Chegou a hora de falar daquela lista na qual nenhum artista gostaria de ser incluído: as decepções musicais do ano!
Em um ano recheado de coisas boas, como vocês já estão acompanhando em nosso #LISTÃO2018, alguns pontos no cenário musical ainda nos deixam tristes ou incomodados.
Mesclando opiniões de senso comum com questões puramente pessoais e que podem parecer sem importância para você, a equipe do Audiograma separou uma lista com sete coisas que nos deixaram decepcionados ao longo do ano.
Entre sonhos frustrados, álbuns que decepcionaram ou o cenário de shows e os seus ingressos, a nossa única certeza é de que a gente não queria abordar esses temas – alguns até já citados no Audiograma anteriormente – por aqui, mas nem tudo é como a gente gostaria, não é mesmo?
# Os lançamentos de Christina Aguilera, Justin Timberlake, Fall Out Boy…
Quem nunca criou expectativa por um álbum muito aguardado, não é mesmo? Muita gente lançou material em 2018 e muita gente fez “fumaça” em torno do seu registro. No entanto, a entrega não correspondeu.
A nossa listinha de melhores do ano certamente não contará com os álbuns lançados por Christina Aguilera, Justin Timberlake, Editors, Jessie J, Drake ou Muse porque, por mais que eles tenham algumas músicas bem interessantes, cada um deles não consegue ser regular o bastante para isso. O mesmo vale para o EP do Rouge que tem uma música muito boa – “Dona da Minha Vida” – e outras questionáveis.
Por sua vez, os novos trabalhos de Fall Out Boy, Lily Allen, Titãs, Editors e da Tinashe são aqueles que entram na categoria “passou despercebido”. E nem foi porque ouvimos pouco, mas é porque eles realmente não prendem e deixam aquela sensação de que ficou faltando algo.
E tem aquela categoria onde nada salva, como o EP da Iggy Azalea ou o novo álbum do The Voidz, aquele projeto do Julian Casablancas que, provavelmente, nem ele entende.
# Popload Festival: At The Drive-In e uma outra questão…
O show do At the Drive-In no Popload Festival foi uma grande decepção para parte das pessoas. Aqui no Audiograma, temos vários fãs e a gente esperava mais. Tudo bem, era num festival, caiu uma chuva incrível e a banda parecia deslocada no lineup, mas o som não estava lá essas coisas, a banda parecia fazer “pouco caso” por estar ali, causando até antipatia em parte do público. Pelo menos os shows no Rio e em Porto Alegre parecem ter sido bem melhores.
Falando em Popload – que foi um festival bem legal no geral, é bom salientar -, uma coisa que a gente não entendeu muito bem foram os valores diferentes para comidas e bebidas de acordo com as áreas do festival. Se você estava na Pista Premium, pagava R$2 menos do que quem estava na Pista por cerveja, água ou qualquer comida. Compreendemos o desejo de oferecer “benefícios” para quem comprar ingressos no setor mais caro, mas acreditamos que isso poderia ser feito de outra forma, oferecendo promoções nas compras no evento, transformando o setor em Open Bar/Food ou qualquer outra coisa que não deixe no ar que, ao comprar ingresso de Pista, você será prejudicado por isso.
# As confusões de Azealia Banks no Brasil
Azealia Banks é um ser complexo. Ela tinha a chance nas mãos de se desculpar por confusões/tretas anteriores com o público brasileiro mas, no fim, ela apenas ampliou o seu leque de confusão dentro do país. Cancelou show, brigou com produção e, para muitos, acabou se tornando persona non-grata por aqui. Ainda que ela tivesse razão em alguns pontos – é bem feio não entregar o equipamento pedido, certo produção? -, ela perdeu a chance de refazer a sua imagem por aqui.
# Sky Ferreira que adiou o lançamento de seu álbum…. de novo
Após lançar o Night Time, My Time em 2013, a Sky Ferreira fez uma turnê, veio ao Brasil e, em julho de 2014, revelou que já trabalha em seu segundo trabalho. Em abril do ano seguinte, a cantora revelou o nome do registro – Masochism – e deixou os fãs já atentos para o lançamento. 2015 acabou, 2016 seguiu. 2017 se foi. 2018 tá chegando no fim e o álbum segue “sem previsão de lançamento”.
Tudo bem que, nesse período, ela participou de seis filmes, um episódio de Twin Peaks, colaborou com o Primal Scream e gravou uma versão da clássica “Easy” do Commodores, mas todo mundo está esperando pelo Masochism que, agora, vai ficar para 2019… pelo menos é o que a gente espera.
