da Dido
Quinto álbum de estúdio da Dido, Still On My Mind chega vinte anos após o seu registro de estreia, No Angel, e mostra toda a evolução pela qual a cantora inglesa passou nessas duas décadas. Caminho por novos territórios, Dido aposta na sua sonoridade já tradicional mesclada com um pop e eletrônico, criando combinações bem interessantes entre voz e melodia. Produzido em parceria com o seu irmão, Rollo Armstrong, Still On My Mind é forte, envolvente e, se Dido ainda precisava provar algo para alguém, essas questões podem ser definitivamente encerradas. [JP]
# Ladrão, do Djonga
Leia a nossa resenha completa de Ladrão.
Em seu terceiro álbum, Djonga fala sobre a importância de valorizar suas raízes, e não se esquecer de onde veio. O álbum não foi feito para agradar os críticos, mas para a conscientização de quem essas mensagens estão direcionadas, o que também eleva seu valor. Sendo assim, o rapper consegue mais uma vez entregar um trabalho de altíssimo nível; LADRÃO transforma um estereótipo em discursos positivos, e confirma o porquê Gustavo pode ser considerado um dos maiores nomes da música nacional na atualidade. [RS]
# Everything Not Saved Will Be Lost [Part 1], do Foals
Para muitos, a primeira parte de Everything Not Saved Will Be Lost mostra o Foals em sua melhor fase criativa de toda a sua carreira. Arrancando diversos elogios, o trabalho de dez faixas é resultado de uma desafiadora nova fase para a banda, que perdeu o seu baixista Walter Gervers no ano passado. Melhor trabalho da banda inglesa até o momento, o registro tem tudo para se tornar um dos grandes registros do ano e, no momento, nos deixa ansiosos para a sua segunda parte, que chega em setembro. [JP]
# RASGACABEZA, do Francisco El Hombre
Três anos após o elogiado, que colocou a banda em evidência em todo o Brasil, a Francisco, El Hombre está de volta com um novo trabalho de estúdio. Se o sucesso poderia deixar o grupo numa “zona de conforto”, isso passou longe da cabeça dos integrantes. RASGACABEZA é um trabalho arriscado e que flerta com vários elementos que, até então, não eram tão presentes na sua sonoridade. Além da mistura de música latina, MPB e rock, agora a Francisco, El Hombre tá pronta para te colocar pra dançar com uma pegada eletrônica recheada de beats fortes e marcantes. Em meio a essa sonoridade diversas, letras críticas questionando a humanidade, promovendo metáforas com máquinas e computadores e pedindo para que as pessoas acordem e saiam da inércia. O resultado é um álbum bem interessante e dançante, que vale muito a pena ouvir. [JP]
# Wasteland, Baby!, do Hozier
Quatro anos após o seu álbum de estreia, Hozier mirou longe e acertou exatamente aonde queria. Com 14 faixas, Wasteland, Baby! aborda questões sociais e emocionais em um cenário de ansiedade política e social de uma forma intensa e cativante. Ainda que não seja nada essencialmente novo, o álbum mostra um pop/soul bem feito e que confirma Hozier como um dos bons nomes musicais desta geração. [JP]
# Lux Prima, de Karen O e Danger Mouse
Resultado de uma união quase improvável, Lux Prima une o melhor de dois mundos que, por si só, já eram bastante interessantes e o resultado é, provavelmente, um dos melhores álbuns colaborativos dos últimos anos. Ainda que não seja o melhor trabalho de Karen O (Yeah Yeah Yeahs) ou do produtor Danger Mouse, Lux Prima é o álbum sofisticado, que consegue tirar ambos de suas zonas de conforto, explorando novos territórios e provando que pessoas tidas como diferentes podem sim produzir coisas legais em conjunto. Basta querer! [JP]
