A noite da última sexta-feira (20) foi especial para os fãs de John Mayer que estão na capital mineira. Era a primeira vez do músico norte-americano em Belo Horizonte e a recepção do público a turnê de seu mais recente álbum, The Search For Everything, foi marcante.
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Para um público de cerca de 14 mil pessoas, Mayer subiu ao palco por volta de 21:10 dando início ao primeiro dos quatro capítulos de sua história. Acompanhado de sua banda, o músico arrancou os primeiros suspiros dos presentes da Esplanada do Mineirão logo na abertura, com “Belief”.
No entanto, o primeiro momento de forte emoção do show foi com “Love On The Weekend”, primeiro single de seu sétimo álbum de estúdio. Cantada com empolgação pelo público, a canção deu uma amostra do que viria pela frente nas quase duas horas de apresentação.
Com um palco sem grandes atrativos visuais, o foco do show acaba ficando nos músicos e no que é feito por cada um deles naquele espaço. O telão serviu de complemento para a apresentação de Mayer, que ambientou o palco de acordo com o sentimento de cada uma das músicas. Imagens de cidades iluminadas, florestas e praias, além de registros ao vivo ou fotos dos músicos acompanhavam a vibração de cada canção entoada, auxiliando o público na percepção do que que John previu com suas obras.
Em seu segundo capítulo, Mayer deu ao público um set acústico composto por três músicas: “Xo”, “Your Body Is A Wanderland” e “Stop This Train”. Foi o primeiro momento em que os celulares foram empunhados à exaustão, já que as três músicas carregam uma carga emotiva forte para os presentes e precisavam ser registradas para guardar consigo ou então publicar nas redes sociais.
Aquela era a segunda vez que via o John Mayer ao vivo – a outra foi em São Paulo, em 2013 – e, com o fim do segundo capítulo, comecei a sentir falta de algumas músicas. Com setlists variados ao longo da turnê, era natural que uma ou outra ficasse de fora em determinados shows mas, pensando especialmente no set acústico, músicas como “Daughters” e, principalmente, “Free Fallin’” caberiam na apresentação.
Após um vídeo de introdução, era hora daquela que prometia – pelo menos pra mim – ser a melhor parte do show: o capítulo três, levado por todo o groove do John Mayer Trio. Ainda que façam parte da banda completa, ver Mayer dividindo o palco com os excelentes Steve Jordan (bateria) e Pino Palladino (baixo) era um desejo pessoal desde a primeira vez que ouvi o álbum TRY!, há mais de dez anos. Ter a chance de ver “Wait Until Tomorrow”, “Vultures” e “Good Love Is On The Way” nesse formato matou um pouquinho da minha curiosidade em torno do trio e, claro, me faz pedir de todo coração que o músico considere uma turnê ou um álbum inteiro nesse formato.
Novamente com a banda completa, era hora do quarto capítulo da saga de John Mayer em BH. Com “In The Blood”, o norte-americano dava início ao trecho final do show e entregou ao público momentos emocionantes com músicas como “Slow Dancing In A Burning Room” e “Why Georgia”, cantadas de forma intensa pelo público. Após um breve intervalo, a banda voltou ao palco com “Moving On And Getting Over” e a tão aguardada “Gravity”, com direito a participação do público iluminando a Esplanada do Mineirão com os seus celulares e proporcionando um belo espetáculo.
Como bem lembrou a Júlia da Matta, mesmo com um setlist composto de diversas músicas importantes de toda sua carreira e mescladas com material do novo álbum, John deixou de lado muitas que eram esperadas pelo público, principalmente se pensar que muitos ali viam o músico pela primeira vez. Músicas de grande sucesso, como “Neon”, “Heartbreak Warfare” e as já lembradas “Daughters” e “Free Fallin’” foram surpreendentemente esquecidas do setlist.
Apesar disso, quem esperava por um show de Mayer na capital mineira por muito tempo recebeu algo com muita energia e carisma, não apenas de John, mas de toda sua banda. Cada um teve a chance de, finalmente, cantar muitas das melhores músicas e até a frase que casava perfeitamente com o momento: “It’s a Friday, we finally made it…”. Quem viu pela primeira vez provavelmente deixou a Esplanada do Mineirão satisfeito com tudo o que aconteceu. Aqueles que repetiam a dose talvez esperassem um pouco mais e, quando digo isso, não quero afirmar que o show foi ruim ou que tenha comprometido a experiência. A qualidade do apresentação, a ideia dos capítulos remetendo a nova forma de consumo de música via streaming e o amor visível de John pelo público brasileiro não podem ser questionadas. Mayer entrega um excelente show, que é pensado no que o grande público dele gosta. É que quando se é fã e está vendo novamente, você acaba esperando – ou querendo – um pouco mais.
Quem sabe na próxima visita não temos um show só do John Mayer Trio com direito a músicas como “Out Of My Mind”, “Who Did You Think I Was” e “Come When I Call” ou então uma apresentação especial com o Heavier Things sendo tocado na íntegra, não é mesmo?