É hora de falar daquela listinha da qual nenhum artista ou pessoa envolvida com a cena musical gostaria de fazer parte. Em um ano recheado de coisas boas, alguns pontos causaram decepção no público ao longo de 2017.
Mesclando opiniões de senso comum com questões puramente pessoais e subjetivas, a equipe do Audiograma separou uma lista com as oito maiores decepções musicais de 2017. Talvez tenha um pouco de imparcialidade. Talvez tenha uma leve pitada de sonhos frustrados ou decepções com trabalhos de quem se esperava muito no ano.
A única certeza é de que a gente não queria colocar cada um desses itens aqui, mas nem tudo é perfeito, não é mesmo?
# Britney e os dez anos de Blackout… sem comemorações
Ao longo do ano, lembramos do Blackout por aqui e, lá no fundo, a gente esperava que a Britney Spears também se lembrasse dos dez anos do disco com alguma versão comemorativa, uma faixa perdida por aí, demos ou até mesmo um showzinho especial em Las Vegas. No entanto, nada disso aconteceu e a gente vai se contentar só com as homenagens dos fãs e os vários textos que pipocaram por aí sobre o disco, um dos melhores de sua carreira.
# Os lançamentos de Otto, Taylor, Foo Fighters…
Quem nunca criou expectativa por um álbum muito aguardado, não é mesmo? 2017 foi o ano em que muitos artistas resolveram voltar ao trabalho e, por tudo que já se conhecia dos álbuns anteriores, era até natural que a expectativa fosse alta. No entanto, algumas delas não corresponderam.
A nossa listinha de melhores do ano certamente não contará com o Ottomatopeia, do grande OTTO; com o Concrete And Gold, do Foo Fighters; nem com o Everything Now, do Arcade Fire, por exemplo. Outros que também ficarão de fora são o Reputation, da Taylor Swift, e o American Dream, do LCD Soundsystem.
E isso nem é porque achamos os álbuns ruins, de fato. É que se gerou uma expectativa tão grande em torno dos trabalhos que o resultado final acabou sendo aquém do esperado. Por mais que a gente continue gostando dos artistas (cada um dos citados tem pelo menos um grande fã dentro do Audiograma), só isso não basta, não é mesmo?
# Os cancelamentos de Skynyrd, Idol, Gaga…
Muita gente veio ao Brasil em 2017, mas alguns nomes acabaram deixando os fãs sem shows após ingressos comprados e expectativa criada. Enquanto muitos tiveram motivos mais do que justos, casos de Lynyrd Skynyrd, do Charles Bradley (que acabou falecendo semanas após ao cancelamento) ou da Lady Gaga, outros cancelamentos acabaram sem muitas informações ou acabaram evidenciando uma falta de planejamento prévio do artista antes de se confirmar a data, né Bridgit Mendler? Nessa lista ainda entra o Billy Idol…
# As indicações ao Grammy
A lista de indicados ao próximo Grammy Awards saiu e, bom, a gente ainda tenta entender o que se passa na cabeça da Recording Academy. Obviamente, não sabemos se todos os álbuns interessantes lançados entre o período eletivo foram submetidos a avaliação e indicação – já sabemos de artistas que não enviaram trabalhos, caso do Drake e o seu More Life, mas a lista parece cumprir o seu objetivo de ser controversa e, muitas vezes, não condizer com o momento da música.
Nós adoramos a Alessia Cara e é bem legal ver ela sendo lembrada pela premiação, mas artista revelação? A Alessia não é mais uma revelação. Todo mundo ouviu “Here” em 2015 ou “Scars to Your Beautiful” no ano passado, por exemplo. E não é só nessa categoria que acontece um “desencontro”. Sem se esforçar muito, dá pra lembrar de trabalhos que não são tão irregulares como o 24K Magic do Bruno Mars e que mereceriam concorrer ao prêmio de Álbum do Ano.
A impressão que fica é a de que o Grammy vive “correndo atrás” do mundo. É quase como se fosse um reconhecimento tardio ao que acontece na música. E olha que a gente nem entrou no mérito dos diversos trabalhos femininos que ficaram de fora ou não foram lembrados nas grandes categorias, hein?
