Flea nunca escondeu que teve uma relação bem próxima com as drogas ao longo de sua vida mas, provavelmente, essa foi a forma mais sincera e direta com a qual ele abordou o tema.
Em um editorial escrito para a sessão Opioid Diaries, da Time Magazine, o baixista do Red Hot Chili Peppers revelou detalhes do período em que usava drogas e contou inclusive que esteve perto de várias substâncias desde criança.
“Estive por perto do abuso de substâncias desde que nasci”, revelou. “Todos os adultos em minha vida se entorpeciam regularmente para amenizar seus problemas e álcool e drogas estavam por toda parte, sempre. Comecei a fumar maconha quando tinha onze anos e depois passei a cheirar, fumar, injetar e engolir durante toda minha adolescência e no início dos meus vinte anos”, completou o músico.
Segundo Flea, além da parte da diversão, as drogas serviam também como forma de controlar a sua ansiedade. Ao longo do texto, o baixista fala sobre a sua relação próxima da morte por conta das drogas, revelando que perdeu três amigos por conta do abuso de substâncias em 1993 e que, inclusive, esteve perto de se juntar a eles.
Atualmente com 55 anos, Flea afirma que o momento de virar a chave na sua vida veio quando descobriu que ia ser pai de Clara Balzary, nascida em 88.
Flea também revela um outro lado vivido quando fraturou o braço, há poucos anos. De acordo com ele, o uso de Oxicodona o deixou assustado por conta dos efeitos. “Há alguns anos eu quebrei meu braço e precisei de uma grande cirurgia. Meu médico me fez um trabalho perfeito e graças a ele ainda posso tocar baixo com todo meu coração. Mas ele também me receitou oxicodona por dois meses. No frasco dizia que eu deveria tomar quatro comprimidos por dia. Fiquei super chapado quando tomei aquelas coisas”, revelou. “Elas não só reprimiram minha dor física, mas também todas minhas emoções. Só tomei uma por dia, mas eu não estava presente para meus filhos, minha criatividade entrou em declínio e eu fiquei depressivo. Parei de tomá-las depois de um mês, mas poderia facilmente conseguir um ‘refil’”, completou.
Com o alerta, Flea cobrou um maior monitoramento na prescrição de remédios. “Pessoas perfeitamente sãs se tornam viciadas nessas medicações e morrem. Advogados, encanadores, filósofos, celebridades – o vício não se importa com quem você é”, diz. “O vício é uma doença cruel e a comunidade médica, junto ao governo, deveria oferecer ajuda a todos que precisam dela. A vida é dura. O mundo é assustador e é muito mais fácil usar drogas do que vivenciar sua dor, ansiedade, injustiças e decepções. Mas, começando com gratidão pelos momentos difíceis e valorizando as lições das dificuldades, temos a oportunidade de nos elevar e sermos indivíduos mais saudáveis e felizes, que vivem acima da forte tentação do vício”, finalizou.
Vale lembrar que Flea e os demais companheiros estão a caminho do Brasil, já que o Red Hot Chili Peppers é um dos headliners do Lollapalooza Brasil. A banda se apresenta no dia 23 de março em Interlagos e você fica sabendo de tudo sobre o festival em nosso especial.