Após sete dias de muita música, chegou ao fim a sétima edição do Rock In Rio em terras brasileiras.
Realizado entre os dias 15 e 24 de setembro, o evento contou com nomes importantes da história da música, como Aerosmith, The Who, Tears For Fears, Pet Shop Boys, Guns N’ Roses, Bon Jovi e Red Hot Chili Peppers, que teve a missão de encerrar a festa no Palco Mundo. Além deles, o festival abriu espaço para novos nomes da música como Shawn Mendes e 5 Seconds Of Summer, que se juntaram aos grandes nomes nacionais como Skank, Capital Inicial e Ivete Sangalo para entregar um festival marcado pela mistura sonora.
Muitos de nós aqui do Audiograma passamos pela Cidade do Rock ao longo do festival (teve gente que até subiu no palco) e, a partir disso, listamos as nossas impressões sobre o que foi o Rock In Rio.
Estrutura
Com todo o impacto visual, o Rock In Rio nos entrega muito mais do que a força que a marca possui no país.
Com entradas nada tumultuadas, filas organizadas e algumas ações de ativação ainda fora da última barreira de revista para entrar, a experiência do que seria entregue foi sendo realizada em pequenos detalhes. Apesar de tudo, precisamos falar de um problema com a segurança, já que os profissionais nem sequer encostavam em todas as pessoas que passavam pela última barreira.
Dentro da Cidade do Rock, o espaço foi muito bem distribuído. A circulação entre os palcos e stands das marcas se dava de forma fácil e fluída. A grama, que foi rapidamente preenchida pelo público como ambiente para tomar uma cerveja, era um dos melhores lugares enquanto dia.
Além dos shows, o ponto alto do Rock In Rio é a sempre polêmica experiência. Neste ano, o festival ofereceu uma gama de atrações bem interessantes, como o Digital Stage, além da Rock Street, Rock District, dos brinquedos e da Gourmet Square. O palco alternativo de Street Dance contou com apresentações de altíssima qualidade de grupos de dança de estilos variados. Exploraram principalmente músicas dos principais artistas do dia do festival, que ajudou no engajamento e interesse do público a se deslocar até este espaço.
A participação do público na Game XP surpreendeu. Uma prévia da Comic Con Experience foi criada no festival e chamava atenção de todos que passavam por perto. Por lá, passaram grandes estúdios com instalações interativas, uma área rica de artistas, cartunistas, quadrinistas e desenhistas, área de exibição e execução de jogos e diversos estandes lojistas. Para os fãs nerds do Rock in Rio, era um ótimo espaço tanto para se divertir quanto para fugir do sol.
No entanto, quem foi em apenas um dia de Rock In Rio e conseguiu passar por todos esses espaços e ainda ver os shows pode solicitar a sua medalha de honra, pois a tarefa era bem difícil. Se você levar em conta que os shows no Palco Sunset começavam as 15h e se encerravam na tenda eletrônica por volta das 4 da manhã, encontrar tempo em um único dia para ver seus shows preferidos, andar por toda a Cidade do Rock, lidar com o cansaço e o calor parecia algo bem complicado.
Se você desejava encarar a tirolesa ou algum dos outros brinquedos, a situação piorava ainda mais já que você precisava dedicar um tempo para ficar na fila e tentar marcar um horário para curtir o brinquedo. Um passo atrás com relação a 2015, quando o agendamento de brinquedos era feito através de um aplicativo e não de forma presencial.
Transporte
Ainda que a gente tenha diversos relatos de problemas com o sistema de transporte, sobretudo com alguns “gargalos” criados pela estrutura física das estações ou até mesmo pelo horário de funcionamento das linhas especiais de ônibus, o processo de chegada e saída do Rock In Rio foi, no geral, satisfatório.
Como bem lembraram o fotógrafo Vinicius Prado e a redatora Júlia da Matta, que estiveram na Cidade do Rock, o sistema foi aprovado por sua eficiência. “Era possível deslocar de forma ágil, de modo confortável e eficaz”, comentou Vinicius. “A organização do festival planejou muito bem a logística que, além de contar com uma grande segurança durante o trajeto, funcionou tanto na ida quanto na volta, mesmo com muitas pessoas utilizando no mesmo horário”, completou Júlia.
Shows
Nem tudo são flores e os palcos do Rock In Rio lidaram com diversos tipos de shows. No Palco Mundo, os grandes destaques acabaram sendo as passagens do The Who, Alicia Keys, Justin Timberlake, Aerosmith, Bon Jovi e Red Hot Chili Peppers, que entregaram shows competentes e que prenderam o público em seus respectivos dias.
A lista de nomes que encararam problemas também foi grande: nomes como Fergie, The Offspring e Maria Rita foram alguns dos que sofreram com questões envolvendo o som do festival. Falhas de microfones, volume baixo e outros fatores não colaboraram com parte das atrações, deixando o público um pouco frustrado.