# Normani sem carreira solo
Essa é para a fã-base do Fifth Harmony: depois de muito barraco e uma integrante a menos, todo mundo da girlband já conta com projetos paralelos. Quer dizer, quase todo mundo, né Normani Kordei? 2017 tá chegando ao fim e a sucessora de Beyoncé acredita que ainda não é hora de lançar nada sozinha. Triste.
# A rota dos grandes shows no Brasil
A gente já sabe, compreende e nem discute o fato de que São Paulo é a grande cidade brasileira no quesito shows. Até por isso, é natural que artistas visitem o país e se apresentem apenas na cidade. No entanto, diversos fatores contribuem para que várias turnês consideradas grandes tenham se limitado ao eixo SP/SUL em 2017.
Bandas como o Coldplay e o U2 (essa mais por desejo deles do que por outro motivo) acabaram excluindo cidades com público em potencial. Isso sem falar em regiões como o nordeste que, quase sempre, se vê fora das turnês dos artistas ainda que conte com público e locais capazes de receber determinadas turnês.
# Os lineups dos grandes festivais no Brasil
Curadoria de festival é uma coisa que sempre vai dar treta. Sempre falta aquele seu artista amado, sempre vai ter alguém que você não gosta ou o conjunto da obra não vai valer o valor cobrado – algo que falaremos daqui a pouco. No entanto, alguns pontos merecem ser destacados.
Ver ano após anos o Rock in Rio deixar de fora grandes nomes do novo rock Brasil é algo complicado. Ainda que a Scalene e o Ego Kill Talent tenham batido ponto no festival esse ano, ver nomes como Vivendo do Ócio, Supercombo ou Far From Alaska não serem lembrados ainda incomoda quem vai ao festival pela boa música.
Se por um lado o Lollapalooza abre espaço para o mercado nacional, acreditamos que esse espaço poderia ser ainda maior com a criação de um novo palco dedicado a música nacional. Pelo menos seria mais fácil cumprir a promessa feita (e esquecida no churrasco semanas depois) dos cem artistas na próxima edição, né?
Em comum, os dois festivais prezam pelos “nomes certos”, aqueles que levarão público ao evento mesmo se se apresentaram nas últimas edições ou tenham pisado em um dos palcos em metade das suas edições. Se por um lado as figurinhas carimbadas agradam o público, por outro acabam por ocupar espaço que poderia ser de um artista em ascensão que certamente traria algo novo para o festival.
# Os valores malucos dos ingressos
A vida do público brasileiro já foi mais fácil na hora de comprar ingressos, não é mesmo? Antes, além de não se ter diversos artistas batendo ponto por aqui ao mesmo tempo, a gente não precisava lidar com ingressos cuja meia entrada beira meio salário mínimo em alguns casos.
E aqui entram diversos pontos: os custos de turnê, o fato de que produtoras não são projetos de caridade e precisam obter lucro, as taxas abusivas de (in)conveniência cobrada pela tiqueteiras e até a questão de que a conferência da meia-entrada é ineficaz no Brasil, principalmente em grandes eventos. No entanto, nada disso justifica 20% ou mais de taxas em cima de um ingresso, cobrança para se imprimir ingresso em casa ou valores onde, na prática, não existe meia entrada.
Por vários motivos, lidamos hoje com dois tipos de ingresso: a entrada convencional, chamada por muitos de meia-entrada, e a entrada duplicada, que seria o valor dos ingressos de inteira atualmente. E isso não parece perto de mudar em 2018, mesmo com alguns shows lidando com vendas fracas em 2017. E para que isso mude, é preciso muitas coisas. Não adianta só padronizar a meia-entrada e achar que o problema está resolvido. Ela precisa ser de cobrança eficaz nas entradas dos shows e festivais e, por consequência, a existência da meia precisa se refletir nos preços. Caso contrário, é só uma burocracia para levar uma taxa anual dos estudantes e não darem a eles nenhum benefício real. Ou tem alguém que acha aceitável um estudante pagar R$1000 por três dias de um festival?
Enquanto isso, continuamos no dilema: compramos um ingresso ou uma casa própria?
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