A espera foi longa para os fãs do Franz Ferdinand. Eram quatro anos desde a última visita dos escoceses ao país e, nesse meio tempo, a banda lidou com mudança de formação, uma parceria com o Sparks – que rendeu o álbum FFS – e lançou o seu quinto trabalho de estúdio, Always Ascending, em fevereiro deste ano.
Em um Tom Brasil lotado, a banda tratou de matar a saudade do público da melhor forma possível, mesclando hits da carreira com faixas do novo álbum. Com a sua energia costumeira, Alex Kapranos é um show a parte e mostra que a banda continua muito bem em sua nova fase.
Na abertura, duas canções do novo álbum, começando pela que dá nome ao registro e seguida pela interessante “Lazy Boy”. Ambas mostram o quanto Dino Bardot e Julian Corrie estão integrados a banda e, mesmo que Nick McCarthy ainda deixe saudades, a qualidade apresentada em estúdio também pode ser vista ao vivo, não devendo em nada para a formação original da banda, que conta também com Bob Hardy e Paul Thomson.
A prova disso veio com a trinca “The Dark of the Matinée”, “No You Girls” e “Walk Away”, faixas mais antigas e bem conhecidas do público e que foram responsáveis pelos primeiros momentos de explosão na casa. Desse ponto em diante era só curtir o que o quinteto tinha a nos oferecer, como na energética “Do You Want To”, responsável por um dos grandes momentos da noite.
Totalmente a vontade no palco, Alex Kapranos ainda se deu ao luxo de atender o pedido especial de uma fã. Foi quando veio aquela que, provavelmente, era a música mais inesperada da noite: “Outsiders”, faixa que encerra o segundo trabalho do Franz Ferdinand, You Could Have It So Much Better.
Outro momento interessante ocorreu antes de “Michael”, quando Alex resolveu falar sobre a canção. “Esta música é sobre dois belos homens dançando juntos. Se alguém tem algum problema com isso, também tem algum problema conosco…”, dizia o músico antes de ser interrompido pelo grupo com muitos gritos de apoio vindo do público seguidos de protestos contra Jair Bolsonaro.
Ainda que, na hora, Kapranos tenha dito que não estava falando de alguém em especial, o músico se posicionou dias depois através do Twitter através do #EleNão.
Eu costumava acreditar que músicos deveriam ficar fora da política, mas isso foi antes dessa era da demagogia.
Não é mais possível permanecer neutro.
Amo o Brasil e não posso ignorar o que está acontecendo. Sim, eu posso irritar alguns fãs, mas tenho que dizer:#EleNão https://t.co/TOHs6rCRfr
— alex kapranos (@alkapranos) October 16, 2018
O Tom Brasil estava ganho desde a primeira música, mas ainda faltavam a sempre boa “Darts Of Pleasure”, o hit “Take Me Out” e “Ulysses” para fechar a primeira parte do show. No bis, “Finally”, “Jacqueline”, “Love Illumination” e a derradeira “The Fire”, que durou quase dez minutos com direito a interação com o público que, incentivado por Kapranos, se agachou para pular no refrão.
Mesmo com diversas visitas, essa foi a minha primeira experiência vendo a banda ao vivo e, por mais que eu tenha sentido aquela pontinha de inveja de quem viu os caras em sua formação original, não tenho nada para reclamar do que o Franz Ferdinand 2.0 faz no palco. É um show empolgante, dançante e tão divertido que você simplesmente não sente o tempo passar.