Por outro lado, o Palco Sunset segue sendo um dos grandes destaques do festival: as apresentações de Nile Rodgers & Chic, Miguel (com Emicida), CeeLo Green (com Iza) e os encontros nacionais entre Rael e Elza Soares, Johnny Hooker com Liniker e Almério ou a homenagem ao João Donato resultaram em momentos especiais para o festival. Apesar disso, a expectativa em torno do encontro entre Ney Matogrosso e Nação Zumbi acabou não se cumprindo, com a apresentação recebendo um misto de elogios e críticas.
Abaixo, a nossa equipe falou um pouco sobre os shows que assistiram na Cidade do Rock:
- Dia 15, por Vinicius Prado:
O show surpresa do Pabllo Vittar atraiu grande parte do público, que frustrado sofria pelo cancelamento importuno da cantora Lady Gaga no primeiro dia de festival. Surpresa eu diria até para a equipe de palco, que entregou nos primeiros minutos de som a pior acústica que presenciei em cinco anos de grandes festivais. O público correspondeu positivamente pela atração ao invés de satisfação.
Com o preenchimento do céu com fogos de artifícios comuns em toda abertura do palco mundo, Gisele subiu ao palco e animou o público com um discurso encantador seguindo da presença de Ivete Sangalo. Sem Lady Gaga, a atração principal da noite se tornou a Ivete Sangalo pelo público destinado para aquele dia. Com um show animado, músicas clássicas e clichês, a cantora soube subir o espírito carioca e dar o toque brasileiro inicial para aquela edição.
Seguidos por apresentação icônica do Pet Shop Boys, e um público não muito participativo durante a apresentação do 5 Seconds Of Summer, a noite terminou com o show do Maroon 5. Não muito diferente da turnê de seu álbum V, a banda adicionou as duas novas faixas “Cold” e “Don’t Wanna Know” a setlist e não se preocupou em alterar nada durante toda a sua performance desde o ano passado no Brasil.
- Dia 16, por Mari Duarte:
No dia 16, Shawn Mendes era sem dúvida uma das atrações mais esperadas e não podia ser por menos. O rapaz esbanja simpatia e talento!
Shawn nos trouxe seus maiores hits e uma energia que foi retribuída de forma gigantesca pelo público presente. “Treat You Better”, “Stitches” e “There’s Nothing Holdin’ Me Back” levaram o Rock in Rio ao delírio e o menino Shawn fez bonito ao vivo. “Never Be Alone” transformou a Cidade do Rock em um maravilhoso ‘céu estrelado’, iluminada pelas milhares de celulares acessos.
Não adianta ser um artista, se não trouxer emoção não é mesmo? O Brasil recebeu Shawn Mendes de braços abertos e ele não decepcionou!
- Dia 17, por Yuri Curvelo:
Nesta edição do festival, Alicia Keys focou em mostrar o seu talento como excelente cantora e pianista excepcional. Na edição de 2013, a performance foi mais voltada para algo ‘diva do pop’, com dançarinos, troca de figurinos e até uma certa coreografia.
Apesar de ter começado o show de forma morna, sem apresentar a maravilhosa “The Gospel”, como de costume para esta última turnê que apresenta, os hits empolgaram a plateia, além de um protesto à favor da Amazônia, protagonizado pela líder indígena Sônia Guajajara. Os artistas brasileiros Pretinho da Serrinha e Dream Team do Passinho foram a cereja do bolo no show da cantora.
Em sua última apresentação no festival, em 2013, Justin Timberlake não se preocupou em interagir muito com os fãs. Desta vez, dominou o palco e reafirmou seu talento musical que casou perfeitamente com os incríveis músicos da Tennessee Kids. Justin cantou ao vivo, dançou, se emocionou/chorou, autografou uma bandeira brasileira e ainda tirou selfie com fãs que estavam na grade.
À pedidos, cantou a capella “TKO” e enlouqueceu o público com o último single, “Can’t Stop The Feeling”. E aí, Medina. Tem mais em 2019? Queremos sim.
- Dia 21, por Yuri Curvelo e Júlia da Matta:
“Eita, que saudade do Disk MTV”. Era o que se ouvia a todo momento durante o show do Fall Out Boy. Apresentando os clássicos “Dance Dance”, “This Ain’t A Scene, It’s An Arms Race”, “I Don’t Care” e “Thnks fr th Mmrs”, os caras também mostraram uma prévia do que vem no álbum M A N I A, como as faixas “Champion” e “The Last Of The Real Ones”.
Foi um momento de nostalgia e, para muitos, a primeira chance de ver o baixista Pete Wentz, queridinho dos fãs, se apresentar ao lado de Patrick Stump, Joe Trohman e Andy Hurley.