# Goela Abaixo, de Liniker e os Caramelows
Goela Abaixo é o nome do segundo álbum de Liniker e os Caramelows e a espera foi recompensada. Três anos após Remonta (2016), a novidade chega tendo as relações pessoais como o seu ponto de partida. É um disco melancólico, cheio de saudade e com diversos outros sentimentos que permeiam as letras ao longo de suas treze faixas ou, como afirmou Liniker em entrevista recente, é um álbum “das coisas que precisavam ser ditas”. Com uma pegada gostosa de ouvir, Goela Abaixo mostra a evolução de Liniker e seus parceiros num projeto cada vez melhor de se ouvir. [JP]
# Supermarket (Soundtrack), do Logic
Após o lançamento de “Confessions of a Dangeours Mind” – faixa que fará parte do quinto álbum de estúdio de Logic, de mesmo nome e com lançamento previsto para o fim deste ano -, o rapper nos surpreendeu com o lançamento do livro Supermarket. O livro trata da história de Flynn, personagem central que após ser abandonado, vive em depressão. Apesar de se diferenciar um pouco do estilo do rapper que estamos acostumados a ouvir, Supermarket (Soundtrack) vem justamente para fazer um “complemento” a história do livro, para você ouvir enquanto lê. O álbum possui 13 faixas e contou com a colaboração do cantor e compositor canadense Mac DeMarco. Os destaques vão para as faixas “Can I Kick it”, que tem a participação especial de Juto; “Supermarket”, música que dá nome ao livro e ao álbum; a emotiva “I love You Forever” e as baladinhas “Lemon Drop” e “Bohemian Trapsody”. [JS]
# No Words Left, da Lucy Rose
Quarto álbum de estúdio da britânica Lucy Rose, No Words Left é um daqueles trabalhos que se encaixam como trilha sonora para os momentos de isolamento, incertezas e inseguranças da vida. Ainda que seja um registro triste e que mostre alguns momentos de oscilação entre as faixas, No Words Left serve de conforto e é, provavelmente, o trabalho mais íntimo e verdadeiro de Lucy até rose. A sua faixa final, “Song After Song”, é simplesmente maravilhosa. [JP]
# Tasmania, do POND
Eu costumo dizer por aí que o POND é o Tame Impala que a gente consegue ouvir e isso ficou mais do que provado com o seu oitavo álbum de estúdio, Tasmania. Muito bem produzido pela banda ao lado do Kevin Parker, o trabalho lembra o Currents (o aclamado trabalho do Tame Impala de 2015) em muitos momentos, mas com uma pegada mais simples e divertida. Misturando psicodelia com linhas de baixo derivadas do funk, Tasmania mostra a evolução do POND e os coloca entre os grandes nomes australianos da atualidade. [JP]
# Sucker Punch, da Sigrid
Música pop de qualidade! É isso que a Sigrid entrega em seu trabalho de estreia. Sucker Punch é pura diversão, até mesmo em seus momentos que flertam com a melancolia. Com uma narrativa leve mas marcante, a norueguesa entrega um conjunto de músicas que justifica todo o hype criado em torno dela ao longo dos últimos dois anos. É um álbum que deixa claro que a jovem de vinte e dois anos sabe bem o que está fazendo e onde quer chegar. [JP]
# When I Get Home, do Solange
Com um álbum que vai te ganhando cada vez mais, Solange promove uma celebração das mulheres, da cultura negra e da música ao longo de seu When I Get Home. O quarto trabalho da cantora é um R&B poderoso e mostra todo um processo de auto-descoberta da cantora, que assina a produção do álbum e também o seu trabalho visual. Enquanto o seu trabalho anterior, A Seat at the Table (2016), mostrava Solange agindo mais com o coração, When I Get Home funciona como um convite para você se sentar, ouvir o que ela pensa sobre importantes questões de uma forma quase que confessional. Algo que poucos artistas poderia fazer e, para a nossa contemplação, Solange sempre fez parte desta lista. [JP]