# Taylor Swift esquecendo a América Latina no churrasco
O público brasileiro ainda sonha com uma visita convencional de Taylor Swift ao Brasil. Em 2012, a cantora veio divulgar o álbum Red e até fez um pocket show fechado no Rio de Janeiro, mas de lá pra cá são seis anos, três turnês – The Red Tour (2013–2014), The 1989 World Tour (2015) e Reputation Stadium Tour (2018) – e nem sinal de uma passagem por aqui.
Em 2015, surgiu uma história de que a mãe dela teria proibido que ela viesse ao país por causa do zika virus, mas a história foi desmentida pela cantora e seus representantes. No entanto, até hoje não existe o menor sinal de shows na América Latina. A última esperança gira em torno do Rock In Rio, mas até então é só esperança mesmo.
# O lineup do Lollapalooza Brasil 2019
Antes de mais nada: o lineup do Lollapalooza Brasil não é ruim, ele só ficou aquém da expectativa criada e que se tornou cada vez maior pelo atraso na sua divulgação.
É bom lembrar que existe uma série de fatores que determinam a montagem de um lineup de festival, sendo que a produção esbarra em agendas, vontade das atrações de virem para a América Latina naquele momento, custos, concorrência com outros eventos, ou até mesmo o interesse da curadoria do evento em convidar um determinado nome.
É cômodo apontar as coisas enquanto “analista de lineup” sem saber que, talvez, vários nomes lembrados pelo público foram procurados e acabaram não se concretizando. No entanto, a sensação de que algumas coisas ficaram faltando, a baixa presença feminina e a redução da quantidade de artistas em relação ao ano passado deixam a gente com um gostinho de “quero mais” ao analisar a lista final divulgada. Talvez a sombra do Rock In Rio ou a situação financeira da América Latina de uma forma geral tenha colaborado com isso, mas ainda que o Lollapalooza Brasil 2019 apresente bons nomes – alguns muito aguardados – acredito que o público esperava mais do que foi entregue.
Depois do anúncio ainda incluíram o Kings Of Leon (e agora tem o The Prodigy dando sopa por aí), mas…
# Os valores (ainda mais) malucos dos ingressos
Esse assunto já foi colocado nessa lista no ano passado e, como a gente viu por aí, nada mudou.
A gente até entende essa lógica de dizer que “festival tem muitas atrações e você paga por um pacote especial”, mas a pergunta que fica é: tem alguém que acha justo ver que um estudante ou jovem de baixa renda ter que desembolsar quase um salário mínimo para curtir três dias de festival? Parece justo alguém que paga inteira ter que desembolsar R$800 para ver um dia do mesmo evento?
A situação econômica e política do Brasil, a alta do dólar, os artistas que recebem em Euro, tudo isso contribui para essa alta nos preços. A gente também sabe que cada show tem seus custos, que produtora não existe para fazer serviço de caridade e por aí vai, mas existem outros fatores que poderiam ser revistos que também ajudam na alta dos preços. Atualmente, o público brasileiro lida com taxas abusivas de (in)conveniência cobrada pela tiqueteiras e, em alguns casos, paga até para gerar um PDF e imprimir o ingresso na sua casa. Qual a lógica disso?
Outro ponto que reflete nos valores é a velha discussão da meia-entrada que, por mais que tenha sido padronizada, ainda é burlada ou conta com fiscalização ineficaz nos shows. A solução encontrada por muitos produtores é jogar os valores para cima tentando “minimizar” essa situação, já que “todo mundo paga meia mesmo”. O benefício – que é importante – acaba sendo jogado no lixo porque é mais fácil “largar pra lá e compensar no preço” do que fazer uma fiscalização eficiente e coibir o uso equivocado da meia entrada. Para que isso mude, é preciso muitas coisas. Não adianta só padronizar a meia-entrada e achar que o problema está resolvido. Ela precisa ser de cobrança eficaz nas entradas dos shows e festivais e, por consequência, a existência da meia precisa se refletir nos preços.
A soma de todos esses fatores fazem a gente pagar o valor de inteira como se fosse meia-entrada e o valor de inteira acaba se tornando algo estratosférico e fora da realidade do brasileiro. O pior disso tudo – para quem quer um preço justo – é que os ingressos continuam vendendo, os shows vão esgotando e os festivais ficam lotados. No fim, a gente não sabe se o brasileiro realmente “desistiu” de brigar por isso ou se tem muita gente imprimindo dinheiro em casa para financiar os ingressos de shows.
Quer ver mais destaques de 2018 para o Audiograma? Dê uma olhada nas demais listas presentes em nosso #LISTÃO2018 através de nosso site.