Quem pensou que não iria se divertir no show do Def Leppard por não ser mainstream, se enganou feio. A banda fez um esquenta memorável que antecipou a apresentação do Aerosmith e, com som impecável, levantou as 100 mil pessoas que estavam na Cidade do Rock.
O vocalista Joe Elliott demonstrou entusiasmo ao retornar a um palco brasileiro após 20 anos (“antes tarde do que nunca”, disse ao longo da apresentação) e levou muitos fãs mais novos da banda – que já haviam perdido as esperanças de uma apresentação por aqui – ao choro.
Não teve quem não arriscasse a cantar o refrão de “Pour Some Sugar On Me” ou, para a geração mais nova e que também curte música pop, não arriscasse “Bringin’ on the heartbreak”, que foi regravada por Mariah Carey em 2003.
Era por volta de meia noite e meia quando a lenda Aerosmith subiu no palco, levando as quase 100 mil pessoas presentes na Cidade do Rock a um grande estado de animação misturado com nostalgia.
Com uma setlist composta pelos maiores sucessos da banda, o frontman Steven Tyler dominava o palco junto de seus companheiros, graças a sua grande presença. As músicas mais conhecidas pelo público eram entoadas em coro, que com a junção de fatores, emocionou muitos ali presentes.
Pontos positivos do festival para o Audiograma:
- Metrô funcionando 24h e o sistema BRT facilitaram o acesso ao festival.
- A nova Cidade do Rock com mais espaço e melhor circulação.
- Novas opções de entretenimento para o público, como a Game XP e o Digital Stage.
- Pabllo Vittar marcando presença em pocket show e, depois, como convidada de Fergie.
- Palco Sunset mais uma vez entregando bons momentos para o festival.
- Bebedouros espalhados em maior quantidade pela nova Cidade do Rock.
Pontos negativos do festival para o Audiograma:
- A proximidade dos palcos Sunset e Mundo ainda prejudica um pouco em momentos de grande fluxo de público.
- Os problemas de som que atrapalharam diversos shows do festival.
- A polêmica em torno da não escalação de Anitta no lineup.
- Como em todo evento, o Rock In Rio também registrou uma onda de furtos. Só no domingo, antes do show de Alicia Keys, várias pessoas tiveram os seus celulares levados.
- A falha na montanha-russa que deixou uma das atrações sem funcionar no dia 21.
- Explorar a Cidade do Rock em apenas um dia era algo complicado e o Rock In Rio poderia resolver isso abrindo os portões mais cedo.
Rock In Rio em números:
- Mais de 360 mil pessoas passaram pelas arenas da Game XP durante todo o evento.
- Um total de 136.426 pessoas passaram por atrações como a famosa tirolesa da Heineken (7.806 pessoas), o mega drop da Doritos (31.501 pessoas), a montanha russa da Ipiranga (40.095 pessoas) e pela roda gigante do Itaú (57.024 pessoas).
- Mais de um milhão de copos de chopp Heineken foram consumidos.
- O Habib’s registrou mais de 200 mil esfihas vendidas e um consumo de 39 mil potes de sorvetes. Além disso, 27 mil cachorros quentes (Geneal), 50 mil cones de batata frita, 54 mil pacotes de Doritos, 35 mil unidades de Cup Noddles e 60 mil pizzas foram vendidas nos sete dias de festival.
- As lojas oficiais do Rock in Rio venderam mais de 35 mil camisas, 28 mil pins, 17 mil chaveiros, 12 mil bonés e seis mil cangas, em suas lojas espalhadas pela Cidade, enquanto a Chilli Beans comercializou 2.100 pares óculos.
- Cerca de 20 mil pessoas foram empregadas de forma direta pelo festival.
- Ao todo foram mais de 98 horas de música ao longo de sete dias e mais de 500 atrações espalhadas pelos 300 mil m2 na parte privada do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca.
- De acordo com a FGV, o impacto econômico do Rock in Rio para a cidade do Rio de Janeiro está estimado em 1,4 bilhão de reais e o festival atraiu mais de 400 mil turistas.
Curtiu o nosso resumão? Pois a próxima edição do festival já está garantida e teremos mais um Rock In Rio no Parque Olímpico, em 2019. Antes, o festival visita a cidade de Lisboa no ano que vem. “O Rock In Rio é a certeza de que podemos e conseguimos resgatar a felicidade e a autoestima do brasileiro. Não vamos abrir mão da sua raiz e de onde demos vida a todos os nossos sonhos”, afirmou a vice-presidente do Rock In Rio, Roberta Medina.
Agora é só esperar e se preparar para a oitava edição nacional do Rock In Rio. Enquanto 2019 não chega, relembre momentos do festival em nossa galeria de fotos:
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Fotos da galeria: Wallace Mendonça / Estácio