# Adeus, Aurora, do Supercombo
Quase três anos após Rogério, a Supercombo está de volta com um novo trabalho de estúdio. Com o nome de Adeus, Aurora, o álbum funciona como uma ligação entre alguns pontos da carreira da banda. Para começar, o quinto registro da banda formada por Leo Ramos (Vocais e Guitarras), Carol Navarro (Baixo e Vocais), Paulo Vaz (Teclados), Pedro “Toledo” Ramos (Guitarras e Vocais) e Andre Dea (bateria) nos conta a história de Aurora, aquela “moça da sacada” da faixa “Amianto”, que dá nome ao álbum lançado em 2014. Servindo como trilha sonora para a HQ lançada pela banda no fim do ano passado, o álbum dá continuidade ao processo de evolução sonora da banda e de busca por novos elementos e referências. Com letras bem interessantes, Adeus, Aurora é mais um bom trabalho na trajetória da banda. [JP]
# You Are OK, do The Maine
Na última semana do mês, o The Maine lançou o seu sétimo álbum de estúdio, You Are OK, que conta com 10 músicas inéditas. A nova era da banda chega com tudo e, como o próprio nome do trabalho sugere, o foco da banda nessa era é em mostrar que está tudo bem em ser você e do jeito que você é. Com o som mais maduro até então, a banda contou com elementos de orquestra em algumas músicas, como “Heaven”, “We’re Already Here” e “Numb Without You”. Para os fãs da banda, “Flowers On The Grave” é a nova “Waiting For My Sun To Shine”, favorita dos que acompanham o grupo tem muito tempo. Ambas as músicas tem sua parte principal sendo mais calminha e leve e um outro que faz a transição para a segunda parte da música. A novidade ainda conta com uma linda composição de orquestra. “Tears Won’t Cry” vem ganhando o coração dos fãs, com um riff que gruda na cabeça, enquanto “Forevermore” é uma de voz e violão apaixonante. Já “Sunset” dá vontade de ouvir o mais alto possível, dirigindo em uma avenida aberta e com as janelas abaixadas. No geral, You Are OK é mais álbum um no qual os meninos acertaram em cheio nas músicas e no conceito. [AM]
# Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação), do Thiago Pethit
Entre várias citações à cultura grega, Thiago Pethit segue se desconstruindo em cada trabalho lançado ao longo da carreira e consegue fazer isso de forma bem interessante. Com uma pegada mais melancólica, Mal dos Trópicos (Queda e Ascensão de Orfeu da Consolação) rompe totalmente com aquele flerte com o glam rock promovido pelo Rock’n’roll Sugar Darling (2014). Em seu quarto álbum, Thiago se junta ao produtor Diogo Strausz e o resultado é um trabalho amplo e com diversas camadas. Ele pode ser simples – como na faixa “Orfeu” – ou denso – como em “Noite Vazia” – sem fazer o ouvinte perder o interesse. Mais uma vez, Pethit soube se despir dos conceitos previamente trabalhados e caminhar por uma zona ainda inexplorada. Se é o melhor trabalho dele eu não sei dizer, mas é mais um registro bom de se ouvir. [JP]
# Weezer (Black Album), do Weezer
Se tem uma coisa que o Weezer é capaz de fazer, é causar surpresa em seu ouvinte. Muito disso está presente em seu décimo-terceiro trabalho de estúdio, o aguardado Black Album. Em dez faixas, a banda transita entre o power e o electropop e mostra, provavelmente, o melhor registro da banda nos últimos anos. É chiclete – “Can’t Knock the Hustle” que o diga -, divertido e não flerta em nada com o início de sua carreira. No entanto, é o álbum pop mais bem feito por Rivers Cuomo e companhia até hoje e isso deve merecer algum crédito, vai. [JP]
Não deixe de ver a nossa lista com os nossos álbuns preferidos de janeiro e fevereiro, além de dar uma passada em nossa lista com os principais lançamentos previstos para 2019 no mundo da música.
Textos por Amanda Magalhães, Henrique Ferreira, John Pereira, Juliana Suarez e Rahif Souza.